Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Um Fogo de Conselho
perdido em uma noite de luar...
Visitando rosas em meu
jardim florido que habita em minha imaginação, entreti-me com a formosura do
luar que jorrava suas ondas de prata apaixonadas sobre as pétalas formosas. Um
poeta um dia versou sobre a beleza das rosas: - Segue o teu destino... Rega as tuas plantas; Ama as tuas rosas. O resto é à sombra de árvores
alheias. Não sei como me vi perdido no luar a sonhar que a primavera
havia mandado seu convite para mim. Dizia que seria o mais belo fogo do
Conselho que ela e seu luar iriam acordar naquela clareira adormecida. Senti um
frenesi, suspirei um suspiro de amor, havia no mundo algum mais lindo que ver
um Fogo de Conselho em uma clareira ao luar? Voltava no tempo. Olhava as chamas,
os rostos dos jovens vermelhos, olhos fixos naquela fogueira que chorava seus
suspiros por fagulhas que se perdiam no espaço e no tempo.
Quem não ama um Fogo de
Conselho? Coisa bonita vestida de chita pronto para agradar seus pupilos com um
calor fagueiro queimando leve a face pra a gente nunca mais esquecer. Labareda gostosa,
visão cor de rosa que nos faz sorrir. Hora de cantar brincar e sonhar nestas noites
de lua e céu estrelado. Ah! Fogueiras. Quem não sentiu o vibrar do clarão no
céu? Olhos esbugalhados olhando para dentro dela, querendo descobrir muito mais
além daquelas chamas que se espalham com o vento, jorrando fagulhas tão faceiras
que nossos olhos percorrem os lados e traslados para ver aonde até onde elas
vão. Nunca entendi por que a fogueira atrai. Fecho os olhos e penso que tudo
vai começar. O véu da noite esconde tudo de todos. E eis que todos juntos, uma
patrulha ou uma Alcatéia, um sustentáculo de Baden-Powell surge naquele lumiar
do céu, não dá para saber quantos ao mesmo tempo estão como nós esperando o
momento. O momento sublime que um trisco, um fulgor, um lampejo, um brilho
colorido vai surgir, a escuridão seja solicitada a se retirar.
Nos meus sonhos de
criança sinto o calor do fogo, é bom demais, é sublime, é fantástico. A
luminosidade que brilha transforma faces, pensamentos, saudades, futuros que
agora nem pensamos. Só aquele clarão se faz presente no raiar da escuridão que
de susto desapareceu junto ao vento que chegou e partiu. A gente é atraído por
aquela chama, quer ver a brasa, a flama. Uma língua de fogo escorre no tempo e
no ar. Labareda que nos faz sonhar. Não é o mesmo na lareira, um fogacho
escondido, perdido que o fogaréu se foi quem sabe na janela que se abriu. Ali
não, ali vive a fogueira, a tocha, o facho e o archote uma lumieira um fogaréu!
Sei que em pouco tempo todos vão acordar, não estavam dormindo, estavam
sorrindo a esperar... Será um fogo, um conselho, uma aventura, um ato de amor.
Será o aquecimento do corpo, irá cozer alimentos, afastar os amigos selvagens
que escondidos atrás de árvores estavam ali a espiar...
Quem disse que o vento
carrega levemente a poeira, que sopra pela janela e balança a roseira? Quem faz
e diz ser mais bela que a chama de uma fogueira? Não sei e nem quero saber. Sei
que o fogo molha a alma de guerreiros, aqueles que sonham com mundos coloridos
e muitas cores no ar. São românticos e sonhadores. Eu você e todos nós estamos
ali juntos ao fogo amigo, muitos amores irão surgir. Em volta um clarão que vai
atingir as estrelas no céu. Eu sinto meu coração bater, o crepitar da fogueira
me fazer renascer, não é tempo esgotado nem chuva no molhado. É força
Escoteira, alegre faceira que o Fogo de Conselho vai trazer ramalhetes de
flores espalhados no céu. São flores amarelas, vermelhas singelas. Quem sabe
vai também trazer a boa nova, a mudança dos tempos, um ato de amor e de
felicidade, que a bondade de Deus colocou-nos para nos, fazendo escotismo, gostoso,
aprazível, delicioso. Agradável noite de amor fraterno.
Ah! Saudades que passam que
ficam. Suspiro apaixonado por um fogo qualquer. Ah! Amigos fraternos, amigos
eternos que sorriem naquela noite maravilhosa que em só um momento trouxe
canções, vozes a entoar emoções, gorjeios em noites perdidas no céu e no mar.
São canções lindas, frases sinceras, amor de primavera. Linhas inexistentes,
fronteiras abertas demarcações riscadas. Nada impede celebrar ou enaltecer o
fraternal companheiro. Um parceiro, um amigo, um colega um camarada meu mano. É
ali naquele fogo, tão primoroso iremos guardar saudades eternas, um dia vamos
sentir falta, lembrar-se do passado, trazer na memória coisas antigas, pensar
em tê-las de volta. Mas o fogo, o trinar do canto da fogueira, um olhar tão
amigo, um certo sorriso e dizer: Adeus fogo, adeus...
Que os ventos do norte, do sul
e do leste, que os ventos do oeste um dia deixem voltar às fagulhas daquela
fogueira, aquela ternura do passado, quem sabe fazer delas o presente e uma
esperança do futuro. Com as mãos entrelaçadas, ao redor do calor, sorrir
cantando que não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus. Manter
a esperança que tudo vai voltar e que aquelas saudades eternas serão para cada
um de nós o caminho que vai nos levar a paz!
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