Conversa ao pé do fogo.
O belo do escotismo está em sua simplicidade.
Façamos escotismo
simples sem complicar. Pense comigo quanto tempo nós escotistas ficamos com
nossos jovens? – Duas horas por semana? Três? Se somarmos as atividades ao ar
livre, outras sociais ou prestação de serviços veremos que o tempo é muito
pequeno para complicarmos demais nas atividades Escoteiras. É bom quando vemos
a moçada sorrindo em uma atividade qualquer. Ian Hislops no seu vídeo sobre
escotismo para rapazes no You Tube mostra o que precisamos para ver que a como
o escotismo daquela época ainda tem seu lugar na época de hoje. A descoberta da vida ao ar livre e de
aventuras é a razão de ser das atividades escoteiras. Estamos hoje com uma
preocupação pedagógica, planos bombásticos, cada um querendo descobrir o ovo de
Colombo esquecendo que Baden-Powell já tinha descoberto e dado o caminho a
seguir para o sucesso. Bastava uma pequena adaptação e não mudar tudo como
fizeram.
Antes o feijão com arroz
dava certo, mas aos poucos tivemos que modificar. Desenvolveu-se uma
parafernália de cursos, visando aprimorar e qualificar o adulto voluntário. São
centenas de novas ideias novas pedagógicas e planos miraculosos. Mas eu me
pergunto. Será isso o essencial? Tantas informações, técnicas, pedagógicas, psicológicas
para apenas duas ou três horas por semana. É necessário mesmo? Fico me
perguntando se os três livros básicos de Baden-Powell não nos dá o verdadeiro
sentido do escotismo e seu sucesso. Nos primórdios do escotismo BP sentiu que
não poderia deixar os jovens ao “Deus dará”, sem ter pessoal qualificado para
ajudá-los no seu novo sonho aventureiro. Nos bosques, matas via-se meninos a
correrem como se estivessem fazendo tudo àquilo que leram nos fascículos que
ele escrevia. Ansiavam aventuras. Viver na natureza. Fazer o que ele descreveu
tão bem nos seus fascículos “Scout for Boys”, ou melhor, Escotismo para rapazes.
Para testar as
habilidades e conhecimentos BP fez acontecer o primeiro acampamento Escoteiro
em Browsea. As bases para deixá-los fazer fazendo foram assentadas. O tempo foi
passando. Até alguns anos atrás tínhamos três cursos básicos para que o adulto
pudesse adquirir conhecimentos técnicos até chegar a Insígnia de Madeira.
Nestes cursos ele vivenciava a vida ao ar livre, os acampamentos, vida em
equipe, e com isto o método e o programa foram mantidos na formula que BP
acreditava. Aconteceu que muitos jovens começaram a abandonar o escotismo
devido a sua nova apresentação que muitos adultos que desconheciam estas
atividades passaram a utilizar para atraí-los. Não havia mais uma continuidade
nas tropas de chefes advindo da própria tropa. Começou-se a criar uma estrutura
burocrática que sem perceber dominou todo o movimento escoteiro. Os cursos
foram alterados. Experiências e experiências foram feitas. Muitas sem esperar
os resultados e implantadas como fato consumado.
Criou-se sem
perceber uma oligarquia que decide em nome dos jovens. Acreditam que sabem o
que o jovem quer. Criaram os “Jovens Lideres” cuja idade não corresponde as
reais necessidades dos lobos escoteiros e seniores, o baluarte principal da
formação escoteira. Estes sequer são ouvidos ou perguntados. Alienaram o jovem
na sua vivência escoteira. É comum escotistas exaltarem seus feitos dizendo que
a atividade foi linda! Que isto foi ótimo, que “meus” escoteiros adoraram. Esqueceram-se
de perguntar aos interessados e muitas vezes até perguntaram, no entanto a maneira
usada na pesquisa não deixa dúvida que o jovem vai dizer que gostou. A evasão chegou
avassaladora. Para dar uma motivação criaram um novo uniforme, deixaram para
trás a descoberta a aventura que era a principal motivação do escotismo. Tudo
ficou difícil devido à burocracia que chegou para ficar.
