Conversa ao pé do fogo.
Jogos.
“Ficou
acordado na Corte de Honra que os jogos nas reuniões serão uma escolha da Tropa”.
O Chefe ficará encarregado somente dos chamados “Jogos surpresa”. Cada Patrulha
fará mensalmente sugestões apresentadas pelos escoteiros. Os monitores
transmitirão entre si e aos demais às sugestões apresentadas por toda a Tropa.
Nenhum jogo terá a formalidade de obrigação e sim jogado espontaneamente, não
só pelo caráter competitivo, mas também pela simplicidade de jogar e divertir!
(transcrito
de uma ata de Corte de Honra).
Definitivamente não vou dar
aqui uma aula sobre como fazer e usar jogos nas atividades Escoteiras. Quem sou
eu para isto. Vou somente dar o exemplo que ouvi de um Velho Lobo que me contou
suas andanças em visitas a Escoteiros e ali pode ver se o método escoteiros
estava sendo levado em consideração pelos jogos apresentados. Vejamos o que ele
disse:
- Primeiro exemplo.
Uma visita em
uma tropa de um bairro nobre, onde os jovens demonstravam ter conhecimentos
intelectuais acima da média, e com um ou dois monitores bem adestrados e outros
ainda tentando conhecer melhor suas potencialidades. Os demais aspirantes, pois
notava-se a rotatividade na apresentação das patrulhas. Conversando com
alguns chefes (Um com insígnia) ele pode observar um Assistente dirigindo um
jogo. Pomposamente formou às patrulhas, chamou os monitores, deu às instruções
e estes tiveram um tempo para orientar suas equipes. Até aí tudo bem. - O Jogo
iniciou sem muito entusiasmo. Era complicado e cheio de regras. O Assistente
parou o jogo pôr três vezes. Até que se deu pôr satisfeito. Senti pelo olhar
nos seus olhos sua satisfação pela vitória alcançada! - Ele tinha ganhado o
jogo! - Os jovens estavam ali, parados, cansados, com ar de quem estão
acostumados e muito obedientes e disciplinados!
- Segundo exemplo.
- Nesta Tropa
o Chefe fez questão de mostrar um fichário muito bem feito e acabado. Um pai
era o responsável para classificá-lo. Os jogos estavam perfeitamente
organizados, distribuídos pôr tipo, função, objetivo etc. Tudo conforme já se
viu em palestras de curso. – Perguntou quem escolhia os jogos e fazia seus comentários
antes e depois da aplicação. Ele respondeu que era ele mesmo, pois sabia e
conhecia a reação dos jovens (comentou baixinho que era professor de Educação
Física e que no momento estava cursando psicologia infantil). Participara de
vários cursos de Recreação e Jogos e alardeou inclusive que fora convidado pela
Equipe de Formação para dirigir e colaborar em vários cursos. Sua grande
especialidade, porém eram jogos. Notou que ele era o único a dirigir e comandar.
O jovem ali não se manifestava. Ele já conhecia tais tipos. Muitas vezes pelos
jogos se conhece o Adestramento da tropa. Pobre dos rapazes!
Ele teve o prazer de conhecer
muitas tropas Escoteiras em suas andanças. Descantou algumas e teve uma que
ficou surpreso com o desenvolvimento das patrulhas e dos jogos. Fator preponderante
na formação do sistema de patrulhas. Ele me disse que o que mais o deixava
triste eram as justificativas de faltas, de indisciplina e da preguiça dos
escoteiros. Chefe, falou – Eles vão justificar a vida toda os fracassos e a
falta de entusiasmo dos jovens. Não entenderam que eles são os próprios
culpados!
- Terceiro exemplo.
- Quando
cheguei, fiquei perplexo com tamanha confusão. Não havia apitos, chefes dirigindo,
todos bem formadinhos feitos soldadinhos. A sinalização era feita com as mãos.
Graças a Deus minha audição seria poupada daquela vez! - Ali estavam eles, em
dupla, pôr Patrulha três ou quatro em outro canto. Todos espalhados. Notei logo
a maneira do Adestramento. A Tropa era pequena, três patrulhas no máximo seis
em cada uma. O Chefe estava alçado em um poste simples dentro da sede, junto a
mais dois monitores amarrando um cabo. Ninguém olhava sinal que aquilo era
comum. Mais dois monitores estavam com um Assistente recebendo instruções.
Ninguém correu para me receber. - Não deram conta da minha presença. Fiquei a
vontade e percorri cada Patrulha com satisfação. Era um Adestramento dos bons.
Não só aos monitores como também os demais escoteiros da Patrulha. Ele já
conhecia este plano de reunião. Estava em casa! Logo que o Chefe da Tropa me
avistou me cumprimentou de longe e se desculpou pôr não poder me dar muita
atenção.
- Um monitor se
apresentou educadamente pedindo licença e dizendo ao Chefe sobre o jogo que
seria realizado daí a alguns minutos. Apesar de combinado previamente (havia
programa!) a maioria gostaria de fazer o jogo do mês anterior. O que o Chefe
achava? - Ele concordou de imediato e pediu ao Monitor que preparasse o
material. Bem acho que vocês não precisam saber qual das tropas está fazendo o
certo. Pena que não foi filmado o olhar, a feição e a alegria reinante antes,
durante e depois do jogo. Aquilo sim era diversão!
Jogos são sempre uma
preocupação para os chefes não importa a sessão. Esquecem que o manancial são
os próprios jovens que participam. Quem deve gostar são os jovens e não os
chefes. Quantas boas ideias podem dar e garanto que irão vibrar com os jogos
que tiraram da sua imaginação. Não sou um expert em jogos, mas dou algumas
sugestões: - Procure desenvolver nas
matilhas e nas patrulhas qualidades de liderança. “Se pretendermos que, nas
horas vagas, eles saibam brincar sozinhos, devemos propiciar a eles a prática
da direção das próprias atividades”. Para começar, partilhe com todos às suas
responsabilidades de orientador de jogos. Vá aos poucos, delegando-lhes
obrigação e autoridade, desde que tais coisas estejam à altura de suas
capacidades. Dê-lhes não apenas incentivo para a prática da Direção, mas
também, tempo. E não esquecer nunca: - Permita que a turma escolha, de vez em
quando o jogo que vai realizar e eleja o seu dirigente. Discuta com elas os
resultados dos jogos e faça-as participar do planejamento do programa semanal.
Encerro este comentário lembrando
o que escreveu Theodore Roosevelt Presidente americano no passado: “Creio nos jogos ao ar
livre e pouco me importa que sejam jogos brutos ou violentos e que
ocasionalmente alguém se machuque. Não simpatizo com o sentimentalismo
exagerado que pretende manter os jovens embrulhados em algodão. Na luta pela
vida o homem formado ao ar livre sempre demonstrou ser melhor. Quando vocês
brincarem, joguem duro e quando trabalhar trabalhem duro. Mas não deixem que os
jogos e os desportos prejudiquem seus estudos”.
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