Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Porque não
temos prestígio?
É uma boa pergunta. Quem sabe
todos que estão lendo esta crônica tem a resposta na mão. Ficamos sorrindo
quando vemos a foto ou a noticia em outros países de presidentes, reis rainhas,
ministros e grandes personalidades sorrindo, cumprimentando o Escoteiro e até
muitos deles com orgulho envergando o uniforme. Cada país tem sua peculiaridade
e atingem a meta programada do marketing que planejaram. O escotismo tem uma história
em todos os lugares onde existe. Muitas destas histórias são contadas de pai
para filho e isto vem mantendo a chama Escoteira que parece nunca se apaga. São
homens responsáveis por grandes empresas, figuras importantes nos meios
educacionais e políticos que um dia vivenciaram o escotismo nos padrões
badenianos. São do primeiro mundo? Não, tem países até do terceiro e do quarto
mundo se é que assim podem ser chamados que mesmo em menor escala são prestigiados?
Não é o que acontece conosco. Somos completamente desconhecidos a não ser
quando alguém diz sem querer Sempre Alerta e lembram-se do Escoteiro que
atravessa a velhinha na esquina. Alguns até se arriscam a dizer: Aqueles do Chapelão?
Estamos sendo esquecidos e poucos
de nós estão preocupados. Ou será que estão? Tivemos dois Jamborees e ambos com
menos de 5.000 participantes não tivemos um apoio fantástico de marketing. Dá
pena quando vemos algum programa e ali sempre a mesma rotina: - Estes são os
lobos, gostam de brincar e enturmar. Estes são os Escoteiros e Escoteiras.
Armam barracas (sempre tem três ou quatro armando barraca) gostam de cantar,
sabem seguir a pista e etc. e coisa e tal. Pergunte a um pedagogo de uma grande
universidade brasileira, pergunte ao reitor ou ao Professor sobre o escotismo.
Ele dará um sorriso e dirá: - Parece que são coisas de meninos metido a homens
comandados por homens metido a menino! Nos dias de hoje é ganhar na mega sena
ver na TV ou nos jornais ou mesmo em rádios de presença nacional comentando
sobre o movimento Escoteiro.
Poderão me dizer que existem exceções.
Existem sim. Algumas cidades tem uma boa estrutura de Marketing e obtém apoio
para o Grupo Escoteiro. Infelizmente a politica de continuidade não é bem vista
por políticos brasileiros, pois muitos dos que apoiam são substituídos e adeus
ajuda dos órgãos governamentais da cidade. Soube que um grande programa de Escotismo
nas Escolas foi colocado em ação em um estado no norte do Brasil. Em dois anos
o efetivo quadriplicou. Cursos, palestras, idas e vindas dos membros diretores
da UEB e de repente mudou o titular no estado e tudo foi por água abaixo. Que
segurança é esta? O porquê disto? Sei que você que está lendo tem a resposta na
ponta da língua. Mas olhe, alguém tem culpa. O Chefe? O distrital? O Presidente
da Região? O Presidente Nacional? Afinal mudaram tudo. Mudaram nossa maneira de
ser, mudaram o programa dos jovens. Não satisfeitos mudaram muitas de nossas
tradições. Hoje o que se vê é uma alta evasão que corroem tudo aquilo que
poderia dar certo no futuro.
Sempre os que estão na alta cúpula
dizendo que fazem uma revolução Escoteira, que seremos mais bem vistos na
sociedade brasileira nos próximos anos. E o que vem acontecendo? Empacamos. Não
crescemos. Poucas unidades locais fazem um escotismo de qualidade e quase não
conseguem manter por anos seus jovens na senda Escoteira. Ano a ano vem um se
explicar, dizendo que devemos acreditar que vamos seguir a trilha do sucesso. É
só esperar. E a gente espera. Sentado, andando, dormindo e acampando. E nada! O
que vemos é uma politica escoteira que não chega a lugar algum. Aquele
escotismo de raiz, simples na sua lida, gostoso de se fazer se complica. Se
tornou um movimento fechado, onde o voluntário não tem o valor devido. Sei que
o mundo brasileiro hoje não é o mesmo da década de cinquenta, sessenta setenta
ou oitenta. Mas jogar para o alto tantas coisas que lutamos para fazer e ser
reconhecido como um movimento educativo não está dando mais resultados.
Pelo menos no passado alguns
lideres nacionais, em posições de relevo davam seu testemunho para o movimento Escoteiro.
Hoje? A UEB se esforça em criar uma frente parlamentar Escoteira. Pelo menos
alguns deles já deviam estar fazendo marketing para o escotismo. Mas nada
acontece. Quantas reuniões fizeram? Mas cá entre nós, não vamos esperar muito,
são políticos e esta safra de políticos de hoje não se pode confiar. Deveria
haver uma linha de ação, não esta cheia de papos furados, cheias de palavras
vazias, que não deu certo em nada até hoje. Mas podemos participar dando
sugestões? Podemos liderar uma cruzada em prol de uma ideia para ser discutida
e posta em prática? Não! Tente isto sem ser um deles e você será admoestado ou melhor levado a uma
comissão de ética. Arre! Me dá coceiras só em pensar nela. Escotismo, amor,
fraternidade, igualdade, lealdade e alguém vai ser julgado? Chefe! Ele merece!
Bem se merece chamem alguém tipo Salomão e diz: Amigo querermos você, mas vamos
dialogar se você está errado ou não. Se estiver quem sabe é melhor entregar seu
cargo e vá com Deus.
Eu já disse e repito. Onde estão àqueles
profissionais Escoteiros de outrora? Quando digo profissionais são homens
preparados e adestrados para o que devem fazer. Alguém sabe se ouve ou vai haver
uma grande cadeia nacional para discutir o porquê não estamos crescendo? É
função só do DEN ou quem sabe estas comissões criadas que ficamos pensando para
que serve além do que já se sabe. Como parar com a evasão que assola o
movimento? Como fazer que o Chefe antigo ou o voluntário novo não nos deixe na
mão? Como ser recebido por uma autoridade se apresentando como um verdadeiro Escoteiro,
bem uniformizado, sabendo o que vai ouvir e falar? Nada disto a gente vê.
Quando muito vem um que já se acostumou e quem sabe pretende ser um dos
politicamente corretos a dizer: - É um regime representativo, quem eu votei tem
meu voto de confiança! Outros dizem que esta dialética politica entranhada no
escotismo onde uma pequena facção foca somente as mazelas e culpa as lideranças
por tudo não leva a lugar algum. Todos tem o direito de espernear. Mas pergunte
sempre: Onde estão os resultados?
Dizer que poderíamos ter outro
regime representativo; que um sistema de consultas frequentes nas unidades
locais de temas atuais; que a criação de um órgão regional e local para manter
discussões de assuntos de interesse Escoteiro nacional, participando
democraticamente, elegendo uma diretoria que represente suas ideias. Isto ninguém
quer aceitar. Todos estão focados no que existe e ninguém quer mudar. Nunca
aceitam ou mesmo fazem um mea-culpa do porque não temos representatividade ou
porque não crescemos. Acham que este sistema é o melhor para nós. Verdade ou
não, só o cego que conduz outro cego sabe que vai cair uma hora ou outra. Vejam
em termos nacionais o que somos e onde anda nosso prestígio. Não pense que seu
grupo seu estado vai de vento em popa. Somos um plêiade de homens e mulheres
com o mesmo objetivo. Mas para alcançá-lo precisamos de todos. Do lobinho ao Presidente
ou Presidenta do Brasil!
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