Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

BASES DA BOA LIDERANÇA DE UM GRUPO ESCOTEIRO - Fasc.59 e 60




BASES DA BOA LIDERANÇA DE UM GRUPO ESCOTEIRO - Fasc. 59

"Bons líderes fazem as pessoas sentir que elas estão no centro das coisas, e não na periferia. Cada um sente que ele ou ela faz a diferença para o sucesso da organização. Quando isso acontece, as pessoas se sentem centradas e isso dá sentido ao seu trabalho.”
 (Warren G. Bennis)

AO DIRETOR TÉCNICO, O BALUARTE DE UM GRUPO ESCOTEIRO

Capítulo I

               Eu tinha certeza absoluta. Não havia dúvidas. Nem podia haver. Éramos um time. Uma equipe bem formada e nada poderia dar errado. Os escotistas do grupo sabiam de cor e salteado seus direitos e deveres no Grupo Escoteiro. Todos nós possuíamos o POR, os estatutos da UEB e o Regimento Interno. Estou dizendo isto porque no início do mês, um dos assistentes da tropa escoteira não concordou com diversos pontos apresentados pelo Conselho de Chefes e mesmo sendo minoria, achou melhor reclamar na regional.

               Os dirigentes regionais enviaram um observador até o grupo para que tomasse pé do que estava acontecendo. Eu não gostei. Ninguém gostou. Um telefonema ao Diretor Técnico seria o suficiente. Era como se não tivéssemos condições de resolver um problema tão pequeno. Se ele, o observador fosse mais maduro tecnicamente, vá lá. Mas não, um jovem imberbe sem nenhuma experiência e cheio de ostentação querendo mostrar a todos algum que não era.

               Já conhecia tais figuras. O "Velho" adorava. Acredito que eles sempre existem onde não deveriam existir. Claro, temos uma norma a cumprir e deixar que ele faça seu trabalho é um deles. Mas cá entre nós, a Região deveria ter mais sensatez com alguém sem condições nenhuma de qualquer análise dos fatos e feitos acontecidos em nosso Grupo Escoteiro.

               Aquele sábado não estava sendo bem aproveitado. De manhã o "Velho" me telefonou pedindo (exigindo) que o levasse ao dentista. Disse para eu chegar impreterivelmente às sete horas. Ora, a semana inteira trabalhando, levantando cedo, e só porque cheguei cinco minutos atrasados, me encheu os ouvidos de conversa fiada. Claro, o "Velho" era assim. Eu aceitava, mas o dia começou mal.

              Nem bem pegamos a principal artéria da cidade e eis que um engarrafamento monstro se formou. Uma batida entre um carro e uma moto foi à causa. Andando a passo de tartaruga, chegamos ao Dentista do "Velho" com mais de uma hora atrasado.  Como eram velhos amigos, pois tinha sido escoteiro do "Velho" quando criança o atendeu assim mesmo. Não sem antes lembrar que o verdadeiro escoteiro é pontual. Pontualidade britânica meu amigo. Não foi assim que me ensinou? – disse. O "Velho" ficou uma fera e descarregou em cima de mim.

             No retorno fiquei ouvindo o que não queria. Danado de "Velho"! Se não gostasse tanto dele como se fosse meu pai, o mandava as favas. Nem comentei com ele sobre o acontecido no grupo. Sabia que não iria gostar. Se estivesse lá à tarde com a visita do assistente Regional, iria espernear e o mandar sumir, enfim eu que o conhecia e sabia como era a figura achei melhor ficar calado.

             Agora, a pedido (mais uma exigência) do Assistente regional, solicitou que fosse reunido em caráter extraordinário o Conselho de Chefes do Grupo após a reunião das sessões. Muitos não gostaram, tinham compromissos, mas por insistência do Chefe do Grupo, digo, Diretor Técnico (que nome, meu Deus!), pois era bem considerado por todos, o Conselho de Chefes extraordinário se realizou. Seria melhor que não fosse realizado. Ali senti o porquê de muitos escotistas abandonarem as fileiras onde sempre atuaram com amor e dedicação. O rapazinho era um chato. Sentia-se importante e quase não deixava ninguém falar. Exigiu que nós fizéssemos um relatório, mostrando as causas do desentendimento. De um pequeno problema estava criando um bem maior.

