Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

domingo, 15 de novembro de 2015

É possível viver em harmonia como irmãos?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
É possível viver em harmonia como irmãos?

Diversos países têm duas ou mais Associações Escoteiras funcionando irmãmente. Pelo que ouço falar e pelo que leio elas vivem em harmonia dentro dos princípios do respeito, da Lei Escoteira que dizem sermos amigos de todos e irmão dos demais. Portugal é o exemplo mais notório. Há um respeito mutuo e ninguém quer ser maior que ninguém. As atividades nacionais são compartilhadas. Nenhuma delas se intitula proprietária, dona ou possuidora dos direitos do nome escotismo. A União dos Escoteiros do Brasil não admite outra associação no país. Tudo fez para que elas desistissem, seja através de alguns politicamente corretos que disseminaram por suas localidades que estas associações devem ser vista como desagregador do escotismo. Alegam que a UEB tem leis tem direitos inquestionáveis. Afirmam ainda que elas não têm respaldo internacional. E para culminar moveram uma série de processos contra elas e além de várias unidades Escoteiras e seus os adeptos que com todo direito resolveram fazer escotismo fora das asas da UEB. Direito absoluto e incontestável.

Todas elas foram criadas dentro do espirito e método que nosso fundador estabeleceu. A Associação Escoteira Baden-Powell, (AEBP), a Federação dos Escoteiros Tradicionais (FET), a Liga dos Escoteiros tradicionais (LET) a Organização dos escoteiros Florestais (OEF), e podemos considerar também a Associação dos Escoteiros Independentes (OEI) que não tenho certeza se ainda existe lutam por um lugar ao sol. Não vamos esquecer os Desbravadores e as Bandeirantes do Brasil. A UEB não admite nenhuma destas associações. Julga-se proprietária de tudo que diz respeito ao escotismo. Abriu de norte a sul do país processos judiciais para a maioria delas. Pelo que sei e pelas informações que recebo a UEB não tem tido sucesso em seu intento. Tem sido derrotada em todas as instancias até agora. O gasto muito com tais processos pagos pela UEB ainda não foram abertos aos seus associados. O pior é que sabemos no final muitos irão pedir ressarcimento e quem sabe indenizações pelas acusações indevidas. Vejamos o que diz a UEB em seu site oficial:

- A União dos Escoteiros do Brasil, nos últimos anos, tem enfrentado grande proliferação de associações que, de forma clandestina (?) afirmam-se praticantes do escotismo. Com tal conduta, em claro desrespeito à legislação brasileira, (juízes de diversas instâncias negaram tal afirmação) fazem uso de expressões típicas tradicionalmente utilizadas pela UEB. Tratam-se de marcas com registro no órgão brasileiro oficial, responsável pelo depósito e registro de marcas - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual - INPI. Incluem-se nessas marcas as palavras e expressões: escoteiro, escotismo, escotista, scout, sênior, guia, pioneiro, lobinho e jamboree nacional escoteiro, entre outras. (juízes que julgaram as ações não aceitaram estas alegações). A Direção Nacional tem clara sua responsabilidade em coibir o uso indevido da expressão “escoteiro” por aqueles que, fora da instituição regular e legalmente autorizada a sua prática no Brasil (?), põem em risco nossa história e respeitabilidade.

Vejam bem, a UEB se diz proprietária do nome Escoteiro e de muitos outros que sempre foram utilizados por B-P quando iniciou o escotismo no mundo. Afinal todas as associações Escoteiras mundiais adotaram tais nomes e a UEB no Brasil se diz a proprietária de tudo. Sei que até agora vários juízes em diversas instâncias negaram a ela este direito. Diz a UEB que fez o registro no INPI, Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. É certo tal procedimento? Quem lhe deu aval ou autorização para tanto? Ora se eu não quero participar da UEB, mas amo o escotismo e tenho uma promessa de anos não tenho mais nenhum direito? Ela diz que este procedimento põe em risco a nossa história e respeitabilidade. Verdade mesmo? Não seria ela a UEB quem está pondo em risco nossa lei tão apregoada onde diz que somos amigos de todos e irmão dos demais escoteiros? Ou será que Escoteiro é só os que têm o registro atual nesta associação? Para mim ela sim é a culpada por tais atos que no meu modo de entender são puramente inverdades e autoritarismo.

Eu não conheço profundamente as outras associações Escoteiras existentes no Brasil. Salvo os Escoteiros Florestais onde tenho muitos amigos com quem mantenho contato. Se procurarem nos sites destas associações verá que se preocupam em fazer o escotismo e pouco atacar a quem dela se desfaz. Dizer que elas têm direitos é questionável. Como diz um famoso comediante existem controvérsias. Outro dia li de um Chefe Escoteiro que vendo a impossibilidade de registro de muitos grupos, no Rally de lobinhos participaram vários que não estavam em dia com a UEB. O responsável jurídico mostrou seu saber dizendo o que eles os lobinhos nunca poderiam ter participado. Quem conhece as entranhas da UEB e suas diretrizes distorcem em normas absurdas e leis que ela própria fez para se declarar como a única verdadeira a praticar o escotismo no Brasil.

Agora mesmo estou vendo um cartaz feito por uma região escoteira da UEB que diz: - Ser Escoteiro é ter: - Honra Integridade, Lealdade, Presteza, Amizade, Cortesia, Respeito e responsabilidade. Será que tudo isto é somente palavras para os seus associados? Onde está nossa honra? Nossa palavra? E onde está nossa promessa? “Não me esqueço da frase de Caio Júlio Cesar que através dos tempos viu sua frase ser repetida tantas vezes que ninguém mais esqueceu: - Á mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”. Em um mundo que supervaloriza a imagem e as aparências - embora com certa hipocrisia pregue que “o ser” é mais importante que “o parecer” – facilmente se explica porque a frase ganhou popularidade. Oxalá aqueles que a empreguem no futuro saiba, ao menos, que estão valorizando as aparências em detrimento da verdade.


Admiro todas estas organizações pela sua tenacidade em não desistir. Não pertenço a nenhuma delas, mas tenho um sonho, um sonho igual ao de Martin Luther King e tento ao meu modo Escoteiro interpretar suas palavras: - Podemos nos unir trabalhar juntos, cada um decidindo seu próprio destino. Com fé poderemos fazer um belo escotismo, podemos rezar juntos, acampar juntos, lutar juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que um dia haveremos de ser Escoteiros irmãos. Esse será o dia quando todos os filhos de Deus irão gritar Aleluia, e darão um abraço escoteiro que irá durar para sempre. Neste dia iremos aprender a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, e seremos irmãos de sangue para sempre... Tu e eu! Eu sei que tem alguma coisa que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas. Temos de aprender a viver em paz com nossos irmãos escoteiros ou morreremos odiando a quem devíamos amar. Não é com violência e prepotência em destruir pessoas que iremos atingir nossos objetivos. Aproximar-nos e sermos mais amigos e irmãos seria sim um objetivo real nos nossos princípios escoteiros.

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