São duas ou três
horas por semana. Só. O que precisamos? Simples. Motivar a participação dos
jovens espontaneamente, deixando que eles façam um escotismo de raiz, pois é
isto que eles querem. Se temos jovens com outras escolhas eles são minoria. A
grande maioria sonha em viver seu sonho aventureiro. Pensemos que em seu bairro
ele tem sua turma, fazem seu próprio programa e vivem em harmonia por anos e
anos. Porque complicamos então nas reuniões e nas atividades Escoteiras? O
jovem na sede quer ver e sentir um escotismo que acreditou. Participar para lembrar-se
de sua casa, de sua escola do professor que só fala que só ele sabe sem nunca
perguntar se é isto que está valendo a pena é melhor não ficar e sair. Ninguem
quer ficar em forma por mais de quinze minutos com alguém falando para ele, com
alguém pegando em sua mão para ensinar, com Monitores brigões, com exigências
descabidas, com ameaças gerais que costumam acontecer.
Esta parafernália de
curso hoje não nos trouxe o sucesso esperado. Muitos deles com pequenas
apostilas seriam o suficiente. Cursos vivenciando o Sistema de Patrulha,
Técnicas Escoteiras, aprender a fazer fazendo, ouvindo, aprendendo a ser mais
amigos dos seus jovens garanto que darão melhores resultados. Escotismo não tem
segredo. Qualquer um que entenda os objetivos do método e do programa, do fazer
fazendo, do Sistema de Patrulha vai sem nenhum problema atingir o sucesso
esperado. Como disse um antigo Chefe de Campo de Gilwell Park John Thurman, existem fatores adversos que não nos dão a correta aplicação
do método. O Escotismo é algo sério, contudo, uma das grandes coisas é a
alegria de participar dele, isso serve tanto para os dirigentes como para os
rapazes. Estamos a pensar somente em termos educacionais ou psicológicos e,
enquanto fazemos isso, perdemos muito da nossa condição de
"amadores". E sabemos que como amadores somos bons, mas como
profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar na vida do rapaz;
complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde, do trabalho.
Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas
das mais formidáveis ideias e práticas que levam os rapazes a segui-las com
entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que
devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do
entusiasmo que ele inspirou. – Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo
a perder são os próprios chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes,
complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e
apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.
Precisamos repensar nossa
maneira e nossas atitudes na aplicação do método Escoteiro. Sabemos que o mundo
está mudando e podemos adaptar sem modificar o básico. O que está sendo
realizado não está dando certo. Só não vê quem não quer. Muitos rapazes e moças
estão saindo. Reclamam das atividades. Alguns se calam pelo autoritarismo do
seu Chefe. O escotismo é dos jovens para os jovens. Quando acreditarmos que
podemos ter sucesso no caminho a seguir, então o escotismo vai conseguir
atingir o que dele todos nós esperamos. Bons cidadãos conscientes de suas
responsabilidades na comunidade onde vivem.
Chefe, grato,gratissimo por nos devolver o direito de sonhar. Nos idos de 71, fizeram-me Chefe de Grupo - Diretor Técnico não!- por temeridade.Tinha então 18 anos!(sic).Grupo de mar em repartição de marinha. Mérito? Boa aprovação num CAB (lembra?) Chefe de Grupo de jovens da mesma idade! Alguns até mais velhos. Efetivo? em torno de 76. BP, Velho Lobo,Gilcraft,leituras ávidas e constantes.Risos,alegria, afoiteza, camaradagem, vontade de aprender e companheirismo.Muito companheirismo foi a principal ferramenta nesta louca aventura. Resultado? 45 anos de serviço ao próximo, 6 grupos fundados ao longo da vida. Hoje, um deles com 35 anos de fundado, outro com 30, muios,muitos irmãos e amigos com quem pude repartir o pão. Fiz curso preliminar este mes. Pretendendo retornar ao Movimento. Um da equipe de formador- que foi escoteiro em um dos grupos que participei- disse-me o seguinte;- Esqueça tudo o que aprendeu.De nada serve mais! -Humildemente tentei seguir-lhe o conselho. Chefe, o escotismo que me apresentaram, pode crer, não é o que aprendí com BP e com todos aqueles chefes que tiveram paciencia, amor, compreensão, generosidade de ensinar a este burro velho! Não tenho dentes prá mastigar o que ai está. Deixei a UEB (triste e desgastado, que a ela dediquei mais de trinta anos de lealdade)e estou migrando com a nova equipe para a AEBP. vou continuar fazendo o que aprendi. Saudosista, recalcitrante, ingrato? Acho que fiel à filosofia escoteira. Deus me ajudará? Penso que sim!
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