Crônicas
de um Velho Chefe Escoteiro.
Antigos
Escoteiros ainda sonham.
Escotismo! É meu amigo,
ele tem uma força que dobra o mais valente com seu método, com sua filosofia,
com sua promessa, com o sabor de aventura, onde se pode ir onde jamais se sonhou.
Quem não se encantou um dia ao cantar o Rataplã em uma jornada gostosa e feliz?
Quem não sorriu um dia ao ver o espetáculo do amanhecer em uma barraca na orla
de uma floresta? E quem não se recorda da fumaça do fogão a lenha, o cheiro delicioso
de uma refeição, os olhos vidrados na panela mágica, se coloca um galho aqui, outro
ali, ver o aguadeiro correndo com seu saco d’água levando para o cozinheiro
para ele terminar aquele manjar dos deuses? Escotismo marca. É como o ferro em
brasa que escreve em nossos corações um amor difícil de explicar. Para mim um
caminho de alegrias e felicidades.
Escotismo! O que você tem
meu amigo? Que força é essa que nos atrai? Que nos hipnotiza e nos faz correr
atrás de sua filosofia de peito aberto em busca de aventuras? A cada dia se vai
descobrindo este caminho para o sucesso, fincando raízes que nunca nos
abandonarão. Rimos das coisas simples do dia a dia, como lavar uma panela lá no
riacho. Têm cena mais linda? Quando você fez isto? E no bambuzal procurando
aquele que ria servir para suas construções mateiras? – Era como se o bambu
falasse: - Serei seu banco, sua cama, serei o que você quiser, pois aqui vai
ser sua casa seu lar. E como você amou tudo aquilo. Falar que você viu o nascer
e o por do sol não vale. Falar que você contou as estrelas no céu muitos já
disseram. Mas dizem que a primeira vez que você sentiu o corpo tremer e que a
primeira vez nunca se esquece isto vale. Todos nós sempre tivemos nossa
primeira vez. Dormir em uma barraca apertando com tantos outros amigos que
brincam que contam histórias, piadas e acordar de madrugada sem o cobertor,
pois lá não tem a mamãe para olhar você.
Não tem como explicar acordar
e ver o sol entrando na barraca. Sair, esfregar os olhos e todos a correr para
tantas aventuras que virão. Mas preste atenção em coisas simples, que um dia
vai fazer você recordar e pensar que agora elas se tornarão tão importantes em
sua vida como sua mente. Quando você lembrar quem sabe, terás um pouco de
nostalgia, de saudade, que às vezes machuca e então você quer voltar no tempo e
ir lá onde sempre esteve nos tempos de juventude. Um jogo, um abraço, um
Monitor alegre, amigos do peito na Patrulha que lhe dão orgulho e quando juntos
dão o grito tem uma coisa que fica mexendo com você. Você não sabe se ri se
chora se abraça todo mundo, mas não para por aí. E quando senta a moda índia em
volta de uma fogueira, já noite alta, e as chamas insistem em subir aos céus?
Elas vão iluminando as árvores, aquela coruja que olha a todos com surpresa, o
rosto de seus amigos, os olhos que brilham como se ali estivessem na fogueira
dos sonhos e então você pensa – Obrigado meu Deus! Demais isto! E as surpresas
não param. Logo cantam canções, brincam ao redor do fogo e aos poucos você
descobre que é a pessoa mais feliz do mundo!
E quando chega a hora de
apagar a fogueira, de voltar a sua barraca, de dar um belo sorriso quando for
dormir, eis que todos dão as mãos e entrelaçadas, ainda ao redor do calor do
fogo, dizendo que não irão se separar nunca, que não é mais que um até logo, um
adeus que não existe, pois é apenas um até breve e você quase chora. E todos
apertam mais e mais as mãos e dizem que um dia de novo irão se encontrar aqui
ou em outro fogo. Você quando ouve e canta que o senhor protege e abençoa a
todos, você não sabe mesmo se vai chorar. Chorar? E quem não chora? Ali não têm
valentes assim. Não dá para segurar. E seus olhos ficam marejados. Lagrimas
irão cair. Deixe cair. É bom. Ajuda a amar mais e mais este movimento incrível!
Eu olho através do por do
sol, muito além do arco íris e vejo distante alguns escoteiros ou escoteiras acampando.
Estão a viver a aventura de suas vidas. Uma aventura sem igual. Irão lembrar
que o amor entre eles será para sempre. Deixe que o vento sopre que venha o
vendaval, que venha a brisa fria do amanhecer. Que o orvalho caia e molhe a
barraca ou nossa manta se tivermos o céu como cobertor. Isto é nossa marca que
veio para ficar. Deixe que tudo aconteça normalmente. Olhe para o regato que
corre, veja uma folha perdida cair na correnteza; Ela vai seguir o seu destino
para o mar. Deixe o escotismo entrar em você. Aos poucos. Deixe seus olhos
passear nas campinas verdejante, nos peixes saltitantes no rio formoso. Deixe-se
levar pelas flores silvestres que desabrocham, abra os olhos e os ouvidos e
veja o beija flor com seu bailado de mestre a dançar em volta dos papagaios,
dos bem-te-vis, dos pardais coloridos. São tantas coisas belas que você vai
poder viver e guardar para sempre no seu coração.
Além
do por do sol, além do arco íris, existe um sonho. Real. Simplesmente
fantástico. Escoteiros e escoteiras lá estão vivendo uma vida de aventuras.
Isto é extraordinário. A montanha azul que lá está, é a casa deles. Vá você
também viver o que eles vivem. Vamos! Eles vão receber todos de braços abertos
com amor no coração. Pois sabem que além do por do sol, além do arco íris é ali
que eles encontraram a verdadeira felicidade! Vamos, coloque sua mochila,
desfralde sua bandeira e diga alerta para os que ficaram e grite alto: Avante!
Sempre Juntos! Em frente marche! Cante uma bela canção e vamos partir em busca
dos nossos sonhos. Rataplã do arrebol, escoteiros vede a luz! Rataplã olhai o
sol, de um Brasil que nos conduz!
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