Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Porque não temos prestígio?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Porque não temos prestígio?

              É uma boa pergunta. Quem sabe todos que estão lendo esta crônica tem a resposta na mão. Ficamos sorrindo quando vemos a foto ou a noticia em outros países de presidentes, reis rainhas, ministros e grandes personalidades sorrindo, cumprimentando o Escoteiro e até muitos deles com orgulho envergando o uniforme. Cada país tem sua peculiaridade e atingem a meta programada do marketing que planejaram. O escotismo tem uma história em todos os lugares onde existe. Muitas destas histórias são contadas de pai para filho e isto vem mantendo a chama Escoteira que parece nunca se apaga. São homens responsáveis por grandes empresas, figuras importantes nos meios educacionais e políticos que um dia vivenciaram o escotismo nos padrões badenianos. São do primeiro mundo? Não, tem países até do terceiro e do quarto mundo se é que assim podem ser chamados que mesmo em menor escala são prestigiados? Não é o que acontece conosco. Somos completamente desconhecidos a não ser quando alguém diz sem querer Sempre Alerta e lembram-se do Escoteiro que atravessa a velhinha na esquina. Alguns até se arriscam a dizer: Aqueles do Chapelão?

              Estamos sendo esquecidos e poucos de nós estão preocupados. Ou será que estão? Tivemos dois Jamborees e ambos com menos de 5.000 participantes não tivemos um apoio fantástico de marketing. Dá pena quando vemos algum programa e ali sempre a mesma rotina: - Estes são os lobos, gostam de brincar e enturmar. Estes são os Escoteiros e Escoteiras. Armam barracas (sempre tem três ou quatro armando barraca) gostam de cantar, sabem seguir a pista e etc. e coisa e tal. Pergunte a um pedagogo de uma grande universidade brasileira, pergunte ao reitor ou ao Professor sobre o escotismo. Ele dará um sorriso e dirá: - Parece que são coisas de meninos metido a homens comandados por homens metido a menino! Nos dias de hoje é ganhar na mega sena ver na TV ou nos jornais ou mesmo em rádios de presença nacional comentando sobre o movimento Escoteiro.

              Poderão me dizer que existem exceções. Existem sim. Algumas cidades tem uma boa estrutura de Marketing e obtém apoio para o Grupo Escoteiro. Infelizmente a politica de continuidade não é bem vista por políticos brasileiros, pois muitos dos que apoiam são substituídos e adeus ajuda dos órgãos governamentais da cidade. Soube que um grande programa de Escotismo nas Escolas foi colocado em ação em um estado no norte do Brasil. Em dois anos o efetivo quadriplicou. Cursos, palestras, idas e vindas dos membros diretores da UEB e de repente mudou o titular no estado e tudo foi por água abaixo. Que segurança é esta? O porquê disto? Sei que você que está lendo tem a resposta na ponta da língua. Mas olhe, alguém tem culpa. O Chefe? O distrital? O Presidente da Região? O Presidente Nacional? Afinal mudaram tudo. Mudaram nossa maneira de ser, mudaram o programa dos jovens. Não satisfeitos mudaram muitas de nossas tradições. Hoje o que se vê é uma alta evasão que corroem tudo aquilo que poderia dar certo no futuro.

             Sempre os que estão na alta cúpula dizendo que fazem uma revolução Escoteira, que seremos mais bem vistos na sociedade brasileira nos próximos anos. E o que vem acontecendo? Empacamos. Não crescemos. Poucas unidades locais fazem um escotismo de qualidade e quase não conseguem manter por anos seus jovens na senda Escoteira. Ano a ano vem um se explicar, dizendo que devemos acreditar que vamos seguir a trilha do sucesso. É só esperar. E a gente espera. Sentado, andando, dormindo e acampando. E nada! O que vemos é uma politica escoteira que não chega a lugar algum. Aquele escotismo de raiz, simples na sua lida, gostoso de se fazer se complica. Se tornou um movimento fechado, onde o voluntário não tem o valor devido. Sei que o mundo brasileiro hoje não é o mesmo da década de cinquenta, sessenta setenta ou oitenta. Mas jogar para o alto tantas coisas que lutamos para fazer e ser reconhecido como um movimento educativo não está dando mais resultados.

               Pelo menos no passado alguns lideres nacionais, em posições de relevo davam seu testemunho para o movimento Escoteiro. Hoje? A UEB se esforça em criar uma frente parlamentar Escoteira. Pelo menos alguns deles já deviam estar fazendo marketing para o escotismo. Mas nada acontece. Quantas reuniões fizeram? Mas cá entre nós, não vamos esperar muito, são políticos e esta safra de políticos de hoje não se pode confiar. Deveria haver uma linha de ação, não esta cheia de papos furados, cheias de palavras vazias, que não deu certo em nada até hoje. Mas podemos participar dando sugestões? Podemos liderar uma cruzada em prol de uma ideia para ser discutida e posta em prática? Não! Tente isto sem ser um deles  e você será admoestado ou melhor levado a uma comissão de ética. Arre! Me dá coceiras só em pensar nela. Escotismo, amor, fraternidade, igualdade, lealdade e alguém vai ser julgado? Chefe! Ele merece! Bem se merece chamem alguém tipo Salomão e diz: Amigo querermos você, mas vamos dialogar se você está errado ou não. Se estiver quem sabe é melhor entregar seu cargo e vá com Deus.

              Eu já disse e repito. Onde estão àqueles profissionais Escoteiros de outrora? Quando digo profissionais são homens preparados e adestrados para o que devem fazer. Alguém sabe se ouve ou vai haver uma grande cadeia nacional para discutir o porquê não estamos crescendo? É função só do DEN ou quem sabe estas comissões criadas que ficamos pensando para que serve além do que já se sabe. Como parar com a evasão que assola o movimento? Como fazer que o Chefe antigo ou o voluntário novo não nos deixe na mão? Como ser recebido por uma autoridade se apresentando como um verdadeiro Escoteiro, bem uniformizado, sabendo o que vai ouvir e falar? Nada disto a gente vê. Quando muito vem um que já se acostumou e quem sabe pretende ser um dos politicamente corretos a dizer: - É um regime representativo, quem eu votei tem meu voto de confiança! Outros dizem que esta dialética politica entranhada no escotismo onde uma pequena facção foca somente as mazelas e culpa as lideranças por tudo não leva a lugar algum. Todos tem o direito de espernear. Mas pergunte sempre: Onde estão os resultados?


                 Dizer que poderíamos ter outro regime representativo; que um sistema de consultas frequentes nas unidades locais de temas atuais; que a criação de um órgão regional e local para manter discussões de assuntos de interesse Escoteiro nacional, participando democraticamente, elegendo uma diretoria que represente suas ideias. Isto ninguém quer aceitar. Todos estão focados no que existe e ninguém quer mudar. Nunca aceitam ou mesmo fazem um mea-culpa do porque não temos representatividade ou porque não crescemos. Acham que este sistema é o melhor para nós. Verdade ou não, só o cego que conduz outro cego sabe que vai cair uma hora ou outra. Vejam em termos nacionais o que somos e onde anda nosso prestígio. Não pense que seu grupo seu estado vai de vento em popa. Somos um plêiade de homens e mulheres com o mesmo objetivo. Mas para alcançá-lo precisamos de todos. Do lobinho ao Presidente ou Presidenta do Brasil!                          

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