Conversa ao pé do fogo.
Civismo, tradições, garbo e orgulho em ser
brasileiro.
O ano vai terminando. Mais
alguns dias e estaremos em 2016. Quem diria que chegaríamos a tanto. Velho Escoteiro
eu vivi um sonho quando tive a oportunidade de primeiramente no Orkut e depois
no Facebook me convencer que os tempos são outros, mas o escotismo é o mesmo.
Muitos dirigentes nacionais fizeram realizar tantas mudanças no escotismo que
fiquei perdido em meio a este emaranhado de alterações de normas, de remodelação
e todos dizendo que agora estamos vivendo novos tempos. Assustei. Chamaram-me
de dinossauro, de arcaico e atrasado. Disseram que pessoas como eu querem
atravancar o sucesso do novo escotismo. Eram tantas mudanças que fiquei
pensando se eu não estava errado. Dos antigos programas de classe veio o novo
programa e logo substituído, pois disseram que criaram um melhor. Nossas
nomenclaturas foram alteradas. Tínhamos uma mística própria, diferente, que eu
achava ser o segredo para sermos reconhecido como um movimento diferente e nada
igualável. Acharam melhor mudar. Do Chefe do Grupo para o Diretor Técnico, dos
Conselhos para Assembleias, dos comissários para presidentes de Adestradores
agora eram agora formadores. Isto foi só o começo.
Será que eram válidas estas
mudanças? Eu me perguntava, mas uma meia dúzia dizia que sim, seriamos mais
fortes, mais reconhecidos. Por que se nossa característica única deixou de
existir. Ficamos iguais a tantas organizações que existem por aí cujo
simbolismo, místicas e vida própria nos tornamos iguais a elas. Eu sabia que
precisaríamos nos adaptar aos novos tempos, mas não precisava tantas mudanças.
E quem fez isto? Poucos que se diziam nossos lideres. Muito poucos. Eles nunca
consultaram ninguém. Nunca perguntou a mim e a você se seria melhor assim. Tudo
que fizeram foi feito a duas ou quatro mãos. Sempre alguém dizendo: - Mude!
Agora vai ser melhor. Tudo prontinho, você não tinha direitos em dar sua
opinião. Vai ser assim e pronto. Notei
que ao passar do tempo todo artigo ou historia que escrevia quando se referia
ao escotismo do passado os leitores aumentavam. Quando distribui em PDF um
livro que chamei de Místicas e símbolos escoteiros me assustei com tamanha
procura. Foram milhares. Quando encontrei um pequeno livro sobre Cerimônias
Escoteiras foi outro sucesso. Tudo que se referia ao escotismo místico, sobre
nossa história, sobre nosso adestramento, acampamentos de Gilwell ou o próprio Sistema
de Patrulhas a busca era grande.
Eu pensei comigo que ainda
não tinha perdido as esperanças de alcançar os objetivos de ver que tudo pode
mudar, mas sem perder sua característica. Nunca desisti. Mesmo diante de
grandes dificuldades por meia dúzia de chefes que simpaticamente chamava de
“politicamente corretos” eu sabia que os resultados não seriam alcançados. Não
era o Caminho para o sucesso. Em cursos os novos “formadores” sempre tinham
novidades para os alunos. Os poucos que sentiam ainda vibrar a chama escoteira
do programa e método de B-P permaneciam calados. O advento da implantação da
vestimenta foi o marco da minha luta que pensava ser inglória. Nenhum
Escoteiro, nenhum Sênior, nenhum Pioneiro ou Chefe foi consultado. Afinal eram
eles que iriam usar e deviam aceitar as mudanças. Fizeram 19 tipos. Um
dirigente criou as normas de como usar. Não perguntou a ninguém. Na época tentaram
explicar que houveram muitos que foram consultados. Que eu saiba ninguém se
manifestou. Até hoje não sei de ninguém que em sã consciência escoteira dirá
que sim.
Em alguns estados havia
aqueles que abominavam marchas militares, formaturas que pudessem de alguma
forma parecer que éramos soldadinhos do Brasil. Um vexame aos olhos do público
ao ver os escoteiros andando e conversando entre si nas atividades nacionais.
