Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ATIVIDADES AVENTUREIRAS - Fasc. 22



ATIVIDADES AVENTUREIRAS  fasc. 22
          
“ Como era belo viver, enlaçado pôr um anel
   Nas costas uma mochila, ao longe uma bandeira,
   Embrenhar em matas, na trilha que foi desfeita.
   Procurar a alegria, forçar uma maneira, de
   te ver, de te sentir. Escotismo, onde está você ?

   Saudosista, vaidoso, velho do movimento.
   Não sabes que o mundo é outro e passamos 2006?
   Que queres o que procura? mudanças ou continuísmo?
   Aceite o natural, do chapéu a boina preta,
   Pois isto é o real. Do curto ao comprido, a cor não
   importa mais...
                                    O...PATA...TENRA

PARA AQUELES  QUE VIVERAM O QUE EU VIVI!

O Chefe formou a tropa pôr patrulha. Estavam desalinhados, conversando entre si e não prestavam nenhuma atenção ao  dirigente. As instruções eram dadas a todos indiscriminadamente.  A maioria não ligava a mínima ao que ele falava. Os monitores a frente ouviam sem interesse. O local apesar de não ser o ideal, oferecia condições para uma boa atividade ao ar livre.
Estava junto ao “Velho” que embasbacado não sabia se daria uma “lição” naquele Escotista ou permaneceria calado como eu estava.
Foi uma coincidência. Fui levar o “Velho” até um parque fora da cidade, pois ele adorava brincar com os netos em plena natureza. Apesar deles não participarem do movimento ele não deixava de aproveitar para brincar adestrando. Tão logo tínhamos descido do veículo,  deparamos com aquela cena que tinha tudo para mostrar ao publico ali presente, um autentico “sargentão“ e seus soldadinhos (só que indisciplinados). Totalmente fora do que pretendia o Movimento Escoteiro.
Com sua pose de líder, um grande bigode para impressionar, lá estava o dito, a preparar uma atividade, mais apropriada para lobinhos do que os jovens que ali foram a procura de atividades aventureiras que nunca tinham feito mas que acreditavam encontrar no Escotismo. Deu um fora de forma na melhor pose do momento e respirou fundo satisfeito. Achou  que tinha impressionado a todos que o observavam. Alem de péssimo chefe também era um péssimo ator!. O Sistema de Patrulhas desaparecera ou nunca tinha acontecido naquela tropa.
Felizmente, o “Velho” não interveio. Me chamou e fomos em frente, evitando ver e sentir a decepção dos jovens que viria com o final da atividade.
Durante o tempo que ali permanecemos, o “Velho” nada falou ou comentou. Não precisava. A realidade não deixava dúvidas. Sempre  tropeçávamos com uma ou outra patrulha, desconexa, sem liderança, a fazer coisas que não estava previsto, ou mesmo fugindo da atividade em busca de uma sombra ou dos “ brinquedos “ que ali existiam.
No retorno, lá estavam eles, formados sempre pôr patrulhas, uniforme em frangalhos, desanimados, pensando que não era aquilo que queriam. Tudo pôr culpa de um adulto mal formado, que recebeu uma responsabilidade sem estar devidamente preparado ou adestrado.
Alguns dias haviam se passado e numa noite de reunião da tropa, passei pôr uma pequena saleta onde o Chefe  e mais dois assistentes do Grupo Escoteiro que eu fazia parte estavam em reunião com os monitores a discutirem uma atividade aventureira. Lembrei-me da anterior e pude notar uma diferença fundamental. A preparação era feita pelos jovens. Os chefes apenas completavam aqui e ali parte do programa, pois na mente daqueles monitores, tudo era muito fácil para se conseguir e quem sabe poderiam ter alguma surpresa no final, motivo pela qual os chefes davam opinião.
Pude observar que se tratava de um Bivaque, onde se pretendia percorrer 20 km a pé, de um sábado a um domingo, dormindo ao ar livre e montando abrigos naturais. O local desconhecido pelos rapazes, não o era pelo chefe da Tropa. Tudo estava sendo planejado a fim de evitar acidentes de percurso. Toda a área do bivaque seria visitado pôr um assistente a noite. ( na atividade não participaria chefes ou assistentes).
