Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Não mais que uma Patrulha Escoteira.


Conversa ao pé do fogo.
Não mais que uma Patrulha Escoteira.

                       - Se eles conseguem ficarem juntos anos e anos na rua onde moram, não tem programa escrito, criam da imaginação suas palavras e seus atos porque não fazem o mesmo em uma patrulha Escoteira? – Eram três chefes conversando. Trocando idéias, sugestões, ouvindo a experiência de um e outro. Interessante que muitos ainda não pensaram a respeito. Afinal porque os jovens não permanecem muito tempo no escotismo? A patrulha não seria a extensão dos amigos do bairro? Um filósofo disse que o fato é que o ser humano se diferencia dos outros animais é por ser capaz de interferir conscientemente no mundo. Além disso, ao mesmo tempo em que preserva e deseja manter-se isolado e em sua individualidade, sente-se impelido para o grupo, formando a sociedade humana. E porque a patrulha não tem dado os resultados esperados? Bem cada um tem sua opinião. Todas válidas, mas pouco discutidas e difundidas. O Sistema de Patrulhas é a base fundamental do escotismo. Mas será que estamos realmente no caminho certo?

                        Pensemos com carinho em nossas tropas. Um programa que muitas vezes é feito em grupo, e mesmo que haja jogos por patrulhas é uma competição individual pode não trazer os resultados esperados. Perdemos a cada dia vários jovens que por um motivo ou outro deixam o escotismo em busca de outras escolhas. Quem sabe estamos esquecendo um pouco o que realmente significa a Patrulha? Sei que muitos poderiam me dar aulas teóricas sobre ela, mas mesmo assim eu penso que os objetivos não estão sendo atingidos. Quanto tempo elas tem para conviverem entre si, se conhecendo, jogando, aprendendo conversando? Muitas vezes as reuniões não dão o tempo que elas precisam para se entrosar. Tem tropas que ainda nem pensaram que deveria existir uma área para que eles fizessem seu canto de patrulha. Qualquer área onde em cada reunião se levassem banquinhos pequenos e ali ter seu tempo livre para conversar. O tempo infelizmente não é nosso aliado. Duas três horas por sábado. Uma vez por semana, quatro por mês. Será que podemos tirar mais tempo para isto?

                         Quem sabe precisamos dar mais tempo aos meninos e meninas Escoteiras vivenciarem-se juntos na patrulha? Qual o papel do Chefe? Claro que sabemos que é um orientador, aquele que não deixa que eles sigam por caminhos escusos, que sempre mostra onde o Escoteiro deve seguir para ter um bom relacionamento com todos. Eu costumo me perguntar: - Quantos tempos às patrulhas convivem juntos em uma reunião, interagindo, vivenciando e aprendendo? Ora se temos menos de três horas de reunião como fazer isto? Pensando bem, não seria melhor dar a eles a oportunidade de estarem juntos nestes períodos, tirando uma pequena parte para as outras atividades da tropa? Será que com isto perderíamos a razão de ser de uma reunião de tropa? Eu não acredito nisto. Formar jovens em grupo ou deixar que eles individualmente se formem com a nossa ajuda é primordial. Se conseguirmos criar um Espírito de Patrulha, onde todos se respeitam, onde todos aprendem a liderar e serem liderados não seria esta a função primordial do método Escoteiro?

                       Falamos muito e comentamos sempre o papel do Monitor. BP foi enfático sobre eles. Suas palavras são lidas até hoje, mas acredito que não compreendidas.  O tempo os transformou em meros lideres para formação dar ordem e carregar os demais contrariamente o que ele pensava. Afinal adianta levar nossos monitores a cursos específicos se ao voltar tudo continua na mesma? Volto ao tópico que iniciei esta Conversa ao Pé do Fogo. Se eles se dão bem com amigos em sua rua, em seu bairro e nas escolas porque na patrulha não está dando certo? Onde erramos? Lembro que no passado as patrulhas conseguiam permanecer juntas por anos e havia um respeito e orgulho próprio de cada um cada vez que se completava um ano de atividade de um patrulheiro. Época que o bastão totem contava a história da patrulha. Afinal naquela época as reuniões eram feitas sempre com as patrulhas em ação, nos seus cantos de patrulha, cantando, conversando, planejando e aprendendo uns com os outros as provas de classe ainda não conhecidas.

                   Um dia um Chefe me perguntou o que seria o “Tempo Livre” que muitos comentam. Pensei comigo que ele era daqueles que fazia sozinho o programa, os acampamentos, as atividades mateiras e não deixava a patrulha sugerir vivenciar e aprender fazendo. Muitos programas de acampamentos são prisões de meninos em grupo e não na patrulha. Seria surpresa em sua Tropa se dissesse aos seus monitores: - Hoje à tarde teremos tempo livre, vocês podem pescar passear, subir em árvores, descobrir pegadas de animais, quem sabe construir uma armadilha para pássaros só para conhecer e depois soltá-los? Ou após uma cerimonia de bandeira no campo ele dizer aos monitores: - Façam tudo para os patrulheiros estarem sempre juntos, não seja o dono das idéias, deixe que cada um caminhe com suas próprias pernas! Sempre dei tempo às patrulhas quando fui Chefe de Tropa. As atividades tempo livre faziam parte do todo. Não determinava quais seriam, sugeria é claro, mas eles tinham liberdade para escolher e fazer.

                     Nas reuniões de tropa precisamos dar a eles também este Tempo Livre para se conhecerem. Os prováveis erros e acertos deveriam ser discutidos em reuniões próprias com os monitores, em acampamentos específicos com eles. Não é fácil a rotina de um Chefe Escoteiro. Ele tem que conhecer seus jovens, um por um, ver como anda a patrulha, como o Monitor está liderando e sendo liderado. Não basta encaminhá-los a cursos, a encontro de monitores e outras atividades especificas. Sempre me pautei que a responsabilidade de um bom Monitor é do chefe e de mais ninguém. Uns dizem que nas cidades pequenas isto e mais fácil e nas maiores não. Acho que não concordo. Tudo é possível se bem estudado e regulamentado. Seja em reuniões de sede, em casa de um deles e porque não um passeio só deles em algum ponto turístico da cidade? Claro com tarefas específicas, mas o melhor, sem a presença dos chefes. Corrija o caminho se preciso, mas não fique interferindo sempre, afinal a melhor maneira de atingir o sucesso é deixar que aprendam a fazer fazendo, e errando se preciso.


                   Pense nisto. Quem sabe pode dar certo e o número de jovens que abandonam o escotismo possa diminuir. Qual Chefe não se orgulha em ver suas patrulhas completas, participando, sorrindo, fazendo, discutindo e a cada reunião ver que elas continuam com os mesmos Escoteiros e Escoteiras? Deixe-os andar, deixe-os pensar e planejar. Se eles fazem isto em seus bairros nas escolas, porque não no escotismo? É assim que surge o espírito da Lei e Promessa de andar com suas próprias pernas e claro provar para si próprio que esta é a melhor maneira para se chegar ao CAMINHO PARA O SUCESSO! 

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