No último estive lá, os comentários da apresentação dos escoteiros foram
desastrosos. Quando da implantação alguns poucos fizeram alarde. – Atenção!
Muitos jovens não gostem do uniforme Escoteiro, agora com a vestimenta a
procura será enorme! Foi? Onde está a fila? Tudo foi feito em nome de uma
modernidade que válido sim, mas que sejam democráticos e não ditadores de
normas como acontece. Qualquer um sabe que muitos jovens não se adaptam ao
escotismo e não vai ser o uniforme que vai fazê-lo mudar. Os que gostam sempre
irão vibrar com atividades extra sede, no campo, correndo pelas campinas
sentindo o calor do sol e vibrando com noites de lua cheia em acampamentos. Alguns
me contradizem, dizem que isto existe. Eu um Velho Escoteiro Primeira Classe
com mais de 800 noites de acampamento, com liberdade de ir e vir sem alguém
para me dizer aonde ir ou fazer não acredito no que ensinam em cursos. Poucos
sim, ainda com a velha metodologia Badeniana.
Garbo? Meia dúzia sorri
quando digo isto. Boa ordem? Outra meia dúzia critica. Se alguém põe um lenço
no pescoço e se diz uniformizado batem palmas. Amarram a pontinha do lenço
querendo ser atual com os novos tempos muitos aplaudem. Outro dia publiquei um
artigo sobre o Bastão Escoteiro. Assustei-me com as curtidas e
compartilhamento. Centenas e sempre com comentários saudosistas. Isto
demonstrou para mim que a maioria têm saudades, que o escotismo não poderia ter
mudado tanto. Muitos não sabem como era o passado e outros nem lembram que
temos uma tradição. Ela foi esquecida pelos novos que aprenderam com os
“çabios” formadores e dirigentes (nem todos). Não se fala mais o que éramos
pelo menos para conhecer o escotismo de raiz que consideram arcaicos e que deve
ser alterado para o bem geral da nação. Nosso efetivo Escoteiro se mantém
estacionado. Se olharmos a população jovem brasileira ano a ano estamos
diminuindo. Países sul americanos proporcionalmente são maiores que nós. Temos
ainda chefes que aprenderam em cursos que acampar agora se tornou um complexo
sistema burocrático que muitos desistem no meio do caminho. O Sistema de
Patrulha base do escotismo de B-P quase não existe e quase não é comentado nos
cursos escoteiros.
Não perdi a esperança. Busco dar
informações seguras do escotismo que acredito. Eu sei que milhares de chefes
permanecem fieis ao que B-P nos deixou. Eu sei que a esperança é o único bem
comum a todos os homens. Esperança de ver um escotismo reconhecido e aplaudido
pela sociedade brasileira. Esquecer nossos hinos, nossos heróis e até mesmo não
saber cantar nosso hino Alerta se tornou uma realidade. Dizer que éramos
soldadinhos e hoje a modernidade não permite isto seria uma falsa interpretação.
Se for verdade me orgulho da minha pátria, dos que acreditam nela com uniforme
militar ou não. Não bato palmas pela direção escoteira nacional. Não concordo
com a maneira como somos dirigidos. Não tenho registro na UEB, mas acho importante
que todos tenham. Ainda sonho com o escotismo de Baden-Powell, puro, sincero,
fácil de assimilação para viver em plena natureza sem muitos senões da
modernidade.
Não adianta manter os
seus sonhos só na cabeça. Corra atrás, faça e nunca perca a esperança. Ainda
acredito no escotismo de raiz sem metáforas e dando ao jovem os seus sonhos de
aventuras e aprendendo a fazer fazendo. Isto só com o Escotismo verdadeiro de
Baden-Powell. Eu sei que não sou o dono
da verdade. Sei que muitos nem me irão entender ou ler. Mas quando houver uma
participação ou discussão onde todos tiverem o direito de voz e voto o
escotismo poderá mudar. Até então ele está preso nas mãos de poucos. Quem sabe
num futuro próximo acabe esta filosofia que o escotismo é só para ricos. Nós
sabemos que não todos são iguais para participar e viver o bom escotismo de
Baden-Powell.
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