Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Garbo,
elegância e boa aparência. Isto ainda existe entre nós?
Quando jovem Escoteiro meu
Chefe dizia para mim: - Vado Escoteiro, garbo significa elegância, distinção, graça, boa aparência, bom porte, galhardia. Ser
garboso é ser esbelto, bem apessoado, ter porte vistoso, elegante, é se vestir
bem, é ser impecável. E isto faz de nós orgulhosos de sermos escoteiros. Não
sei por que, mas isto ficou na minha mente para sempre. Aprendi que um uniforme
representa uma organização mundial, se não desse exemplo o que pensariam os
outros? Outro dia vi aqui um comentário de uma Vovó escoteira. Ela dizia: Chefe, como já
relatei anteriormente sou somente avó de lobinho, mas o que tenho notado é que
parece haver um certo desleixo, nem todos usam uniformes somente o lenço, cada
um se veste como quer, na época em que minha filha participava do escotismo era
diferente. Havia muita disciplina, todos uniformizados impecáveis, não entendo
essa mudança. Pois através do uniforme distinguia-se que eram escotistas. Houve
realmente essa mudança? O que dizer para ela?
Eu sei que nos dias de hoje
muitos que se tornaram escoteiros pensam diferente. Existe uma gama de adultos
que acham que garbo é sinônimo de militarismo. E dai se for? Eu sei que não é.
Eu sei que muitas organizações não militares primam em se apresentar bem para
que sejam bem vistos e isto trás orgulho aos participantes. Eis que a UEB
adotou a vestimenta. Não sou contra apesar de ser um caqueano de coração. Porque
esta cisma com o militar? Afinal quantos deles foram escoteiros quantos deles
ainda participam do movimento e quantas coisas boas estão fazendo na formação
dos seus jovens? Porque criaram tantos tipos de vestimenta? Em que lugar do
mundo isto existe? Tem os politicamente corretos que defendem. Dizem: Somos um
país tropical de extensão enorme. Cada estado tem o direito de escolher.
Verdade? Para mim não. Isto não passa de uma desculpa desconexa sem pé e sem
cabeça. Para mim a UEB quando adotou a vestimenta com estas possibilidades
deixou aberta uma janela que julgo ser a maior confusão e desordem na
apresentação escoteira de todos os tempos. Sem entrar no mérito vejam o que B.P
disse:
“A farda escoteira, pela sua uniformidade,
constitui agora num laço de fraternidade entre os rapazes do mundo inteiro”. O
uso correto do uniforme e a elegância na aparência de cada Escoteiro,
individualmente, tornam-no um motivo de crédito para o nosso Movimento. Mostra
que está orgulhoso de si mesmo e da sua tropa. Pôr outro lado um escoteiro
desleixado, mas vestido, pode causar aos olhos do público, uma péssima
impressão sobre todo o movimento. Mostrem-me um desses tipos e lhes afianço que
provarei que ele é um daqueles que não conseguiu pegar o verdadeiro Espírito
Escoteiro e não se orgulha de ser membro da nossa Grande “Fraternidade”. B.P.
Porque simplesmente
não adotaram a manga curta e comprida? A calça curta e comprida? Quem disse que
a liberdade de escolha nos daria maior apresentação do escotismo junto à
sociedade brasileira? Quantos me disseram que com a vestimenta muitos jovens
que não gostavam do caqui iriam correr para serem escoteiros? – Sem desdizer
tenho várias testemunhas duas delas que nem sabiam que eu e Celia éramos Escoteiros
– Minha vizinha comentou com a Celia minha Esposa – Dona Celia, fiquei
horrorizada com o desfile de hoje. Os escoteiros andavam, alguns conversavam o
uniforme não entendi bem, todos diferentes. Olhe que já vi antes escoteiros
desfilando, com seus uniformes garbosos, educados, respeitosos no lugar onde
estavam. E quantos mais pensaram assim? Onde em que lugar do mundo está
acontecendo está torre de babel escoteira? Onde existem tantas escolhas para
cada um usar seu instinto democrático e de liberdade de vestir o que quiser? E
de quem é a culpa de tudo isto? Para mim da UEB que fez e desfez sem consultar
a ninguém, que determinou sem perguntar as razões e partiu célere para vender
sua nova aquisição na loja escoteira.
Sei que não tem volta
esta “bagunça” desculpe o termo. Agora é hora da ação dos chefes. Tentem pelo
menos se igualar na apresentação dos seus jovens. Se cada um na Tropa ou na
Alcatéia escolhe o que quiser teremos sempre esta apresentação que na opinião e
de boa parte da sociedade brasileira que já viu discorda e comenta
desastradamente a nova apresentação escoteira. É preciso ser mais realista,
mais firme no garbo de sua sessão. Temos uma reunião por semana e colocar o
lenço ou usar uma camiseta para um noviço ou pata tenra até que vá lá que
espera o dia de sua promessa. Mas sempre assim? Qual a explicação? Se na hora
que deviam estar devidamente uniformizados não estão para que serve ter um
uniforme ou vestimenta? A boa apresentação não tem lugar e hora, é um hábito de
comportamento. Não quero ser dono da verdade, mas quando jovem trabalhei para
ter o meu uniforme, trabalhei para ter meu chapéu. Nossa apresentação na época
era para nós ponto de honra.
Esta liberdade de
escolha não leva nosso movimento a ser reconhecido como educacional e
pedagógico. Nada disto. Qualquer educador, qualquer pedagogo ou mesmo aqueles
que poderiam nos dar atenção em nossas pretensões quando verem isto se
afastarão. Os comentários de quem não participa estão aí em todos os lugares,
só não vê quem não quer. Alguns poucos chefes estão dando mau exemplo. Usam
chapéus esquisitos que nada tem a ver com o que diz o POR. Usam camisa da
vestimenta e calça de outra cor. Usam lenço mal postado, enfim eu sei até que
muitos vestem seus uniformes ou vestimenta na sede. Tem vergonha? Então deviam
ter vergonha também de serem chamados escoteiros. Estou sendo rude? Paciência
tem limites. Nunca pensei que no fim da minha vida teria que ver estes absurdos
que para mim serão um atraso no nosso crescimento e reconhecimento no futuro.
Sei que minhas palavras
não serão bem recebidas por muitos. Peço desculpa, mas no fundo não sei se
deveria pedir. Mesmo com os novos tempos se os novos pensadores escoteiros
disserem que garbo é somente uma palavra que não conduz a nada, que nos trás
uma aparência militarista eu continuo a ser um Escoteiro daqueles a moda
antiga. Mesmo que digam que os tempos Badenianos já ficaram no passado eu ainda
luto pelo nosso reconhecimento nos meios educacionais brasileiros. Ainda sonho
em termos empresariais, educacionais e políticos ou quem sabe um Presidente da
Republica Escoteiro, daqueles que se orgulham do que foram que deram valor a
sua promessa escoteira. Bom mesmo seria acreditar que eles sabem o que é
palavra, o que é honra o que é dignidade. Bom mesmo seria saber que seu caráter
estava acima de qualquer suspeita. Melhor ainda que fossem transparentes nos
seus atos sabendo que valorizando o escotismo estarão valorizando a própria nação
brasileira!
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