Conversa
ao pé do fogo
Frère
Jacques e ipe-Aia.
¶ Ipi-Aia ipi ipi-aia, Ipi-Aia ipi
ipi-aia
¶ Ipi-Aia ipi ipi-aia Ipi-Aia ipi
ipi-aia
¶ Frère Jacques, Frère Jacques
Dormez-vous? Dormez-vous?
¶ Sonnez les matines, Sonnez les matines.
Ding, dang, dong. Ding, dang, dong.
¶ Vem depressa correndo
Escoteiro, ajudar o cozinheiro a fazer o jantar, supimpa! ¶ - Todos riram. –
Você está desafinado me disse Calango, nosso intendente da patrulha. Estive
visitando o grupo do Chefe Tornado – Lembram-se dele? – Pois é precisam os ver
cantando – Faço ideia. Sabia que ele no passado foi um maestro? - Não sabia. Vocês
sabem que ficamos muitos nas tradicionais são belas, são lindas e não vão
morrer nunca na mente dos Escoteiros. Calango, lembra-se de Doutor Magalhaes?
Ele olhou dentro de si, pensou e disse: Aquele que nos ensinou canções de
outras nações? - Isto mesmo. Eu disse. - E ele tinha voz de um anjo. Cantava
como uma cotovia. Nem conto para vocês à visita que ele fez a tropa. Fiquei sem
jeito e não disse não quando se convidou. Como não dissesse nada, só pedi a ele
que não ficasse cantando mais que dez minutos, a menina não gosta e dorme.
Risos.
- Que nada! Foi um
tremendo de um sucesso. A turma ficou vidrada nele e seu violão era de tirar o
chapéu. Quando ensinou os Escoteiros a cantar o Frère Jacques nunca vi tanta
empolgação. Um coro espetacular formado em poucos minutos. Uma patrulha
começava e logo no segundo verso outra entrava e assim por diante. Cantavam baixo,
sem gritar pareciam ter ensaiado por meses e meses! Eu não conhecia esta
canção, ele me disse ser uma música tradicional francesa. Deu uma pausa com a
escoteirada e sentado junto a eles em circulo, contou histórias de meninos
cantores, como a canção faz parte da gente, como ela pode nos trazer a paz
interior. Quando ele se foi todos os jovens correram até o portão e dando adeus
gritavam: - Doutor Magalhaes! Volte sempre, aprendemos a gostar do senhor!
E não é que ele
voltou? Conquistou a meninada. Agora cantar era gostoso, delicioso, mas ele fez
mais, perguntou quem gostaria de aprender música. Todos levantaram a mão. Ele
riu e disse: - Não dá para todos, mas escolho cinco e dois meses depois mais
cinco, combinado? Notei que as reuniões tinham outro sabor. Nunca imaginei que
cantar pudesse trazer as benesses para uma motivação por parte dos Escoteiros.
Ali foi cantado o Stoldola, andar de trem, guin-gan-guli, Kumbaya e a Santa
Catarina valeu. Doutor Magalhaes era bamba para cantar com meninos e dedilhava
o violão como um mestre. Quando ele em coro cantou o Bufarali e El Hermano Gris
fiquei estático. Nunca pensei que existiam estas canções e nunca vi algum tão
maravilhoso. Olhe nossas reuniões se transformaram. Claro, as atividades
aventureiras, os acampamentos e o adestramento nas reuniões nunca faltou.
As canções tem um
lugar ao sol quando bem cantadas. Infelizmente muitas alcateias e tropas por
desconhecerem os valores da canção interpretam de maneira equivocada. Já vi
competições de quem canta mais alto, já vi competições de canções em jogos de
corrida e quantas e quantas vezes uma voz desafinada alinha a meninada e canta?
Não temos alguém com conhecimento para pelo menos uma vez por mês nos ajudar em
canções? Você por acaso assistiu um Sarau em um Fogo de Conselho? Maravilhoso,
grandioso. Principalmente se foi feito por quem entende. (Um sarau (do latim sera nus, através do galego serão) é um evento cultural ou
musical realizado geralmente em casas particulares ou mesmo em eventos onde as
pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um
sarau pode envolver dança, poesia, leitura
de livros e muitas outras
coisas. Bastante comum neste século vem sendo redescoberto por seu caráter de
inovação, descontração e satisfação).
Cante, aprenda a cantar, tenho
certeza que os Escoteiros e as Escoteiras irão gostar e os pequerruchos lobos
da Alcatéia. Se não tiver um violeiro, se não tiver um saxofonista ou um
gaiteiro, quem sabe um flautista, treine um ou convide alguém. Em um
acampamento seja qual idade for, não pode faltar um instrumento musical. E o
Frère Jacques? Nunca mais me saiu da memória. Mesmo sem instrumentação onde eu
passava eu cantava em coro. E que coro! Não faça das horas de laser cantar por
obrigação. Mas olhe não se esqueça das tradicionais, estas não podem ser
esquecidas. Dizem ou melhor Victor Hugo dizia que devemos ser como os pássaros que, ao pousarem um instante
sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem
asas.
Pus-me a
cantar minha pena, com uma palavra tão doce,
De maneira tão serena, que até Deus pensou que fosse
felicidade - e não pena. Cecília
Meireles.
Se deliciem com as letras e algumas até
o som!
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