             Dois chefes de sessão levantaram-se e sem mais nem menos foram embora. Só disseram que tinham compromissos inadiáveis. Em menos de cinco minutos a sala esvaziou. Ficamos quatro escotistas dos mais de 18 que estavam no inicio da reunião. Eu o Diretor Técnico (de novo hein?) e duas assistentes de alcatéia. O dito cujo mesmo assim não se tocou. Achou que estava sendo motivo de galhofa e menosprezo. Ficou uma fera. Eu também não agüentava mais suas lamúrias e suas determinações. Avisei o Diretor Técnico que não dava mais e pedi licença.

             No dia seguinte, domingo, achei que não devia ter feito o que fiz. Fora antiético e antipático. Mas o doutorzinho era insuportável. Claro, somos todos irmãos escoteiros, mas existem escoteiros e escoteiros. Acho que me entendem. Liguei para o nosso Diretor Técnico (vou ser obrigado a usar este termo) pedindo desculpas. Ele entendeu perfeitamente. Disse-me que havia ligado para a Região e se ele o tal assistente regional voltasse lá novamente não seria bem recebido. Nosso Grupo Escoteiro era bem quisto, e tinha um nome a zelar. 45 anos de fundação. Respeito é bom e eu gosto.

              Pela manhã, um amigo de outro Grupo Escoteiro me fez uma visita surpresa. Chegou cedo. Mal tinha levantado e o café ainda estava à mesa. Vi que seu assunto era importante para fazer uma visita assim. Aceitou participar da mesa e minha esposa pediu licença para tomar algumas providencias rotineira. Afinal ela trabalha a semana inteira e tem afazeres mil nos fins de semana.

             Ele não demorou muito a entrar no assunto que o levou até ali. Disse que seu grupo estava passando por diversos problemas. Sabia como proceder. No entanto era sempre tolhido em suas decisões. Queria trocar idéias com o "Velho", pois seu conhecimento do Movimento Escoteiro poderia trazer dividendos na solução do problema, assim como seu nome era reconhecido entre todos os escotistas da comunidade.

             Logo me veio à mente nosso quebra-cabeça, que ainda não tinha sido resolvido a contendo no Grupo Escoteiro. O assistente não se contentou com a solução tomada, em que a maioria decide pela minoria. Disse que na próxima assembléia, iria apresentar nova chapa diretora e tinha certeza que iria ser eleita. “Ta bom”, como diz uma amiga minha, mais uma cisão que em tempo algum aconteceu conosco. Um jovem ainda imaturo, tentando dividir e não somar. Uma família, amigos de longa data, vendo alguém tentando corromper uma democracia que fez historia em nosso Grupo Escoteiro.

            Mas voltemos ao meu amigo chefe escoteiro visitante. O tema era parecido, mas diferente. Seu Diretor Técnico se achava o maioral, fiscalizando e prescrevendo normas totalmente fora de propósito. Mais de quatro escotistas já haviam solicitado demissão. Alguns diziam nunca mais voltar as lides escoteira. Veja só – disse – o que um homem mal formado pode fazer. Só prejudica em vez de ajudar. Não entendeu ainda que somando todos ganham.

            Enquanto ele falava, eu meditava sobre tudo que ouvia aqui e ali de falta de sintonia em vários Grupos Escoteiros. Não era o primeiro Grupo e nem seria o último a interromper o trabalho voluntário de excelentes escotistas, que tanta falta nos fazem. Tudo porque indivíduos que não correspondem as nossas expectativas simplesmente se colocam na posição ditatorial, onde suas ordens devem ser cumpridas, queira sim queira não.

           Pedi licença e ali mesmo liguei para o "Velho". Ele do outro lado da linha me disse que seria ótimo se fossemos. Almoçaríamos com ele. Disse que não se incomodasse, pois seria uma conversa rápida. Ele gentilmente disse que se fosse uma conversa rápida que não aparecêssemos. Ele não estaria interessado e iria tirar uma soneca. É só o "Velho". Só o "Velho".

