Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Civismo, tradições, garbo e orgulho em ser brasileiro.


Conversa ao pé do fogo.
Civismo, tradições, garbo e orgulho em ser brasileiro.


                  O ano vai terminando. Mais alguns dias e estaremos em 2016. Quem diria que chegaríamos a tanto. Velho Escoteiro eu vivi um sonho quando tive a oportunidade de primeiramente no Orkut e depois no Facebook me convencer que os tempos são outros, mas o escotismo é o mesmo. Muitos dirigentes nacionais fizeram realizar tantas mudanças no escotismo que fiquei perdido em meio a este emaranhado de alterações de normas, de remodelação e todos dizendo que agora estamos vivendo novos tempos. Assustei. Chamaram-me de dinossauro, de arcaico e atrasado. Disseram que pessoas como eu querem atravancar o sucesso do novo escotismo. Eram tantas mudanças que fiquei pensando se eu não estava errado. Dos antigos programas de classe veio o novo programa e logo substituído, pois disseram que criaram um melhor. Nossas nomenclaturas foram alteradas. Tínhamos uma mística própria, diferente, que eu achava ser o segredo para sermos reconhecido como um movimento diferente e nada igualável. Acharam melhor mudar. Do Chefe do Grupo para o Diretor Técnico, dos Conselhos para Assembleias, dos comissários para presidentes de Adestradores agora eram agora formadores. Isto foi só o começo.

                  Será que eram válidas estas mudanças? Eu me perguntava, mas uma meia dúzia dizia que sim, seriamos mais fortes, mais reconhecidos. Por que se nossa característica única deixou de existir. Ficamos iguais a tantas organizações que existem por aí cujo simbolismo, místicas e vida própria nos tornamos iguais a elas. Eu sabia que precisaríamos nos adaptar aos novos tempos, mas não precisava tantas mudanças. E quem fez isto? Poucos que se diziam nossos lideres. Muito poucos. Eles nunca consultaram ninguém. Nunca perguntou a mim e a você se seria melhor assim. Tudo que fizeram foi feito a duas ou quatro mãos. Sempre alguém dizendo: - Mude! Agora vai ser melhor. Tudo prontinho, você não tinha direitos em dar sua opinião.  Vai ser assim e pronto. Notei que ao passar do tempo todo artigo ou historia que escrevia quando se referia ao escotismo do passado os leitores aumentavam. Quando distribui em PDF um livro que chamei de Místicas e símbolos escoteiros me assustei com tamanha procura. Foram milhares. Quando encontrei um pequeno livro sobre Cerimônias Escoteiras foi outro sucesso. Tudo que se referia ao escotismo místico, sobre nossa história, sobre nosso adestramento, acampamentos de Gilwell ou o próprio Sistema de Patrulhas a busca era grande.

                  Eu pensei comigo que ainda não tinha perdido as esperanças de alcançar os objetivos de ver que tudo pode mudar, mas sem perder sua característica. Nunca desisti. Mesmo diante de grandes dificuldades por meia dúzia de chefes que simpaticamente chamava de “politicamente corretos” eu sabia que os resultados não seriam alcançados. Não era o Caminho para o sucesso. Em cursos os novos “formadores” sempre tinham novidades para os alunos. Os poucos que sentiam ainda vibrar a chama escoteira do programa e método de B-P permaneciam calados. O advento da implantação da vestimenta foi o marco da minha luta que pensava ser inglória. Nenhum Escoteiro, nenhum Sênior, nenhum Pioneiro ou Chefe foi consultado. Afinal eram eles que iriam usar e deviam aceitar as mudanças. Fizeram 19 tipos. Um dirigente criou as normas de como usar. Não perguntou a ninguém. Na época tentaram explicar que houveram muitos que foram consultados. Que eu saiba ninguém se manifestou. Até hoje não sei de ninguém que em sã consciência escoteira dirá que sim.

