Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Conversa ao pé do fogo. Os jogos no Movimento Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Os jogos no Movimento Escoteiro.

                                 A importância atribuída aos jogos pelos Ingleses data de séculos. Inúmeros jogos, hoje difundidos em todos os países do mundo, são originários da Grã-Bretanha. Sempre fizerem parte integrante da vida do povo inglês. Deve-se a John Atracam, Escotista da Universidade de Edimburgo, o primeiro trabalho sobre o valor biológico do jogo e a Spencer, uma das contribuições mais valiosas sobre a posição do jogo no programa de educação física infantil. Para Spencer (1820-1903) a ginástica é um sistema de exercícios factícios. Embora sempre melhor que a ausência de exercício, jamais será um substituto de valor igual aos jogos.

                             Os jogos produzem uma excitação mental agradável e exercem uma influência altamente fortificante. A felicidade assim obtida é o melhor dos tônicos. Na Alemanha Guts Muths (1759-1839) realizou grande obra consagrando seu nome como “avô da educação física alemã”. O valor educativo dos jogos lhe mereceu atenção especial e uma das suas obras dedicada a realçar o valor dos jogos como exercício e recreação do corpo e do espírito é a primeira obra fundamental do gênero escrita por um Escotista de educação física.

                           Mas ninguém exerceu uma influência tão surpreendente, não só na Alemanha como em todo o mundo como Groos, psicólogo a quem se deve a elaboração de uma filosofia do jogo, exposta em suas obras básicas. Ele considerou o jogo sob tríplice aspecto do exercício preparatório, da atividade complementar e da recreação, não deixando de acentuar que a descarga alivia os impulsos (catarse) e deve ser também considerada no estudo teológico do jogo. Na França foi elaborado e publicado pelo Ministério da Guerra o “Regulamento Geral de Educação Física” dividido em três partes: a primeira bases fisiológicas e pedagógicas, a segunda do treinamento esportivo e a terceira da educação física.

                          Partindo do princípio de que o jogo não pode constituir um método completo de Difusão do Conhecimento Escoteiro, o texto original reconhece que o jogo é a regulamentação mais ou menos metódica de movimentos instintivos que todo ser vivo é levado a realizar espontaneamente ao sentir a necessidade de exercício. Afirma, igualmente, que o jogo constitui a forma de ginástica mais apropriada para a infância porque se adapta às aptidões físicas da criança como às suas exigências morais. É ao mesmo tempo, higiênico e recreativo. Do ponto de vista físico não exige esforços muito intensos nem contrações musculares excessivamente localizadas.

                          A sua prática é acompanhada sempre de prazer e este constitui para a criança o mais notável excitante da energia vital e o mais ativo estimulante para fazê-lo perseverar no exercício físico. O extremo interesse que as crianças demonstram pelos jogos e a alegria com que eles se entregam são tão importantes quanto os exercícios que os acompanham.

Porque as crianças jogam: - A criança joga para satisfazer um instinto. Desde a mais tenra idade vemos que além das atividades de comer, beber e dormir, imprescindíveis para o desenvolvimento orgânico geral da criança resta-lhe somente lúdica. O bebê não joga para ganhar e sim para satisfazer um instinto primário de jogar. O mesmo acontece nos períodos dos três aos sete e dos sete aos doze anos. No primeiro, estando criança já na posse dos mecanismos perceptíveis e motores, o seu desenvolvimento psíquico se dirige para os interesses concretos. As suas funções de aquisição, a atenção, a memória, a associação são utilizadas com maior intensidade. O mesmo acontece com a curiosidade, à observação e a atenção que constituem tendências educativas.

                         No segundo, dos sete aos 12 anos, surgem os interesses especiais e objetivos. Somente ao penetrar na pré-adolescência, ao transpor o limiar da adolescência e no princípio desta, surgem os interesses éticos e sociais aos quais está intimamente ligado o instinto combativo. Despontam então as tendências e os sentimentos típicos do desejo de ganhar. O amor-próprio muito desenvolvido, a vaidade exagerada que se manifesta sob todas as formas, não só do ponto de vista de ser um bom jogador, um ótimo esportista, como nos atributos físicos e exteriores, o arranjo do penteado, o traje, a linguagem, os gestos, as atitudes estudadas são revestimentos da intensa vaidade do adolescente.

                       O desejo de ganhar não constitui o móvel da ação infantil de jogar. Esse desejo aparece mais tarde, caracterizando o período adolescente. A prova que a criança joga para satisfazer um impulso e não para ganhar está no fato observado diariamente e com frequência espantosa de que, integrando uma turma, time ou grupo evidentemente mais fraco que o adversário, nem por isso deixa de jogar. Joga não uma, duas, três vezes, mas quantas lhe forem proporcionadas. Pouco lhe importa perder ou ganhar. O que ela quer é jogar. No jogo individual, a saber, de dois jogadores um contra o outro, sucede o mesmo.

                     A recusa de jogar quando não há possibilidade de ganho dá-se raramente, sempre com crianças que, dotadas de certas aptidões naturais como agilidade, velocidade ou força, colhem louros nas competições individuais de que participam. Posto à frente de outra criança, também dotada ou superior, manifesta desprazer em jogar. O seu sentimento de superioridade abala-se fortemente. Reluta ao verse colocada diante de uma situação nova, inédita, um adversário igual ou superior, embora da mesma idade. Há um conflito interior que a faz sofrer. Não pode mais ser a primeira, a melhor, a única.

Jogos no Escotismo. - Quando os jovens falam de Escotismo, contando aos amigos as novidades, são os jogos que causam a maior impressão, e isto não ocorre por acaso. O Movimento Escoteiro, quando foi idealizado pelo seu fundador, Baden Powell, utilizou-se sempre do efeito “mágico dos jogos”. Os jogos são meios pelos quais os fins educacionais do Movimento são atingidos. Esta vontade natural de competir, tão comum nos jovens, os acompanha desde a infância, dotando-os de espírito de tolerância, da vontade de progredir, do respeito pelas regras e pelos companheiros.

Breve continuação deste artigo sobre jogos.

Nota de rodapé: - As bases do Jogo Escoteiro – O Escotismo é a educação pela ação. Sugere atividades atraentes onde se aprende a partir das experiências realizadas. Existe sempre um toque de surpresa e emoção. - Cada ramo é motivado por um apelo próprio à faixa etária: a fantasia dos Lobinhos; a aventura dos Escoteiros e Escoteiras; o desafio dos Seniores e Guias. Um relato sobre jogos que terá uma continuação posteriormente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

obrigado pelos seus comentários