          Fui no veículo do meu amigo. Era perto. Chegamos logo. O "Velho" estava à porta nos esperando. Demonstrou alegria, estava jovial e ameno. O "Velho" era assim. Gostava de receber visitas, principalmente escoteiros. Sentia muita falta. Não tinha mais condições de atuar em um grupo. Sua idade avançada, beirando os 83 anos não o permitia. Para sair era sempre dependente.

           Entramos e quando íamos falar, ele interrompeu. Convidou-nos até o quintal onde havia uma enorme varanda, e lá em cadeiras plásticas confortáveis, ficamos esperando o termino do almoço, com tira-gosto de “morder a língua”. Eu sabia de antemão que seria um manjar dos deuses. Liguei para minha esposa convidando e ela de pronto aceitou. Nada como “filar a bóia” em um domingo na casa de um visinho.

"A genialidade de um bom líder é deixar para trás uma situação com a qual o senso comum, sem a graça da genialidade, consegue lidar de forma bem sucedida. "
 (Walter Lippmann)


BASES DA BOA LIDERANÇA DE UM GRUPO ESCOTEIRO - Fasc. 60

A primeira responsabilidade de um líder é definir a realidade. A última é dizer obrigado. No meio, o líder é um servo. "
( Max De Pree )

AOS TUTORES, ASSESSORES E DEMAIS COLABORADORES ADULTOS DO MOVIMENTO ESCOTEIRO

Capitulo II

                 Não devia ter tomado duas latinhas de cerveja gelada, no ponto. Após o almoço, e que almoço! (tutu de feijão com costelinha, lingüiça - das pequenas legítimas - de porco, um arrozinho com “suam” e com aquela “rapinha”, pequenos nacos de torresmo fresquinhos, meu Deus, de dar água na boca quando lembro de novo), a Vovó era uma cozinheira de mão cheia, diferente da minha esposa que mal sabia fritar um ovo. Mas não digam isto a ela.

                 Fomos para a Sala Grande, e ali me lembrei de quantos anos eu já conhecia o "Velho". No inicio, com seu cachimbo infernal e depois parou. Vejo hoje que ele sente muita falta. Não sei se ajudou na sua saúde quando deixou o cachimbo. Sei que está com problemas pulmonares, respira com dificuldade e sua fala não é mais a mesma. Colocou na vitrola antiga, um LP do seu compositor favorito - Johann Sebastian Bach. Para mim o maior compositor de todos os tempos. Eu já sabia o repertório. Ali estavam  Sonatas e Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga e várias de suas cantatas.

                Impossível não partir para uma fuga também levando meus pensamentos e sonhos para longe dalí. Serrei os olhos e me transportei em plena Leipzing, na Alemanha em 1710 quando ele era cantor da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig. Era como se estivesse lá. Só os fãs incondicionais de Bach sabem o valor de suas composições. Acordei com um pigarro do "Velho" como a dizer você veio aqui para conversar ou para sonhar?

               O "Velho" e o meu amigo já estavam num excelente tête-à-tête. Vi que já haviam entrado no assunto, e demorei um pouco para “sintonizar” a estação certa. O "Velho" ouvia com atenção. Sem interromper. Era sua maneira. Deixava sempre suas ressalvas ou conselhos para o final. O tema não era desconhecido. Muitos adultos abandonavam as fileiras do Movimento Escoteiro por desentendimentos, alguns até sem verem seus próprios erros e limitações. Não vamos aqui discriminar ninguém. Tanto pode ser um escotista como um dirigente.

              O meu amigo era um escotista reservado e cauteloso. Não se sentia bem mantendo este diálogo sem ter o outro lado presente. Mas este não aceitara a “mediação” do "Velho" e não compareceu. Estava convicto de que estava com a razão e não abria mão. O meu amigo estava disposto inclusive a abandonar as fileiras escoteiras, pois a divergência não traria benefício aos jovens, os maiores interessados e o melhor era sua saída.

