Conversa ao pé do fogo.
Interpretação e aplicação do Livro da Jângal.
Nunca fui um estudioso da Mística
da Jângal. Fui Chefe de Alcateia por dois anos, mas tinha um defeito, era muito
voltado ao sistema de patrulhas e queria que os lobos fossem assim também. Levava
a Alcateia para acampar, cozinhar, viver aventuras que sempre dizia ser a
procura de Mowgly na Selva. Meus lobos eram bons de Morse, semáforas e duas matilhas
em uma atividade construíram um Ninho de Águia. Mal feito é claro, mas construíram.
Nas jornadas pelas florestas encontrávamos o Shery Kaan o Balu, a Bagheera e
tantos outros com jogos camuflados que eu criava. Desisti. Adorava os lobos,
pois fui um deles e quando senti que não estava no caminho certo procurei os
novos cursos que apareciam na época. Eu me matriculava e me decepcionava. Não
era o que pensava. Melhor dar vez a quem gosta e tem na alma o coração de um
lobinho mais moderno. Soube que em cada década modificaram um pouco o passado
do que pensava ser um lobismo perfeito. Parece que as estrelas no Boné que
indicava lobo segunda e primeira estrela foram extintos. Hoje existe cuidados
extremos no trato com as alcateias. Já vi lobos em reuniões a cantar, desenhar
cortar papeis e fiquei pensando o que os segurava ali. Na escola e em casa
faziam isto e ir para uma reunião para fazer o mesmo? Quem sabe foi os jogos
que os seguraram por algum tempo na Alcateia. Vi outras Alcatéias em atividade e
gostei do que vi, nestas pelo menos a chefia interpretava bem o Livro da Jângal.
Não posso criticar. Não sou um expert como era nos meus tempos de lobo.
Quando comecei minha saga de
diretor de curso, os chefes de lobos se assustavam comigo. Achei melhor me
cercar do que melhor tinha na liderança nestas andanças pela Jângal. Dou
risadas pelos comentários que recebi dos Famosos DCIMs da época, quando uma vez
fui a uma cidade bem longe da capital para dar um CAB Escoteiro e lá vi mais de
oitenta chefes reunidos querendo participar. Não disseram a eles que seria um
curso para chefes de tropa. Lá estavam chefes de lobos e seniores. Como sou um
idiota escoteiro completo, na hora fiz três cursos simultâneos. Não ia
decepcionar aqueles que sonhavam em aprender e aplicar em seus grupos os
conhecimentos de seu ramo. Um de Chefe Escoteiro,
um de Lobos e um de Seniores. Estava comigo só dois assistentes. Falei com eles
- Riram e me disseram por que não? Corria por todo lado como um louco. Eu tinha
na pasta o manual do curso e não me apertei com o programa. Cinco chefes que
foram só para ver o inicio eu os lacei. Agora serão meus assistentes. Saia-me
bem na Tropa Escoteira e na sênior. Na Alcateia sempre esquecendo. Ainda bem
que tinha uma assistente que conhecia mais que eu. Se naquela época eu tivesse
conhecimentos profundos da Interpretação do livro da Jângal teria sido muito
mais fácil. Claro que apareceram os críticos, eles existem para que? Para criticar
é claro. Afinal em cada década aparecem os Papas do escotismo para mudar. Eles
sabem o que é bom para nós. O “negocio” é obedecer. Sei que hoje a literatura e
muito do método da nova pedagogia para lobos mudaram um pouco.
Mas eu insisto que todos os chefes
de lobinhos tem a obrigação de ler se não cinco pelo menos dez vezes o Livro da
Jângal por ano. Eu me delicio com ela, amo de montão e tiro o chapéu para Rudyard
Kipling que além de ter escrito o Livro da Jângal é autor também de KIM e outros
clássicos infantis. Kipling é considerado um dos maiores escritores para
crianças, pois seus clássicos da literatura infantil dão mostra de um talento versátil
e brilhante. Portanto o Livro da Jângal é uma história formidável só comparada
ao Escotismo para Rapazes de BP livro de cabeceira e considero obrigatório e
que deve ser lido pelo menos vinte página por mês. Ano passado folheando a
internet me deparei com o Livro em PDF do Chefe Blair de Miranda Mendes. Tratava-se
da Interpretação do Livro da Jângal. Baixei na hora. Blair é um Velho Lobo
amigo lá das Minas Gerais, ativo e participante até hoje. DCIM e quem o
conheceu como eu lá pelos idos de 1968 teríamos juntos muitas histórias para
contar. Se hoje tivermos que escolher os dez mais entendidos em lobismo no Brasil
o Blair seguramente estará entre eles. Ele teve assistentes para escrever o
livro, mas é muito bom. Aconselho a todos da área do lobismo que o tenham em
seus arquivos e o leiam sempre. Vale a pena, pois para os novatos uma nova
visão do lobismo para as reuniões semanal. Se você não o têm me escreva – Elioso@terra.com.br e envio para você na
hora.
E como na Jângal de Mowgly eu desejo a todos
os chefes de Alcateia uma Boa Caçada e boas leituras e claro, nunca esquecendo
o que A velha Serpente disse quando Mowgly chorava para ir à cidade dos homens.
– Somos irmãos de sangue pele lisa, tu e eu!
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