Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Cançoes escoteiras. Frére Jacques.



Conversa ao pé do fogo
Frère Jacques e ipe-Aia.

¶ Ipi-Aia ipi ipi-aia, Ipi-Aia ipi ipi-aia 
¶ Ipi-Aia ipi ipi-aia Ipi-Aia ipi ipi-aia 


¶ Frère Jacques, Frère Jacques
Dormez-vous? Dormez-vous?
¶ Sonnez les matines, Sonnez les matines.
Ding, dang, dong. Ding, dang, dong.


                  ¶ Vem depressa correndo Escoteiro, ajudar o cozinheiro a fazer o jantar, supimpa! ¶ - Todos riram. – Você está desafinado me disse Calango, nosso intendente da patrulha. Estive visitando o grupo do Chefe Tornado – Lembram-se dele? – Pois é precisam os ver cantando – Faço ideia. Sabia que ele no passado foi um maestro? - Não sabia. Vocês sabem que ficamos muitos nas tradicionais são belas, são lindas e não vão morrer nunca na mente dos Escoteiros. Calango, lembra-se de Doutor Magalhaes? Ele olhou dentro de si, pensou e disse: Aquele que nos ensinou canções de outras nações? - Isto mesmo. Eu disse. - E ele tinha voz de um anjo. Cantava como uma cotovia. Nem conto para vocês à visita que ele fez a tropa. Fiquei sem jeito e não disse não quando se convidou. Como não dissesse nada, só pedi a ele que não ficasse cantando mais que dez minutos, a menina não gosta e dorme. Risos.

                         - Que nada! Foi um tremendo de um sucesso. A turma ficou vidrada nele e seu violão era de tirar o chapéu. Quando ensinou os Escoteiros a cantar o Frère Jacques nunca vi tanta empolgação. Um coro espetacular formado em poucos minutos. Uma patrulha começava e logo no segundo verso outra entrava e assim por diante. Cantavam baixo, sem gritar pareciam ter ensaiado por meses e meses! Eu não conhecia esta canção, ele me disse ser uma música tradicional francesa. Deu uma pausa com a escoteirada e sentado junto a eles em circulo, contou histórias de meninos cantores, como a canção faz parte da gente, como ela pode nos trazer a paz interior. Quando ele se foi todos os jovens correram até o portão e dando adeus gritavam: - Doutor Magalhaes! Volte sempre, aprendemos a gostar do senhor!

                            E não é que ele voltou? Conquistou a meninada. Agora cantar era gostoso, delicioso, mas ele fez mais, perguntou quem gostaria de aprender música. Todos levantaram a mão. Ele riu e disse: - Não dá para todos, mas escolho cinco e dois meses depois mais cinco, combinado? Notei que as reuniões tinham outro sabor. Nunca imaginei que cantar pudesse trazer as benesses para uma motivação por parte dos Escoteiros. Ali foi cantado o Stoldola, andar de trem, guin-gan-guli, Kumbaya e a Santa Catarina valeu. Doutor Magalhaes era bamba para cantar com meninos e dedilhava o violão como um mestre. Quando ele em coro cantou o Bufarali e El Hermano Gris fiquei estático. Nunca pensei que existiam estas canções e nunca vi algum tão maravilhoso. Olhe nossas reuniões se transformaram. Claro, as atividades aventureiras, os acampamentos e o adestramento nas reuniões nunca faltou.

                             As canções tem um lugar ao sol quando bem cantadas. Infelizmente muitas alcateias e tropas por desconhecerem os valores da canção interpretam de maneira equivocada. Já vi competições de quem canta mais alto, já vi competições de canções em jogos de corrida e quantas e quantas vezes uma voz desafinada alinha a meninada e canta? Não temos alguém com conhecimento para pelo menos uma vez por mês nos ajudar em canções? Você por acaso assistiu um Sarau em um Fogo de Conselho? Maravilhoso, grandioso. Principalmente se foi feito por quem entende. (Um sarau (do latim sera nus, através do galego serão) é um evento cultural ou musical realizado geralmente em casas particulares ou mesmo em eventos onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros e muitas outras coisas. Bastante comum neste século vem sendo redescoberto por seu caráter de inovação, descontração e satisfação).

                Cante, aprenda a cantar, tenho certeza que os Escoteiros e as Escoteiras irão gostar e os pequerruchos lobos da Alcatéia. Se não tiver um violeiro, se não tiver um saxofonista ou um gaiteiro, quem sabe um flautista, treine um ou convide alguém. Em um acampamento seja qual idade for, não pode faltar um instrumento musical. E o Frère Jacques? Nunca mais me saiu da memória. Mesmo sem instrumentação onde eu passava eu cantava em coro. E que coro! Não faça das horas de laser cantar por obrigação. Mas olhe não se esqueça das tradicionais, estas não podem ser esquecidas. Dizem ou melhor Victor Hugo dizia que devemos ser como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas.

Pus-me a cantar minha pena, com uma palavra tão doce,
De maneira tão serena, que até Deus pensou que fosse
felicidade - e não pena. Cecília Meireles.


Se deliciem com as letras e algumas até o som!

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