O percurso era uma estrada carroçável sem bifurcação. Os horários estavam sendo previamente estabelecidos. A possibilidade de alteração do tempo estava sendo discutida. Um dos assistentes ficou de passar uma semana antes pelo local com a finalidade de contatar alguns sitiantes, avisando da atividade e sendo solicitados a colaborar em caso de necessidade. Não era a primeira vez que a tropa fazia uma atividade aventureira  desta maneira. Houveram outras e até uma bem mais difícil, onde os jovens tinham se saído esplendidamente e o mais importante, contavam a todos aquela aventura inesquecível!.
O domingo findava. A tarde fria, com o tempo nublado, convidava a ir até a casa do “Velho“. Era uma rotina.
Apesar do “cachimbo“, da fumaça horrorosa, e das manias do “Velho”, eu gostava de ouvir e aprender quando ele se dispunha a falar. Pulei os seis degraus de dois em dois. A porta semicerrada deixava passar o lusco fusco da lâmpada da Sala Grande e o “Velho” lá estava, como a adivinhar minha chegada, mantendo sua pose principal ou seja, não dando a mínima. Eu sabia que no fundo ele aguardava minha presença com ansiedade, pois não havia outras visitas como outrora e eu era um grande ouvinte.    
- O mundo evoluiu e mudou. Era o “Velho” falando de supetão!. Sentei sem saber onde ele queria chegar. - Mas Atividades Aventureiras feitas ao ar livre nunca mudarão.
Agora estava entendendo!. Apesar de já passado semanas, ele não tinha esquecido-se do meu comentário e esperou uma ocasião propícia.
- Continuou o “Velho”- Você pode criar outra organização tão boa como o Escotismo, com outro programa e método. Acredito que  o nosso Movimento não é o único perfeito para a formação do caráter. Conheci excelentes resultados em organizações similares e sem menosprezar funcionam bem!.
- Nosso Movimento tem um programa definido e seus métodos são simples para atrair o jovem espontaneamente. No momento que tentamos adaptar situações diferentes do que pensou o nosso fundador, garanto que vamos fracassar.
 Veja você o que está  se passando ao nosso redor. Muitas mudanças e todos acreditando que vão acertar. Mas não. Estão errando e feio. O jovem queira ou não queira é um idealista arraigado ao passado sem o saber. Se pudéssemos conhecer o futuro, seja em qualquer época, iríamos ver que a natureza se sobrepõe a tudo.
- Aquela velha foto onde  mostra que ele entrou para o Escotismo pensando em encontrar aventuras, vida ao ar livre, atividades em equipe, natação, subir em arvores, armar barraca, manusear cordas, machadinhas, facões, aprender transmissões rudimentares a distancias, poder fazer seu próprio destino junto aos seus amigos sem adultos pôr perto, tudo isto e muito mais vai continuar prevalecendo pôr um bom tempo.
- Não é atoa que hoje  uma atividade rentável é explorar acampamentos próprios para a juventude. Fiquei sabendo que na maioria, praticam algumas atividades aventureiras, com monitores (adultos) nem sempre preparados, mas que dois meses antes das ferias estão completamente lotados e quem quiser participar de ultima hora tem que enfrentar lista de espera. ( e com preços bem salgados) - Paga-se para fazer o mínimo do que o Escotismo faz sem nada cobrar.
- Tire isto dele e não terá uma participação espontânea sem um outro programa substituto, que ainda desconheço mas até posso concordar que venha a ser elaborado!.
Eu ouvia com atenção as palavras do “velho“. Estava sentindo que as mudanças até então não alcançavam objetividade. Daquela movimentação de outrora, o numero diminuiu em relação ao aumento populacional e os jovens tinham mais uma participação de sede e poucos saiam para alguma atividade pôr conta própria ou da patrulha.
Todos agora se escondem em seus grupos que se transformaram em autênticos mosteiros, sem que o público tome conhecimento de sua existência.
- É tão difícil - continuou o “Velho”. Nunca temos tempo para acompanhar os jovens em todas as atividades que planejem. E é claro, se ficarmos acompanhando não tem graça e vai de encontro a formação deles. Em grandes cidades muitos cuidados são necessários mas não são impossíveis para que eles façam suas atividades aventureiras sozinhos. Um treinamento adequado, dentro do perímetro da sede, bom adestramento, um pouco mais longe depois, e pronto, tenho certeza que não irão decepcionar.
