Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O antigo penacho usado no chapéu escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
O antigo penacho usado no chapéu escoteiro.

               No passado os escoteiros tiveram muitos símbolos que usavam e foram aos poucos desaparecendo. Um modernismo feroz os condenou ao ostracismo ou a falta de interesse de continuidade. Eu prefiro dizer que quando se relega ao segundo plano ou se extingue algum que se considerava tradição, estamos perdendo parte de nós mesmos. Nenhum dirigente teria o direito de se arvorar em dono da verdade. Qualquer mudança sem uma ampla consulta, sem ouvir opiniões da maioria dos associados nunca poderia existir. A memória escoteira não pode ser apagada assim por um ou dois que se acham dono da verdade. Ao apagar o passado é apagar o presente passamos a ser um povo sem tradição é povo sem tradição é um povo sem memória.

                São poucos ainda que tentam resgatar o passado pelo menos para conhecimento e lembrar que tivemos bons momentos, boas recordações que se tivessem permanecido quem sabe nosso movimento seria mais lembrado e respeitado como um formador da juventude. Sei que é Impossível hoje a volta de alguns desses símbolos ou distintivos. Eu mesmo já escrevi de muitos que não existem mais. A jarreteira hoje só usada em Portugal. O distintivo de lapela ainda formal, mas pouco usado. A moeda da boa ação e mesmo o chapéu de abas largas vão aos poucos sendo extinto. As estrelas de metal foram substituídas pela de pano. Motivo? Disseram que muitos se arranhavam e poderia haver acidentes de grandes proporções. Como diz um articulista da Folha de São Paulo estes são os “çabios” do escotismo. Afinal usei por mais de quarenta anos e nunca vi ninguém se acidentar.

                O penacho identificava os ramos e modalidades. Amarelo para lobos, verde para escoteiros, marrom ou grená para os seniores, vermelho para os pioneiros e os chefes de ramo usavam uma metade do penacho das cores de suas sessões e a outra metade azul. Já me perdi nas cores e nem me lembro bem quais as cores eram usadas pelos chefes de grupo hoje Diretores Técnicos, Adestradores, Comissários e assistentes. Mas o que era o penacho? No Google diz que é um conjunto de penas em ramo para se ornar chapéus capacetes etc. Diz também que simboliza o amor, a alma a felicidade quando utilizado acima da cabeça, claro por um chapéu. Pelo que me consta BP usava e suas cores ainda não sei qual eram. Quando extinguiram o penacho houve uma grita de muitos chefes que se sentiram desnudos em sua identificação. Em todos os encontros regionais e nacionais no passado sempre alguém cobrava uma distintivo para identificar o Chefe.

                  O penacho no chapéu trazia esta identificação. Junto com as estrelas de metal de atividade, elas com suas cores recortadas em feltros davam um toque especial ao membro Escoteiro que usava. Era bom ver um de nós com as estrelas de atividade, três anos de lobo, quatro de Escoteiro, três de Sênior e tantos de pioneiros sem contar o tempo de chefia. Junto com o penacho trazia uma mística própria que foi aos poucos desaparecendo com o tempo. Usei o penacho por anos, deste menino. Gostava dele, mas o que aconteceu com sua extinção foi o que acontece hoje em muitos casos. Não se encontra para comprar. O POR supriu o paragrafo que autorizava. Se alguém quiser ter um para recordação quem sabe no exterior. Soube que na Inglaterra se encontra fácil nas lojas Escoteiras. Bom mesmo os ingleses. Ainda mantem muitos distintivos do passado e o chapéu de abas largas ainda apreciado por muitos tem lá um estoque fenomenal. Lá ainda se encontra quase tudo que o passado se orgulhou em ter.

                    Hoje as tradições não são mais comentadas. Não existe interesse da UEB. Poucos ainda sabem que elas existem. Nossa liderança escoteira estingue sem perguntar, sem ao menos explicar os motivos que a levaram a fazer assim. Nossa disciplina é tanta que nos acostumamos a aceitar tudo sem reclamar. Sempre com um sorriso nos lábios e nem mesmo discordar ou reclamar. Chegamos a tal ponto que não se vê ninguém da UEB dizendo os motivos, e isto quando acontece são chefes defensores os quais eu os chamo de politicamente corretos. Sempre correm a defender a nossa liderança. Bem, nem mesmo vou dizer que os que foram para o Jamboree no Japão estão com o uniforme oficial da UEB. Qual? A vestimenta é claro. Pensei que não, mas fotos de alguns com o caqui. Artigo de luxo como o chapéu, o penacho, o distintivo de lapela, as estrelas de metal, as jarreteiras e tantos outros que aos poucos desapareceram nem sinal nos novos escotistas viajantes.

                    Eu ainda me pergunto se vale a pena ainda manter as Tradições. Todas as vezes que escrevo um artigo sobre tradições ou outros símbolos ou mesmo distintivos parece que da um arrepio nos chefes que participam da rede do poder. Sempre com a mesma dicotomia que os tempos são outros. Não entendem ou não querem entender o que significa tradições. Os politicamente corretos então correm para responder sobre o escotismo moderno. Meu Deus! Será que eles não entendem nada? Enfim, foi uma época boa. Hoje nem sei o que ficará no tempo para se lembrar no futuro. A vestimenta e os distintivos podem ser alterados quando um novo líder surgir discordando. O passado se foi o presente também se vai um dia. E o futuro? Quem sabe voltam as jarreteiras, os famosos distintivos de classe, as estrelas de metal, o penacho, o chapéu Escoteiro e tantos outros.


                        Vou terminando por aqui. Hoje tirei o dia para escrever sobre os penachos. Boas lembranças que se tornaram histórias do passado. Vai chegar a hora do uniforme, me dizem estar no POR, mas até quando? Quem faz o POR? Você? Claro que não. Não se preocupe se vocês ainda encontram a vestimenta, os novos distintivos e tem até chapéu de pano tipo australiano. Este não falta nunca nas lojas Escoteiras. Será que ele está no POR? Nada como o modernismo para fazer o escotismo ser reconhecido e respeitado em todo Brasil. 

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