Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Histórias gostosas para relembrar... Pedras brancas de gelo na mata do Quati.


Histórias gostosas para relembrar...
Pedras brancas de gelo na mata do Quati.

Inicio:
        Seis Escoteiros Seniores. Olhos vivos a perscrutar com a vista todos os lugares naquela noite escura, sem luar sem medo da chuva ou vento. Acampamentos vividos que alguns não esqueciam jamais. Em volta do fogo, eles comiam banana assada. Pareciam mais pioneiros que sêniores. A moda índia sentaram a vontade naquele foguito e se esquentavam de uma noite fria. Um “foguito” pequeno. Chamas baixas, muitas brasas para não adormecer o café no bule, já perdendo seu esmalte de anos e anos de uso. – Parece que vai chover. – Taozinho custava para falar. Era um sênior miúdo e de olhos vivos. Minutos se passaram. – Gosto da chuva, adoro uma boa dificuldade debaixo de tempestades. – Helinho ria para ele mesmo. Que o visse naquela hora achava que não batia bem. – Israel olhou de soslaio. Não disse nada. Ele nunca esqueceria o acontecido. Darcy não perdia a pose de dar uma boa gargalhada. – Valeu! O melhor acampamento que fizermos. – Chico o menorzinho dos seniores queria dizer alguma coisa. Não sabia o que dizer. Eu estava com os olhos fechados. Queria reviver o momento. Voltar no tempo. Sentir as tremuras, o medo e a força que fizemos em reviver, em refazer um acampamento destruído.
 
Meio:
              Cantantes, sorridentes, cada um já sabia o que fazer. O esqueleto da barraca suspensa entre quatro árvores estava quase terminado. Faltava ainda boas amarras nos tripés. Chico e Israel adentraram mais fundo na mata. Precisavam de bons cipós que não quebravam. Sisal? Nem pensar. Nem existia ainda. Aboletado lá no alto Israel e Taozinho elevavam no ar uma bela tora que serviria de escada até o alto da árvore. Eu e Helinho terminávamos nossa cozinha. Planos futuros para ela também ficar suspensa. E porque não levar água da bica até lá? - Belos planos. O céu escureceu. Tãozinho gritou! – Nuvens baixas cor de cobre? Todos juntos responderam – É temporal que se descobre! Melhor armar duas barracas de duas lonas para nos abrigar. O toldo foi jogado em cima da cozinha. Darcy correu a cobrir o lenheiro. Uma patrulha que sabia o que fazer. Não eram amadores. Ploc! Ploc! Uma pedra, duas um punhado. Pedras brancas de gelo enormes!

Seguinte:
           Em volta do “foguito” que dormitava e queria apagar, cada um pensava na vida que tinham levado em belos acampamentos no passado quando Escoteiros da Patrulha Leão. – Foi duro, não foi fácil. Disse Helinho. Lembra Darcy das barracas? – Tãozinho riu. Ele não gostava de sorrir. Viraram peneiras. Enterramos antes de voltarmos. Perdemos quase tudo. – E o raio? Disse Darcy. Caiu como um chumaço na base do estrado que fazíamos para as barracas. Não sobrou nada. – Silêncio profundo. Cada um voltava no tempo. Chico levantou e pegou alguns biscoitos – Alguém aceita? Foi você Vado que correu na frente de todo mundo para ficar embaixo da enorme aroeira? – Israel gargalhou forte. – Ele parecia um corisco com medo da chuva! – Medo das pedras enormes que caiam, eu disse. – Bons tempos, disse Israel. Dormimos presos uns aos outros molhados sem poder ou sem onde abrigar. – Todos concordaram com um leve levantar de sobrancelhas. Seniores, quando se encontram em volta de um “foguito” tem histórias para contar. Um vento forte levantou fagulhas no ar. – Vai chover? Disse Tãozinho. Se tem vento e depois água? – todos responderam: Deixe andar que não faz mágoa.  – Vou dormir eu disse. Uns foram outros ficaram. Coisas gostosas para lembrar. Passado que se foi.

Fim.

           Meus olhos ficaram húmidos. Lembranças sempre me tocam o coração. Tempos bons, tempos alegres, cheio de aventuras... Tempos que não voltam mais. Olhava a chuva fininha que caia na rua. Acalenta minha alma. Outro dia recebi um telefonema. Era Israel. A mesma voz. O mesmo estilo mineiro que adoro. Onde anda o Darcy? O Tãozinho? O Helinho? O Chico deve estar zanzando por aí. Era o mais novo. Gente fina. Escoteiros e seniores que tiravam o chapéu quando uma dama bonita passava por eles. Lembranças... Dizem que quem não tem lembranças não viveu. Passou pelo tempo como se não tivesse passado. Hã! Quanto não daria para entrar em uma máquina do tempo. Mas ela ao me levar teria que fazer menino de novo. Será que seria bom?

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