                       Em alguns estados havia aqueles que abominavam marchas militares, formaturas que pudessem de alguma forma parecer que éramos soldadinhos do Brasil. Um vexame aos olhos do público ao ver os escoteiros andando e conversando entre si nas atividades nacionais. No último estive lá, os comentários da apresentação dos escoteiros foram desastrosos. Quando da implantação alguns poucos fizeram alarde. – Atenção! Muitos jovens não gostem do uniforme Escoteiro, agora com a vestimenta a procura será enorme! Foi? Onde está a fila? Tudo foi feito em nome de uma modernidade que válido sim, mas que sejam democráticos e não ditadores de normas como acontece. Qualquer um sabe que muitos jovens não se adaptam ao escotismo e não vai ser o uniforme que vai fazê-lo mudar. Os que gostam sempre irão vibrar com atividades extra sede, no campo, correndo pelas campinas sentindo o calor do sol e vibrando com noites de lua cheia em acampamentos. Alguns me contradizem, dizem que isto existe. Eu um Velho Escoteiro Primeira Classe com mais de 800 noites de acampamento, com liberdade de ir e vir sem alguém para me dizer aonde ir ou fazer não acredito no que ensinam em cursos. Poucos sim, ainda com a velha metodologia Badeniana.

                       Garbo? Meia dúzia sorri quando digo isto. Boa ordem? Outra meia dúzia critica. Se alguém põe um lenço no pescoço e se diz uniformizado batem palmas. Amarram a pontinha do lenço querendo ser atual com os novos tempos muitos aplaudem. Outro dia publiquei um artigo sobre o Bastão Escoteiro. Assustei-me com as curtidas e compartilhamento. Centenas e sempre com comentários saudosistas. Isto demonstrou para mim que a maioria têm saudades, que o escotismo não poderia ter mudado tanto. Muitos não sabem como era o passado e outros nem lembram que temos uma tradição. Ela foi esquecida pelos novos que aprenderam com os “çabios” formadores e dirigentes (nem todos). Não se fala mais o que éramos pelo menos para conhecer o escotismo de raiz que consideram arcaicos e que deve ser alterado para o bem geral da nação. Nosso efetivo Escoteiro se mantém estacionado. Se olharmos a população jovem brasileira ano a ano estamos diminuindo. Países sul americanos proporcionalmente são maiores que nós. Temos ainda chefes que aprenderam em cursos que acampar agora se tornou um complexo sistema burocrático que muitos desistem no meio do caminho. O Sistema de Patrulha base do escotismo de B-P quase não existe e quase não é comentado nos cursos escoteiros.

                         Não perdi a esperança. Busco dar informações seguras do escotismo que acredito. Eu sei que milhares de chefes permanecem fieis ao que B-P nos deixou. Eu sei que a esperança é o único bem comum a todos os homens. Esperança de ver um escotismo reconhecido e aplaudido pela sociedade brasileira. Esquecer nossos hinos, nossos heróis e até mesmo não saber cantar nosso hino Alerta se tornou uma realidade. Dizer que éramos soldadinhos e hoje a modernidade não permite isto seria uma falsa interpretação. Se for verdade me orgulho da minha pátria, dos que acreditam nela com uniforme militar ou não. Não bato palmas pela direção escoteira nacional. Não concordo com a maneira como somos dirigidos. Não tenho registro na UEB, mas acho importante que todos tenham. Ainda sonho com o escotismo de Baden-Powell, puro, sincero, fácil de assimilação para viver em plena natureza sem muitos senões da modernidade.


Não adianta manter os seus sonhos só na cabeça. Corra atrás, faça e nunca perca a esperança. Ainda acredito no escotismo de raiz sem metáforas e dando ao jovem os seus sonhos de aventuras e aprendendo a fazer fazendo. Isto só com o Escotismo verdadeiro de Baden-Powell.  Eu sei que não sou o dono da verdade. Sei que muitos nem me irão entender ou ler. Mas quando houver uma participação ou discussão onde todos tiverem o direito de voz e voto o escotismo poderá mudar. Até então ele está preso nas mãos de poucos. Quem sabe num futuro próximo acabe esta filosofia que o escotismo é só para ricos. Nós sabemos que não todos são iguais para participar e viver o bom escotismo de Baden-Powell.

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