Conversa ao
pé do fogo.
Não mais que
uma Patrulha Escoteira.
- Se eles conseguem
ficarem juntos anos e anos na rua onde moram, não tem programa escrito, criam
da imaginação suas palavras e seus atos porque não fazem o mesmo em uma patrulha
Escoteira? – Eram três chefes conversando. Trocando idéias, sugestões, ouvindo
a experiência de um e outro. Interessante que muitos ainda não pensaram a
respeito. Afinal porque os jovens não permanecem muito tempo no escotismo? A
patrulha não seria a extensão dos amigos do bairro? Um filósofo disse que o fato é que o ser humano se diferencia dos
outros animais é por ser capaz de interferir conscientemente no mundo. Além
disso, ao mesmo tempo em que preserva e deseja manter-se isolado e em sua
individualidade, sente-se impelido para o grupo, formando a sociedade humana. E
porque a patrulha não tem dado os resultados esperados? Bem cada um tem sua
opinião. Todas válidas, mas pouco discutidas e difundidas. O Sistema de
Patrulhas é a base fundamental do escotismo. Mas será que estamos realmente no
caminho certo?
Pensemos
com carinho em nossas tropas. Um programa que muitas vezes é feito em grupo, e
mesmo que haja jogos por patrulhas é uma competição individual pode não trazer
os resultados esperados. Perdemos a cada dia vários jovens que por um motivo ou
outro deixam o escotismo em busca de outras escolhas. Quem sabe estamos
esquecendo um pouco o que realmente significa a Patrulha? Sei que muitos
poderiam me dar aulas teóricas sobre ela, mas mesmo assim eu penso que os
objetivos não estão sendo atingidos. Quanto tempo elas tem para conviverem
entre si, se conhecendo, jogando, aprendendo conversando? Muitas vezes as
reuniões não dão o tempo que elas precisam para se entrosar. Tem tropas que
ainda nem pensaram que deveria existir uma área para que eles fizessem seu
canto de patrulha. Qualquer área onde em cada reunião se levassem banquinhos
pequenos e ali ter seu tempo livre para conversar. O tempo infelizmente não é
nosso aliado. Duas três horas por sábado. Uma vez por semana, quatro por mês. Será
que podemos tirar mais tempo para isto?
Quem sabe
precisamos dar mais tempo aos meninos e meninas Escoteiras vivenciarem-se
juntos na patrulha? Qual o papel do Chefe? Claro que sabemos que é um
orientador, aquele que não deixa que eles sigam por caminhos escusos, que
sempre mostra onde o Escoteiro deve seguir para ter um bom relacionamento com
todos. Eu costumo me perguntar: - Quantos tempos às patrulhas convivem juntos
em uma reunião, interagindo, vivenciando e aprendendo? Ora se temos menos de
três horas de reunião como fazer isto? Pensando bem, não seria melhor dar a
eles a oportunidade de estarem juntos nestes períodos, tirando uma pequena
parte para as outras atividades da tropa? Será que com isto perderíamos a razão
de ser de uma reunião de tropa? Eu não acredito nisto. Formar jovens em grupo
ou deixar que eles individualmente se formem com a nossa ajuda é primordial. Se
conseguirmos criar um Espírito de Patrulha, onde todos se respeitam, onde todos
aprendem a liderar e serem liderados não seria esta a função primordial do
método Escoteiro?
Falamos
muito e comentamos sempre o papel do Monitor. BP foi enfático sobre eles. Suas
palavras são lidas até hoje, mas acredito que não compreendidas. O tempo os transformou em meros lideres para
formação dar ordem e carregar os demais contrariamente o que ele pensava.
Afinal adianta levar nossos monitores a cursos específicos se ao voltar tudo
continua na mesma? Volto ao tópico que iniciei esta Conversa ao Pé do Fogo. Se
eles se dão bem com amigos em sua rua, em seu bairro e nas escolas porque na
patrulha não está dando certo? Onde erramos? Lembro que no passado as patrulhas
conseguiam permanecer juntas por anos e havia um respeito e orgulho próprio de
cada um cada vez que se completava um ano de atividade de um patrulheiro. Época
que o bastão totem contava a história da patrulha. Afinal naquela época as
reuniões eram feitas sempre com as patrulhas em ação, nos seus cantos de
patrulha, cantando, conversando, planejando e aprendendo uns com os outros as
provas de classe ainda não conhecidas.
Um dia um Chefe
me perguntou o que seria o “Tempo Livre” que muitos comentam. Pensei comigo que
ele era daqueles que fazia sozinho o programa, os acampamentos, as atividades
mateiras e não deixava a patrulha sugerir vivenciar e aprender fazendo. Muitos
programas de acampamentos são prisões de meninos em grupo e não na patrulha. Seria
surpresa em sua Tropa se dissesse aos seus monitores: - Hoje à tarde teremos
tempo livre, vocês podem pescar passear, subir em árvores, descobrir pegadas de
animais, quem sabe construir uma armadilha para pássaros só para conhecer e
depois soltá-los? Ou após uma cerimonia de bandeira no campo ele dizer aos
monitores: - Façam tudo para os patrulheiros estarem sempre juntos, não seja o
dono das idéias, deixe que cada um caminhe com suas próprias pernas! Sempre dei
tempo às patrulhas quando fui Chefe de Tropa. As atividades tempo livre faziam
parte do todo. Não determinava quais seriam, sugeria é claro, mas eles tinham
liberdade para escolher e fazer.
Nas reuniões
de tropa precisamos dar a eles também este Tempo Livre para se conhecerem. Os
prováveis erros e acertos deveriam ser discutidos em reuniões próprias com os
monitores, em acampamentos específicos com eles. Não é fácil a rotina de um
Chefe Escoteiro. Ele tem que conhecer seus jovens, um por um, ver como anda a
patrulha, como o Monitor está liderando e sendo liderado. Não basta
encaminhá-los a cursos, a encontro de monitores e outras atividades
especificas. Sempre me pautei que a responsabilidade de um bom Monitor é do
chefe e de mais ninguém. Uns dizem que nas cidades pequenas isto e mais fácil e
nas maiores não. Acho que não concordo. Tudo é possível se bem estudado e
regulamentado. Seja em reuniões de sede, em casa de um deles e porque não um
passeio só deles em algum ponto turístico da cidade? Claro com tarefas
específicas, mas o melhor, sem a presença dos chefes. Corrija o caminho se
preciso, mas não fique interferindo sempre, afinal a melhor maneira de atingir
o sucesso é deixar que aprendam a fazer fazendo, e errando se preciso.
Pense nisto.
Quem sabe pode dar certo e o número de jovens que abandonam o escotismo possa
diminuir. Qual Chefe não se orgulha em ver suas patrulhas completas,
participando, sorrindo, fazendo, discutindo e a cada reunião ver que elas
continuam com os mesmos Escoteiros e Escoteiras? Deixe-os andar, deixe-os pensar
e planejar. Se eles fazem isto em seus bairros nas escolas, porque não no
escotismo? É assim que surge o espírito da Lei e Promessa de andar com suas
próprias pernas e claro provar para si próprio que esta é a melhor maneira para
se chegar ao CAMINHO PARA O SUCESSO!
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