              Após discorrer sobre a figura do Diretor Técnico do seu Grupo Escoteiro contou em detalhes algumas de suas posições, contrárias a todos os demais escotistas de sessão.  – Obrigou a todos na abertura e no encerramento a ficarem em posição de sentido durante toda a cerimônia, até o debandar. Entregas de certificados, distintivos ou nomeações, teria que ser programado um dia para convite aos pais e autoridades do bairro.

              Continuou – Todos deveriam uma semana antes, entregar uma cópia do programa da semana seguinte a ele. Durante as reuniões, ele poderia interromper quando achasse necessário se por acaso algum errado no seu modo de entender estivesse acontecendo. Ele não autorizaria nenhum acampamento ou atividade extra-sede que não estivesse programada no início do ano, todos os requisitos prescritos em normas da UEB teriam que ser cumpridos a risca. Não tínhamos autoridade para convocar pais, a não ser com autorização dele. Chegar atrasados ou faltar, era motivo de – a) repreensão verbal  -b) suspensão por uma ou duas reuniões -c) se não houvesse um aviso prévio, o escotista seria excluído do grupo.

               Como marcou duas reuniões do Conselho de Chefes por ano, não admitiu nenhuma em caráter extraordinário para qualquer assunto quando foi levantado pela maioria dos chefes. Estão rindo? Eu também riria se o assunto não fosse extremamente desagradável - disse. Nosso efetivo está se evadindo mês a mês. Aquela alegria dos escotistas de outrora não existia mais.

               O "Velho" prestava atenção a tudo. Eu sabia que nada ali era novo para ele. Fatos como este foram absorvidos por ele em suas experiências anteriores. O meu amigo chefe escoteiro se calou. Achou que tinha dito tudo. O "Velho" perguntou – Alguém procurou o distrito? A Região? – Sim respondeu - Mandaram um assistente regional. Um jovem sem nenhuma experiência no assunto. Participou durante quatro anos como pioneiro e logo foi a assistente de tropa. Recebeu a Insígnia da Madeira e recebeu o convite. Claro, era um daqueles carreiristas e aceitou na hora, deixando sua sessão sem liderança nas mãos do Diretor Técnico.

               Eu já conhecia o jovem. Sabia como era. Preferi não comentar. O "Velho" ficou pensativo e num repente começou a falar e daí não parou mais. Comentou que faltava conhecimento de muitos escotistas quando tal fato acontece no Grupo Escoteiro. Todos têm o dever de conhecer e se tudo ali estava previsto nas normas da UEB. - Quem as conhece, acredita que não pode acontecer tal coisa. É só ver as apostilas e manuais fornecidos por download no site da UEB. Muito bem feitos. Extremamente práticos e escritos por alguém que sabe o que diz como fazer e como resolver. Eu mesmo dei uma olhada inclusive nos manuais de cursos e vi que também são muito bem feitos e objetivos.

               O "Velho" deu uma parada e suspirou. – Olhem se tivéssemos pessoal qualificado, acredito que nosso escotismo seria outro. A UEB foi muito feliz no que produziu. Sua intenção foi das melhores. Mas não é isto que acontece na prática. Eu mesmo recebo dezenas de reclamações de escotistas que me conhecem e fatos como o seu acumulam nos escaninhos da direção regional sem uma solução apropriada. O pior é que nos últimos tempos o número de escotistas que abandonam as fileiras da UEB além de ser substancial está indo junto com jovens e até com todo o Grupo escoteiro para as Organizações paralelas,

             - Como diz um velho conhecido, eles não se consideram dissidentes e sim incomodados. Até brincou comigo que não é fato que os incomodados que se retirem? – Concordei com ele. Olhe meu amigo, acho que já comentei aqui antes e vou comentar de novo, a uma corrida oculta da grande maioria de nossos escotistas nas fileiras opostas. Soube que todas elas juntas já ultrapassam em muito 10.000 membros. Um número bem razoável pelo tempo que iniciaram.

