Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 3 de março de 2016

Curso Ponta de Flecha.


Conversa ao Pé do Fogo.
Curso Ponta de Flecha.

                Recebi de um amigo muito chegado a pergunta – Chefe o que acha do Curso Ponta de Flecha? A minha maneira respondi na mesma hora o que achava. Vi que ele não gostou. Paciência, nem todos gostam do que eu digo ou escrevo. É um direito.  Afinal não sou o dono da verdade e muitos sabem mais que eu. Voltei e no tempo e me lembrei das centenas de cursos Ponta de Flecha que tive o prazer de acompanhar e até mesmo dirigir. Se não me engando foi ao final da década de 60, que começou a ideia de fazer um curso para monitores. Talvez houvesse antes um curso destes, mas não tomei conhecimento. Alguém me disse que foi oriundo de Giwell. Quem sabe seja. Até me mostraram uma apostila mimeografada ainda em inglês e traduções rabiscadas em cima. Dizem que a UEB tem uma apostila perfeita.

            Na época concorde, mas depois vi que o objetivo proposto era inteiramente contrário aos objetivos que se propunha. Quem conhece e aplica o Sistema de Patrulhas, deve ter uma experiência adequada ao assunto. Vejamos qual seria o objetivo do curso: – “Acampamento ou curso Ponta de Flecha é destinado somente para monitores e sub-monitores, pois tem o enfoque em técnicas e liderança, que é necessário para os responsáveis das patrulhas.”. Muito bem, mas isto não é papel do (a) chefe escoteiro (a)? Ele não é o monitor de seus monitores? Ele não ensina, adestra, acampa e é amigo deles em todas as horas? Não é ele quem vive ao seu lado, faça frio ou faça sol. Chova ou não nas atividades ao ar livre e é no seu ombro que eles vêm em busca de conhecimentos e aconselhamentos? Não é ele que frequenta suas residências, sabem de suas notas escolares, de seus amores de suas dores, conhece seus pais, sua religiosidade troca ideias e o que dizem na Corte de Honra? Como um dirigente de um curso que não conhece os monitores pessoalmente pode atingir o que se propõe com tantos jovens de uma vez?

                    Bem isto me põe em duvida das vantagens de um Curso Ponta de Flecha na maneira com que é aplicado hoje. Não é possivel chefes que não estão familiarizados com eles fazerem um sistema de patrulhas funcionar em tão pouco tempo a não ser se copiar o que fazem em cursos para adultos. Não critico, mas já vi alguns dirigentes destes cursos de tirar o chapéu. Sempre se portando como chefão, sabe tudo, sem ao menos dar um sorriso, dizer muito obrigado aos “alunos”. E os apitos? Nossa! Meus ouvidos doeram. Adoravam formar, exigir firme descansar. Vi um dar uma palestra por uma hora a mais de quarenta monitores. Deus do céu. Será que alguém aprendeu alguma coisa? Eu sempre digo que tudo vai bem quando todos estão sorrindo, e tudo vai mal quando estão escorados em seus bastões, cochichando e alguns até dormindo em pé ou sentado. E os gritos? Eu não levaria meus monitores para um curso assim. Eles são meus amigos e eu os prezo muito para jogá-los neste ninho de marimbondos.

               Em muitos cursos não vi o Chefe da sessão presente. Nem sabe o que está havendo. Isto é uma lástima. Conheço alguns casos que os monitores quando retornam destes cursos passaram a ver o Chefe de outro modo. Para eles, o dirigente do curso ou outro nome que queiram dar, é quem melhor conhece a técnica, o sistema de patrulhas e tudo mais. Seu Chefe ficou no passado. Já vi um Monitor dizer ao Chefe que não é assim que se faz. Chefes no curso ensinaram diferente! Isto deve doer demais ao Chefe. Vi também diversos dirigentes destes cursos que nunca foram chefes de uma tropa e não tinham nenhuma experiência na arte de escoteirar e monitorar dirigindo como se fossem perfeitos chefes com muitos e muitos anos de experiência. Vi outros cujas tropas deixavam muito a desejar, mas ele o chefão sabia tudo Se isto for um adestramento ou se pretende dar um certificado então melhor chamar os chefes dos jovens e a eles sim, darem uma verdadeira aula de Sistema de Patrulhas e Monitoramento.

                   Fiquei feliz quando um rebateu meus argumentos dizendo: Chefe nosso manual é da UEB! Certo mas e daí? Dizem que merece confiança e não discuto. Se eles soubessem pelo menos criar uma fraternidade, ouvir o ponto de vista do rapaz, entender bem como se formar um líder, aquele que aprende a liderar e ser liderado ou mesmo que tivessem experiência em tropas posso até concordar. Um pouco, pouquinho só. Não entendo se eles nunca viram meus monitores, nunca acamparam com eles, não conhece suas alegrias, suas dificuldades sua família, seus erros e acertos e em dois dias darem a ele conhecimentos de liderança. Eu sei que não se nasce líder, leva-se semanas para entender, meses para aprender e anos para se tornar um hábito de comportamento. Fico pensando se os cursos realizados deram os resultados esperados. Bons monitores, queda da evasão, formação educacional nos princípios do método de B.P. Infelizmente conheço chefes que adoram estes cursos e não os culpo.

                   Interessante que o nome Ponta de Flecha é sugestivo. Chamativo. Mas eu fico mais na aplicação dele para formar e treinar os chefes. Um curso especifico para mostrar como desenvolver a potencialidade do monitor. Lembro que no passado adaptei um curso técnico para chefes sobre o Sistema de Patrulhas e formação de monitores. Inscreveram-se mais de oitenta alunos. Tivemos que dividir em dois. Foi válido para ficarmos sabendo que muitos que nunca passaram por tropas quando criança não conheciam quase nada. Sei que em alguns estados que fazem cursos de Técnicas mateiras e Sistema de Patrulha é sucesso absoluto. O curriculum do curso foi superado na sua aceitação. Técnicas Mateiras, Acampamentos de Gilwell, Pioneirías, aprender a fazer fazendo uso da corda e nós de marinheiro, percurso de Gilwell. Bussola, orientação por estrelas e outros atraem.

                      Posso até concordar com um Ponta de Flecha voltado para a troca de ideias entre monitores, dando possibilidade de cada um comentar em dinâmica de atuando democraticamente em grupos de trabalho e deixar que eles liderem sob a supervisão de um Chefe poderia superar as expectativas. Não vamos ser tão radical com o curso Ponta de Flecha. Já disse como deveria acontecer. Acreditem não sou o dono da verdade, mas nunca daria meus monitores para o treinamento ou aprendizado com um Chefe simplesmente teórico. Onde em sua Tropa não se vê resultado.


                             Desculpa por ser franco, mas se um dia me provarem os resultados peço desculpas. Resultados de bons monitores, patrulheiros ou patrulheiras alegres, seguindo seu monitor com carinho e respeito. Patrulhas onde os participantes ficam na sua maioria por anos e se consideram irmãos. Patrulheiros que se entendem dentro e fora do grupo. Quem forma quem adestra e quem aconselha seus monitores é o seu Chefe repito. Sei que o mundo está mudando, aceito isto. Mas eu não mandaria meus monitores para alguém que desconhece o que eles são não sabem de sua vida e nem de seus conhecimentos escoteiros. Sempre Alerta!

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