Conversa ao pé
do fogo.
Lei Escoteira:
o exemplo do Chefe.
Há
algum tempo li uma nota sobre a Lei Escoteira na qual dizia que toda a Lei
Escoteira poderia ser resumida no segundo artigo, pois quem é leal é cortês, é
amigo, é verdadeiro, e assim seguia. Claro que alguns artigos poderiam ficar de
fora, mas a essência é que a lealdade e a confiança lastreiam os valores que
trabalhamos no Escotismo através da Promessa Escoteira e, por conseguinte, da
Lei Escoteira a qual prometemos cumprir.
A
primeira edição deste ano da British GQ publicou um artigo de Bear Grylls com o
título “Porque você deve seguir a Lei Escoteira”, neste artigo ele discorre
sobre o lema, e destaca dois artigos da Lei Escoteira, o primeiro, o Escoteiro
tem uma só palavra e sua honra vale mais que a própria vida, que ele resume,
como Escoteiro é confiável e o segundo, o Escoteiro é leal.
Segundo
Grills o primeiro artigo da Lei Escoteira “é um dos pontos fundamentais do
Movimento, e é fundamental para tantos dos elementos que valorizamos na vida:
boas amizades, bons relacionamentos familiares e boas parcerias de
negócios. Ser confiável significa não trapacear e manter sua palavra.” E
continua: “As pessoas nos conhecem pelas palavras que falamos, pelas ações que
tomamos e pelas atitudes pelas quais vivemos.”.
Depois
Bear Grylls destaca o segundo artigo da Lei Escoteira, ele escreve “Algumas
pessoas podem considerar a lealdade para ser uma qualidade antiquada, mas é
mais relevante agora do que nunca neste mundo acelerado onde, se não gostamos
de algo, estamos tentados a bani-lo e substituí-lo”. Não podemos aplicar
essa atitude aos relacionamentos, porque os relacionamentos só prosperam quando
mostramos lealdade uns aos outros. É fácil ter amigos quando tudo
está indo bem, mas estou ciente da máxima: "Um bom amigo entra quando o
resto do mundo sai".
É
interessante observar que Grills escreve que as pessoas nos conhecem pelas
atitudes pelas quais vivemos. E isto nos remete àquilo que Baden-Powell
escreveu no Guia do Chefe Escoteiro, “Não há educação que se compare ao
exemplo”, esta frase é constantemente citada, porém quase nunca acompanhada do
seu complemento, que diz “Se o próprio Chefe Escoteiro abertamente cumpre e
executa a Lei Escoteira em todas as ações os jovens vão segui-lo”.
Entretanto
às vezes parece que ao compromisso que os adultos escoteiros têm em relação à
Lei Escoteira é apenas o de ensiná-lo aos jovens, como se eles próprio não
tivessem prometido fazer o melhor possível para cumprir a Lei Escoteira.
Infelizmente
hoje é cada vez mais usual no Escotismo a figura do adulto que quer ser o
companheiro de jogos e baladas dos membros juvenis, principalmente nos ramos
maiores, e não aquele irmão mais velho mencionado por B-P, que é o exemplo a
seguir.
Como
um chefe escoteiro pode falar de ter uma só palavra se ele mesmo não cumpre,
não é confiável, pela manhã diz uma coisa a tarde diz outra e a noite já faz
algo que contradiz tudo o que foi dito? Como um chefe pode falar de lealdade se
por um projeto pessoal de poder, conspira, quebra a palavra, manipula, etc.
para prejudicar pessoas que lhes são ligadas?
Baden-Powell
era muito preocupado com o exemplo pessoal do chefe escoteiro, tanto que no
Guia do Chefe Escoteiro repete por diversas vezes isto. Quando ele fala de
religião ele diz que uma das maneiras de o Escotismo ajudar é pelo exemplo
pessoal do Chefe Escoteiro, e ele enfatiza isto escrevendo que “Não dúvida
nenhuma que aos olhos de um jovem, o que interessa é o que a pessoa faz e não o
que a pessoa diz”.
Um
chefe tem, portanto, pesando sobre os seus ombros, a grande responsabilidade de
fazer as coisas corretas e por motivos corretos, deixando que os jovens
observem seu procedimento, sem, contudo fazer alarde de sua conduta. “A atitude
do irmão maior, aqui, cala melhor que a do professor”.
É
triste ver que cada vez mais temos adultos que sabem discorrer sobre o programa
educativo escoteiro, acompanham de perto todas as publicações sobre escotismo,
porém são incapazes de fazer o melhor possível para cumprir a Lei Escoteira.
Do
site Saber e Agir.
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