Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Os heróis não tem idade.


Conversa ao pé do fogo.
Os heróis não tem idade.

                        O que uma pessoa precisa para ser um herói? Coragem? Sabedoria? Alguém disse que o herói é tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas. Possui a liberdade de decisão, fraternidade para com o próximo, sacrifício e coragem, sem faltar à justiça a moral e a paz. Ser herói não é ser egoísta e não ser motivado pela simples noção de que ele agiu baseado nos princípios de se mostrar como um. Suas motivações sempre serão moralmente justas ou eticamente aprováveis mesmo que ilícitas. Pensemos que ser herói e preciso observar que o heroísmo caracteriza-se principalmente por um ato moral. No escotismo a uma gama enorme deles. Não só aqueles que ajudam o próximo, os que salvam vidas, mas também aqueles que querem ajudar a formar homens de caráter e com sentimentos nobres. Nosso país tem se esquecido de muitos. Quem foram o que fizeram poucos se recordam. Só alguns alcançaram fama que por um motivo ou outro são ainda lembrados pelos seus feitos.

                      Dizem que os heróis surgem em tempos difíceis, em fatos e atos que merecem destaque. Alguns afirmam que os heróis não se fazem eles já nascem assim.  Caio Vianna Martins ajudou muitos, mas não salvou ninguém. Tornou-se um herói e se mudou a história escoteira foi com suas palavras que o fizeram um exemplo a ser seguidos por todos nós escoteiros ou não. Nunca esqueci o que o Chefe Tolon um dia me disse. Em um intervalo de um curso que dirigia, estava eu embaixo de uma castanheira saboreando uma gostosa sombra quando chegou o Chefe Tolon. Ele estava fazendo o curso e sentou ao meu lado. Ficamos conversando banalidades até que o assunto surgiu. – Olhe Chefe desde pequeno que sempre procurei ajudar o próximo. No escotismo o fiz em todas as sessões que participei. Mas quer saber? Nunca fui herói de nada. Tentei sim, mas o que fiz não pode ser chamado de um ato de heroísmo.

                        Pensei em suas palavras. E eu cheguei à conclusão que também nunca fui um herói no bom sentido. O Chefe Tolon me deu dois exemplos – Chefe, quando Sênior estávamos indo para uma atividade aventureira, de bicicleta quando vimos na beira da estrada um amontado de pessoas ajudando feridos e mortos em um ônibus que sofrera um acidente. Paramos e os patrulheiros correram para ajudar. Eu fiz o mesmo, mas confesso que não sabia o que fazer. Parei por uns instantes pensando o que podia fazer. Ouvi gritos e pedidos de socorro. Minha mente trabalhava para dizer quais as primeiras coisas que poderia ajudar ali naquele momento. Isto levou alguns minutos. Bem no final ajudei sim com os parcos conhecimentos de primeiro socorros que tenho. Mas Chefe eu demorei em tomar uma decisão. Dizem que os heróis agem por instinto e resolvem o que fazer em poucos segundos. Portanto não me considerei um herói.

                             Enquanto ele narrava sua saga de herói fiquei pensando em Joaquim José da Silva Xavier o Tiradentes. Pensei também em Alberto Santos Dumont. Não podia esquecer Heitor Villa-Lobos e Monteiro Lobato assim como o Visconde de Mauá e os irmãos Villas-Boas. Cada um deles foi herói ao seu modo. O Chefe Tolon não me deu chance de pensar melhor sobre o que ele fez e logo contou o segundo fato que aconteceu com ele – Chefe eu estava em uma sessão de cinema. Não estava cheio, quem sabe dois terços de sua capacidade total. Cometi um erro que um bom Escoteiro que sempre diz estar Sempre Alerta não comete. Não prestei atenção às saídas de emergências, extintores e portas contra fogo. O filme aqueles antigos de celuloide pegou fogo e se espalhou na cabine onde estava o projetor. A fumaça saia dos buraquinhos e logo uma chama apareceu. Alguém gritou fogo. Outro gritou mais alto que o cinema estava pegando fogo.

                                Eu levantei da poltrona e olhei aquela balburdia de todos querendo sair por uma só porta. Vi choro de crianças, senhoras gritando e claro os mais fortes empurrando os demais para sair primeiro. Eu estático. Minha mente trabalhava para me dizer o que deveria fazer. Enquanto isto crianças e mulheres eram pisoteadas e eu um herói fracassado sem tomar nenhuma atitude. Isto demorou alguns minutos e logo sai em disparada para ajudar os feridos. Sempre Assim, poderia ter evitado e não ajudar os feridos. Se tivesse sabido onde estavam às saídas de emergências e gritado calma para todos mostrando onde poderiam sair minha ajuda teria sido melhor. Graças a Deus que não morreu ninguém. Mas uma dezena deles foram parar no hospital. Bem aprendi a lição. Não entro mais em local fechado sem ver as saídas de emergências, se estão fechadas a chave ou cadeado, sem perguntar quem fica com as chaves e claro estar pronto para gritar se preciso e tomar a liderança em qualquer emergência que aparecer. 

                                 Ouvi o toque do Chifre do Kudu. O tempo livre para um lanche tinha terminado. O Chefe Tolon saiu correndo para formar. Olhei para ele. Quanta juventude, quantos sonhos quanta vontade de se sentir bem como um herói Escoteiro. Fui devagar à sala da chefia. Pensava comigo mesmo se eu também fui ou seria um herói no lugar dele. Eu sei que existem casos em que as pessoas sem vocação heroica protagonizam atitudes dignas de um herói. Sei também que tem aqueles outros que demonstram virtudes heroicas para realizar façanhas de natureza egoísta, motivados por vaidade, orgulho, ganancia ou mesmo ódio. Um dos assistentes do curso fazia um belo jogo com os cursantes. Adorava aquele campo escola. Era como se estivesse saído da cidade de pedra e entrasse em plena natureza que só os bons escoteiros sabem reconhecer.


                    Fico pensando quanto heróis escoteiros já tivemos. Acredito que muitos. A maioria na clandestinidade. Quase ninguém saberá quem foi. Não temos um programa para formar e fazer heróis. Ainda bem. Eu sei que o heroísmo é um fato profundamente arraigado no imaginário e na moralidade popular. Feitos de coragem e superação inspiram modelos em diversas situações. A atitude heroica surge muitas vezes a partir da problemática imposta por um ambiente ou situação adversa, cuja solução exige um feito grandioso ou um esforço extraordinário. Fico feliz em ver que temos muitos lideres sejam homens ou meninos, mulheres ou jovens participando do escotismo que de uma maneira ou de outra tem fibra de herói e fazem o que podem pelo escotismo. “O Escoteiro caminha com suas próprias pernas” ficou na história. Compete a nós chefes dar uma volta no passado ou na história e trazer para o presente o valor dos nossos heróis e mostrar a nossa escoteirada que também temos exemplos a dar.

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