Conversa
ao pé do fogo.
Fatos
versões e verdades do escotismo moderno.
“Ele
entrou para o escotismo pensando que iria encontrar aventuras, atividades
aventureiras, acampamentos inóspitos, iria aventurar em matas, subir montanhas,
atravessar rios em jangadas, aprender a viver com a natureza, vida em equipe
onde o lema seria um por todos, todos por um. Ele queria sorrir deixar o vento
levar seu espírito a lugares que nunca antes tinha ido. Mas não foi isto que
aconteceu”.
A vida escoteira me ensinou
muito. Errei muito e hoje vejo que caminhos que escolhi poderiam ter sido
melhores. Levei meu espírito para longe do mundo civilizado, andei por grotões
e vales inóspitos e hoje sei que nem sempre podemos ter tais aventuras como no
passado. Mas estamos cometendo um erro enorme. Estamos tirando o desejo da
aventura e da descoberta do jovem. Estamos dando a ele o que ele tem na escola,
em casa e junto aos seus amigos de bairro. A cantilena de ouvir o jovem para
saber o que pensa não existe mais. Chefes de várias matizes afirmam saber o que
eles querem. Dizem saber como fazer os melhores métodos e programas afirmando
que é assim que eles pensam. Verdade? Então dê uma vara para pescar ao um
noviço e diga para ele pescar. Se ele nunca pescou se ele nunca viu alguém pegar
um peixe dificilmente vai ficar ali sentado esperando fisgar um belo peixe.
Se vamos agora ter
programas chamados de pedagógicos tirados da imaginação de grandes educadores
que sabem o que a juventude quer, que se denomine outro termo que não
escotismo. Pode até que dê resultados, mas sabemos que o escotismo de
Baden-Powell sempre foi cheio de sucesso. Então porque mudar? Aquela
preocupação de técnicas Escoteiras, aventureiras, acampamentos de Gilwell,
aventuras inesquecíveis, sistemas de conquistas hoje foram substituídas por
provas modernas que nada tem a ver com o se pensava antes em ser escoteiro. Onde
estão àqueles meninos lobos, que um dia chegaram a uma idade para colaborar em
sessões Escoteiras? Se antes eles existiam hoje somente uma pequena parcela
chega lá. Os pais e digo isto com alegria, pois sem eles estaríamos pior, estão
assumindo suas posições. Um programa de atividades voltados para a técnica escoteira
não existe. Quando muito uma improvisação aqui e ali. Só se discute a tal pedagogia
moderna de ensino. Sei que o mundo de hoje se transformou, mas o desejo da
aventura, da descoberta, de ser um herói ainda permanece entre os jovens e isto
eu garanto.
Porque muitos dizem
tanto sobre consultar o jovens e na realidade não consultam? Não tenho dados,
mas acredito que a maioria dos jovens praticantes do escotismo hoje são
advindos de comunidades classe media a jovens de classe menor. Nossa liderança
faz belos planos, montam cursos extraordinários, existe uma preocupação
constante com a formação intelectual, com a proteção até demasiada com o jovem,
e note-se que hoje promessas e promessas de planos de expansão são feitos, mas
o resultados são pífios. Uma pesquisa abrangente do que os jovens pensam nunca
foi feita. Já disse o que penso sobre os Jovens Lideres. Eles para mim não
representam a juventude escoteira. Afinal 18 a 26 anos ou são pioneiros ou chefes.
Suas vivências se concentram em faculdades, emprego e alguma diversão que o
escotismo pode oferecer. O lobo, o escoteiro e o Sênior pensa diferente.
O jovem ou a jovem
escoteira de hoje são manobrados a bel prazer pelos dirigentes e porque não
dizer também por sua chefia. Neste ultimo caso há exceções. Nunca foi
apresentado um plano de expansão onde eles tiveram oportunidade de opinar.
Nunca lhes foi perguntado se o programa atual comparativamente com outros é do
seu agrado. Os programas internos dos grupos são feitos conforme determinados
pelos chefes. Cria-se trabalho comunitários, visitas, passeios a centro
educacionais, boas ações coletivas que simplesmente são apresentados aos jovens
e nunca perguntaram se era isto que eles queriam fazer. Não desmereço tais
programas. Nunca. Mas sem intercalar atividades aventureiras, bons acampamentos,
ótimas excursões, exemplos de vida através de atividades ao ar livre ninguém em
sã consciência vai gostar de ser uma espécie de apresentação pessoal para
deleite dos dirigentes inclusive dos Grupos Escoteiros.
O que adianta tais
programas sociais onde meia dúzia de meninos ou meninas estão presentes? Porque
nossa liderança nacional ainda não se preocupou com um estudo sério, ouvindo as
bases, desde o lobo até o adulto no grupo de origem sobre vários temas que
poderiam dar subsídios para um grande programa de expansão? Difícil? Não é. Em
épocas de eleições os candidatos apresentam seus programas. Estão prontos, falam
e exaltam o que virá pela frente. Um escotismo de mares nunca antes navegados.
O tempo passa e como sempre não se vê nada de novo no front. A nova fronteira
de chefes só conhecem uma estrada que os atuais mandatários mostram para eles.
Batem palmas a esmo sem saber onde estão indo. Para eles justifica dizer que o
importante é a formação do jovem. Eu pergunto qual formação? Se antes acreditávamos
que para que o jovem ou a jovem tivessem uma formação escoteira exemplar precisaríamos
mantê-los pelo menos dez anos em atividade o que dizer hoje?
Alguém já fez uma
pesquisa em sua unidade escoteira para saber quantos entraram e quantos saíram nos
últimos dez anos? Alguém estudou profundamente o porquê muitos saíram e o tema
foi discutido a exaustão? Porque muitos não guardam boas recordações do seu
tempo de Escoteiro? Onde estão aqueles que hoje em suas comunidades estão a
fazer proselitismo do movimento Escoteiro junto a vizinhos e amigos? Sei que
alguns dirão que conhecem muitos que ocupam posições na comunidade e respeitam
o movimento Escoteiro. Mas são poucos. Não
temos mais um marketing agressivo para um bom programa de expansão. Os meios de
comunicação nem se preocupam com o escotismo há não ser em casos excepcionais
que prefiro não destacá-los. Não temos dados, não temos transparência apesar de
que muitos eleitos se jactam em ser transparentes. Muda-se por mudar ou por
copiar o que outros países de primeiro mundo estão fazendo é fazer a mesmice da
falta de imaginação.
Enfim sabemos onde o escotismo é realizado
nos moldes aventureiros ele está dando certo. Existem grupos cuja preocupação é
real na motivação do jovem em seu seio. Sem menosprezar eu não ficaria onde as
atividades ao ar livre são escassas. Onde não tenho liberdade de me expressar e
dizer se gosto ou não. Onde o aprendizado não passa de uma cópia professoral do
que se vê diariamente na escola. Onde se procura um amigo um irmão mais Velho e
o que se encontra é um Chefe mandão, dono da verdade que não ouve ninguém. Ofendi
você? Desculpe. Não era minha intenção. “Sei que o que escrevi para muitos é
como aquela historia: - Entrou por um ouvido e saiu pelo outro”. Afinal daqui a
vinte anos mais de noventa e nove por cento não estarão mais aqui para ver!
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