Conversa
ao pé do fogo.
É
de pequenino que se torce o pepino.
Abro este meu artigo
usando as palavras de Eduardo de Almeida Faria. Ele escreveu o que eu sempre
quis escrever. Vejamos: Vocês já devem ter ouvido esta frase: - é de pequenino
que se torce o pepino. Pois é desde pequeno, que se deve ter o cuidado com a
educação, lento processo de aprendizagem, para o desenvolvimento harmônico do
ser humano nos seus aspectos intelectual, moral e físico e a sua inserção na
sociedade. É ponto pacífico que a educação deve ser cultivada desde o berço,
pois é desde pequeno que se molda o caráter. Não é na universidade que se
aprende a ser educado. Ali, poder-se-á aprender muita coisa de ciência,
conhecimentos que enriquecem o intelecto, mas não se aprende a ser bom e nem
educado e, muitas vezes, pela acirrada competitividade as pessoas aprendem
também a ser egoístas, a serem más.
Se uma pessoa não teve uma boa educação em casa, dificilmente ela poderá ser uma pessoa do bem, um ser humano íntegro. É no lar, numa família de bons princípios, bem estruturada, que começa o longo aprendizado para a vida. Aprender a se respeitar, para saber respeitar ao outro, saber onde acabam os seus direitos e começam os direitos dos outros. Para lá da ética e da moral e, não há verdadeira religião sem ética e sem moral, também a religião, e isso não quer dizer qualquer religião, amor e respeito às coisas de Deus deve fazer parte de uma boa educação. Isto não implica que toda a pessoa não crente, não tenha ética ou moral, e não seja pessoa boa, pois até há pessoas ateias, e agnósticas que dão lições de honradez e solidariedade humana a muitos que se dizem religiosos. Mas, também podemos dizer que são casos raros, infelizmente.
O Brasil está a passar por uma séria crise de valores, impressionante, quase estarrecedora. Ficamos perplexos ao tomar conhecimento no dia-a-dia, pelo noticiário da imprensa falada e escrita, como a corrupção que garça nos altos escalões do governo, no executivo e no legislativo, aqueles que deviam ter conduta irrepreensível. Seguindo seu exemplo e mais próximo de nós, os celerados, nas nossas cidades, ao ponto de sermos prisioneiros em nossas próprias casas, tal é o descalabro a que chegamos. São assassinatos, roubos, desamor e desrespeito a crianças e a pessoas idosas. E, não venham com desculpas simplistas, que a grande causa de todas estas mazelas é a pobreza, embora isso tenha seu peso, todos sabemos. Mas a verdadeira pobreza, a maior, é outra, a miséria moral em que chegou nossa nação. As pessoas honestas que trabalham muitas delas, apenas pela sobrevivência, não roubam e muito menos matam, porque será?
Perfeito para mim estas observações.
O escotismo tem tudo para ser um modelo, ou melhor, um complemento de formação.
Não tem características de substituir a família, a religião e a formação
escolar. Não podemos esquecer que somos uma força de auxílio, de complemento à
formação individual do jovem ou da jovem, nada mais que isto. Como simples
chefes escoteiros nem todos nós temos as qualidades básicas de um professor, de
um religioso e nem somos pai ou mãe para substituir a educação que compete a
eles fornecer aos seus filhos. Temos que no manter no método que B-P nos deixou
e só ele já é uma fonte inesgotável para dar outra conotação no crescimento e
fortalecimento espiritual no jovem. Para nós é fácil colocá-lo na trilha do
aprendizado que só a lei, a promessa o dever morar de deixar que ele faça para
aprender até fazer o certo.
Todos nós somos providos
do direito ao livre arbítrio. Não podemos tirar isto do jovem. No entanto a
vida em patrulha, liderando e ser liderado, viver em grupo, aprender a fazer
seu rumo e mudar se preciso são princípios que precisa nossa ajuda de ter alguém
experiente para lhe mostrar o verdadeiro caminho para o sucesso. Se temos uma
lei esta não é para dividir e somar, é para ser seguida dentro das
possibilidades de cada um. Nunca devemos ser exigentes e taxativos. Fazer o
melhor possível vem sempre em primeiro lugar. Não nos compete dizer que a
religiosidade não precisa ser seguida e compreendida conforme aprendemos.
Direitos e deveres sempre fizeram parte da formação do individuo. Livre
arbítrio sim, mas a senda escolhida deve ser observada com rigor. Ainda sou um
Velho Escoteiro cujos padrões de moralidade são arraigados na força do
respeito, da honra e da palavra empenhada.
Estamos vivendo uma
época de liberdade tal que me assusta. Muitos a citar que o mundo mudou e que
precisamos nos manter nos padrões da modernidade. Os direitos de uns muitas
vezes não tem retorno para que os outros também possam ter os seus. Para mim Deus
não tem abertura para ser esquecido. Só posso abrir mão se a própria família
pensar assim e então devo respeitar a escolha do filho ou a filha. O Escoteiro
como já dizia BP, é puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas
ações. Só isto vale por todos os mandamentos da Lei de Deus. Ainda não me
acostumei com aqueles jovens que se dizem ateu. Uma escolha pessoal ou
familiar. Se adulto até entendo melhor. De vez em quando penso que se fosse
ateu pensaria também assim. Como não sou fico feliz em saber que posso dizer –
Deus! Ajude-me meu Deus! Eu preciso de você! Obrigado meu Deus!
Ainda bem que nas entrelinhas
da minha escolha espiritual eu sei, ou melhor, acredito que isto é uma
passagem. Outros tempos virão. Faz parte do nosso crescimento. Ainda bem que
não estarei aqui para ver tantas mudanças que espero tenham valido a pena
principalmente no escotismo. Foram tantas que acredito os novos escotistas não
irão se preocupar com mais uma ou duas que possam surgir. Irão aceitar tudo
conforme aceitaram até hoje. Já pensou? Não ter mais na promessa a palavra
prometo, honra, Deus, pátria, obedecer à lei do Escoteiro. Isto se tonará uma
escolha pessoal? Como seria esta nova promessa? Prefiro não pensar e deixo para
os jovens iniciantes na senda escoteira a se preocuparem e quando chegar na
minha idade ver até onde deu certo. Afinal não são os resultados que
interessam? Enquanto isto vou aproveitar para um descanso em um belo cajueiro
com uma sombra gostosa para tirar um belo cochilo e sonhar.
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