Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Aprender a fazer fazendo.


Conversa ao pé do fogo.
Aprender a fazer fazendo.

                         Uma das máximas do escotismo tão importante e lembrada por BP, diz que nós chefes escoteiros devemos fazer de tudo para que nossos monitores conduza a própria patrulha. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto ensinamento que temos que é o aprender a fazer fazendo. Outro dia vi uma foto de um Chefe ensinando aos jovens como armar uma barraca, ele armava e alguns seguravam enquanto ele esticava o cabo e fincava os espeques e dava instruções. Ótimo. Vimos que ele sabe armar, mas e daí? Não é ele quem deve saber e sim seus monitores para adestrar aos seus escoteiros.

                         Aprender a fazer fazendo é uma arte. Quando Baden-Powell introduziu o método Escoteiro ele era desconhecido nos meios educacionais. Hoje as escolas, organizações e até universidades usam esse método e estão tirando proveito, mais que nós chefes. Temos muitos educadores, pensadores e ou mesmo filósofos que nos chamam de movimento atrasado e ineficaz. Eles não sabem que a arte de aprender fazendo surgiu com o escotismo. Não existe maneira melhor para aprender. - Errar quantas vezes for até fazer o certo. Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa (próximo artigo), ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Já me dizia um jovem sênior, sobre o programa da tropa, ele confirmava que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dado aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.

                         Isto é repetitivo em muitas tropas. Alguns chefes me dizem que eles gostam, os chefes fazem tudo e assim ficava mais fácil para cumprir um programa. Afirma que um deles disse que quando o Chefe fazia um bom programa havia um ar de mistério e todos gostavam. Desnecessário dizer que em sua Tropa a rotatividade é enorme. Ele até me afirmou que não perderam nada. Sai um entra outro! Bem sabemos que ali dificilmente o escotismo mostrará seu valor na vida futura dos jovens. Triste saber que B-P acreditava que pelo menos precisamos manter os jovens initerruptamente para que o método Escoteiro atinja seu objetivo. Como não existem bons programas que despertem interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Estas sim são importantes para eles enquanto estiverem na ativa. Não desmereço estas atividades. Elas são boas desde que esporadicamente.

                    Sabemos que estas atividades não trazem um programa que sirva para motivar e dar sustentação a lei e promessa escoteira e ao sistema de patrulhas. Elas valem mais pelas amizades e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um “Bon vivant”. Ou seja, “Pagamos comemos e bebemos, a Deus agradecemos”. É importante que o chefe escoteiro se conscientize sobre as vantagens de deixar os jovens fazer. Seja no seu crescimento individual ou na sua evolução técnica. Sabemos que todos os escoteiros ou as escoteiras têm em seus bairros ou ruas amigos de infância, que se encontram sempre, fazem seu próprio programa e ficavam eternamente juntos. Nenhum deles jamais reclamou do programa que planejaram ou fizeram. A “turma” fica unida por muitos e muitos anos.  

                   Em um artigo publicado comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Afinal foram eles que fizeram. Lembremos que não é somente em uma ou duas reuniões que vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca certa, a vara e o local onde vai pescar. A experiência em tropas demonstram que os jovens que fazem seu próprio programa, ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido corretamente. Nunca se esquecer do valor da Corte de Honra, do Conselho de Patrulha. Deixar por conta deles sob sua supervisão acredito que terá em breve boas patrulhas. Não esqueça a patrulha de monitores que você sim é o monitor deles. Isto bem feito e aplicado é sucesso na certa. Observe a alegria de uma patrulha que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer.

                 A arte de aprender fazendo também se aplica ao programa da tropa. Muitos chefes alegam que eles não entendem, não sabem como fazer, e acha que tudo vai dar errado com muitos meninos saindo por esse motivo. Esqueçam o “Não vão dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Sabemos que não é de um dia para outro que o chefe terá os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa. É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Colocar jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar, qualquer um consegue dirigir. Ou melhor, comandar. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, que fala pouco, que confia é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor e não o dono de tudo.  

      Experimente. Dê um prazo para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde pretendem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. O Chefe faz o mesmo com os monitores. Experimente e irá ver maravilhas no crescimento de sua tropa. Tenho certeza que a evasão irá diminuir muito. Quem sabe os que saíram vendo novos programas, onde ele podem ser ouvido resolva voltar. Já pensou ter uma fila de espera? Isto será possivel com a perfeita execução do método. Repito, se dá certo entre os jovens nos seus bairros porque não no escotismo? Se for um programa ruim ou não eles iram gostar. Fazem assim sempre. Todos sabemos que ali no seu bairro não tem chefes, não participam adultos.


      Quando a tropa caminha com suas próprias pernas, quem ganha são os jovens e o escotismo. Eles porque estão aprendendo o que o escotismo se propôs e o escotismo porque conseguiu dar uma nova filosofia e diretriz de vida tão esperada pelos pais. Experimente não custa nada tentar. Tenho certeza que vai se surpreender com os resultados.

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