- Muitas atividades aventureiras surgem do nada para transporem o sonho daqueles jovens que entraram no Escotismo pensando encontrar e a encontraram. Se você fizer uma “Carta Prego” (detalhes previamente definidos em uma carta), com atividades previstas dentro de um ônibus urbano no seu percurso de ida e  volta, além de não oferecer perigo, vai despertar a atenção deles.
-  Aumentando a distancia e o tempo, o adestramento estará sendo progressivo. Uma viagem em um trem de subúrbio com trajeto estabelecido, seria outra atividade que eles mesmos poderiam programar.
-  E finalmente, um bom papo com o um chefe amigo de outra cidade, seria um passo para uma atividade marcante, fora do perímetro urbano, sem o chefe pôr perto.
-  Poderia me alongar mais mas o que vemos é exatamente o contrário. Fecharam os jovens entre os muros dos pátios, e querem que eles permaneçam pôr algum tempo sem reclamar e sem acharem outras atividades mais interessantes.
- O “Velho“ estava no seu dia. Falava fluente e até chegou a conversar comigo, num tete a tete interessante, diferente de sua rotina.
Comentei quanto a apresentação ao público, pois tinha duvidas se os jovens estavam devidamente preparados para mostrar uma formação típica de quem tem Espírito Escoteiro.
- Em primeiro plano, temos que ver o valor da atividade o objetivo e a aceitação pelo jovem. Se ele absorveu ou não.  Falou o “velho“. É claro que a preparação é deles. Convenhamos que se não existe uma boa Corte de Honra ,um bom Conselho de Monitores e Reuniões de Patrulha, nunca haverá  planejamento para uma boa Atividade Aventureira..
-  Agora, uma tropa que se apresenta bem na frente do Chefe e na falta dele deixa a desejar não está sendo preparada no espírito da Lei Escoteira. Esta é condição primordial em qualquer atividade.
- Acredito que confiando teremos o retorno. E olhe bem, a melhor propaganda do Escotismo são Escoteiros bem uniformizados, fazendo atividades e vistos pelo público.
- Você pode unir o útil ao agradável e manter viva a chama das Atividades Aventureiras. Elas são  primordiais para  ajudar na motivação, adestramento progressivo e criar lideranças.
-  Não importa a época. Importa sim, a alegria e a satisfação de pertencer ao grupo a patrulha e de ser mais um na atividade , principalmente se você ouvir os comentários dos jovens positivamente e dando a eles liberdade de ação!.
- Nada é difícil. Difícil é começar sem complicar. Lembro bem que quando fui Escoteiro, nossa patrulha sabia preparar um cardápio, material simples, tudo acondicionado na mochila e visitamos locais em que achávamos sermos os primeiros a estar ali. Fizemos um percurso de 50 quilômetros, onde uma Bandeira (Os Bandeirantes) passou e nos sentimos como eles.
- Nosso treinamento era feito na sede e no campo estávamos em casa. Aprender a fazer pista ou nós sem utilizar na prática é idiotice. Isso talvez seja um dos motivos da falta de motivação que está tomando conta dos jovens de hoje. Fazer fazendo. Não aprender sem fazer!
Poderia enumerar dezenas de boas atividades aventureiras, mas elas podem ser montadas facilmente pelos jovens. É só acreditar que eles são capazes e confiar!.
O telefone tocou. Era a filha do "Velho" . O tempo estava fechado. Chovia a cântaros lá fora. Aguardei até poder retornar a minha residência. Gostaria de ter participado de uma boa Atividade Aventureira.
Vou propor ao Conselho de Chefes uma atividade assim só com adultos!. Vai ser diferente mas acredito que servirá para abrir o caminho que os jovens estão esperando!.

“ Você pode encontrar bem perto aquilo que procuras. Nada é impossível para quem acredita e busca acertar. O sorriso de uma criança, o ocaso de uma tarde  e o alvorecer visto do alto de uma montanha está ali. Acredite no jovem. De a ele condições para fazer e ele o fará. O Escotismo é para ele e você é um mero colaborador!!!.
                        O ...PATA...TENRA

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