Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sábado, 20 de janeiro de 2018

Lendas maravilhosas. A história do toque do Silêncio.


Lendas maravilhosas.
A história do toque do Silêncio.

                   Capitão Barbosinha não tinha filhos no escotismo, mas sempre estava presente em reuniões de sede e até mesmo em acampamentos ele fazia uma visita relâmpago. Não sei por que o Chefe Tomaz não tomou dele a promessa. Era menino naquela época e quem sabe deveria haver uma história que não poderia ser contada. Todos nós gostávamos muito dele. Calmo, ponderado sempre com uma instrução militar ou uma história para contar.

                   Nunca esqueci aquela tarde, acampados as margens do Rio Guaçuí, ele chegou de bicicleta sem ofegar. Rimos a valer quando ele apoitou em uma árvore e perdeu o equilíbrio caindo como uma fruta madura no chão. Ele era da Policia Militar e muito querido por todos. Um dia me disse que deveria ter sido escoteiro e não foi. Quando notou meu clarim pendurado na ponta da minha barraca ele me perguntou: - Vado, você conhece a lenda do toque do silêncio?

                   Milito e pedregulho ouviu o que ele dizia e por um toque de assovio chamou toda Patrulha. Era nossa maneira de se comunicar. Sentamos a sua volta e ele de cócoras sorriu e começou a contar: - Escoteiros! É uma lenda quando ouve a terrível Guerra Civil Americana, lá pelos idos de 1862. O Capitão Robert Ellicombe do Exercito da União estava com seus homens perto de Harrison’s Landing, na Virginia. O Exército Confederado estava do outro lado de uma estreita faixa de terra. Durante a noite o Capitão Ellicombe ouviu os gemidos de um soldado caído, gravemente ferido no campo.

                 - Sem saber se era um soldado da União ou um Confederado, o Capitão decidiu arriscar sua vida e trazer o homem atingido para cuidados médicos. Arrastando-se deitado em meio ao tiroteio ele o alcançou e começou a puxá-lo em direção ao seu acampamento. - Quando finalmente alcançou suas linhas descobriu que o soldado era na realidade um Confederado, e que ele havia morrido. O Capitão acendeu uma lanterna e na obscura luz viu a sua face. Era o seu próprio filho.

                 - O rapaz estava estudando música no Sul quando a guerra começou. E sem falar com seu pai, alistou-se no Exército Confederado. Na manhã seguinte, o capitão pediu permissão aos seus superiores para dar a ele um funeral com honras militares, apesar de ser um soldado inimigo. Seu pedido foi apenas parcialmente atendido. Ele solicitara que alguns membros da banda militar pudessem tocar um hino para o funeral, mas os comandantes não concordaram, uma vez que o soldado era um Confederado. Mas, por respeito ao pai, eles lhe ofereceram só um musico.

                 - O Capitão escolheu um corneteiro. Pediu a ele para tocar uma série de notas musicais que havia encontrado em um pedaço de papel no bolso do uniforme de seu filho. Nasceu então a triste melodia executada em serviços funerais de militares e que conhecemos como o Toque do Silêncio!

                - Notei que o Capitão Barbosinha estava emocionado ao terminar o conto. Mas todos nós entendemos o porquê ficou triste. Sabiamos que um filho seu morreu de acidente de automóvel há dois anos. Um por um cada um de nós fomos até ele e fizemos questão de um forte aperto de mão e um abraço. Quando chegou a hora de recolher pedi ao Chefe João Soldado se podia tocar o toque do Silencio naquela noite. Autorizado toquei quem sabe o mais lindo toque que já tinha realizado.

                 Se alguns de vocês leitores ainda não ouviram o verdadeiro toque do silencio, no site do Youtube poderão ouvi-lo e ver a beleza de um toque tão triste.


Nota: - O silêncio, uma música, um toque, um cheiro e meu pensamento vai parar lá no passado, naqueles belos tempos, todos dormindo e o toque ressoando na floresta sem querer acordar o que ali moravam. Belos tempos que não voltam mais.

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