             - Lembro bem – continuou – De um artigo publicado lá pelos idos de 1957, faz tempo não? Do então Chefe de Campo de Gilwell John Thurmanm, onde comentava dos Setes Perigos que rondam o escotismo:

                  1. Complacência, do tipo de pessoas que pensam: "há cinqüenta anos temos trabalhado assim e temos feito um bom trabalho, portanto continuemos assim". Recordemo-nos que o trabalho para os rapazes de hoje tem que ser feito pelos homens do presente. Estou tão orgulhoso, como qualquer outro Escotista, do nosso passado, mas isso não nos leva a parte alguma.

                  2, Centralização. Acampamentos Nacionais, Regionais e Jamborees são muito bons, mas quando muito freqüentes, podem ser desastrosos. Devemos dar ao Escotista a maior oportunidade possível para trabalhar com a sua Tropa e infundir-lhe os bons princípios e não juntar os rapazes em grandes massas para um grande espetáculo. Às vezes existe tal número de atividades organizadas pelo Distrito ou Região que praticamente não resta tempo ao Escotistas para trabalhar com as Patrulhas ou Alcatéias.
                 
                  - Leiam este e vejam se não é atual:
                 
                  3. Super administração e não suficiente capacitação. Gostaria de sugerir-lhes dar uma olhadela nos orçamentos e balanços para verificar se aquilo que gasta com papelada e administração está equilibrado com o que se emprega na capacitação técnica. Ambas as coisas são necessárias, porém mantenhamos o equilíbrio.

                  -  Este então, parece que foi escrito hoje!

                  4. Seriedade Demasiada. O Escotismo é algo sério, contudo, uma das grandes coisas é a alegria de participar dele, isso tanto para os dirigentes como para os rapazes. Em alguns países, há o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso, perdemos muito da nossa condição de "amadores". E vocês todos sabem que como amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja e, mais tarde, do trabalho.

            5. Exclusividade, o perigo de pensar que "os chefes devem provir do próprio Movimento". Penso que necessitamos de gente de fora, com diferentes experiências - homens de bem que tenham a faculdade de crítica construtiva e que tragam sangue fresco para o Movimento.
 

                 6. Austeridade demasiada. Acho que tendemos a nos fazer demasiado respeitáveis e a nos converter em um movimento para apenas os rapazes bons, em vez de levar o Movimento para os rapazes que dele necessitam. O Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.

                 7. Trabalhar para fazer super escoteiros. Devemos estar conscientes, no que diz respeito a adestramento, de não tratar de começar um curso a partir de onde deixamos o anterior, sem pensar que necessitamos começar e recomeçar sempre pelas bases e os princípios para progredir a partir destes.

                    Para terminar, recordemo-nos que Baden-Powell, em 1938, proclamava com orgulho e alegria o número de 3 milhões e meio de Escoteiros no mundo. Agora podemos ver um movimento que ultrapassou os 8 milhões, devido justamente à sua simplicidade e ao prazer dos rapazes que tem sido contínuo.

                   Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis idéias e práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou.

                 
Os únicos capazes e possíveis de pôr o Escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento Escoteiro.
               
              - Claro, aí eu poderia discordar de um ou outro comentário do meu estimado irmão escoteiro do outro lado do atlântico. No entanto é um artigo muito atual. Acredito meu amigo que você deve primeiro fazer tudo ao seu alcance para mostrar aos órgãos regionais o fato e as conseqüências que estão acontecendo no Grupo Escoteiro que presta colaboração.

                Se, no entanto não resolverem vá direto aos órgãos nacionais e apresente novamente os fatos, seus relatórios, ou seja, tudo que vocês acham errado. Nada impede que todos vocês chefes façam seu Conselho de Chefes, se não for possível na sede, façam em outro lugar. Convidem o Diretor Técnico. Deixe-o espernear à vontade. Se não for, tudo bem.

                Veja a opinião deles, veja se vão dar razão a vocês ou ao Diretor Técnico. Deixar tudo e partir para outra, seja vestindo o pijama ou indo para outra organização não será benéfico. Primeiro deve-se lutar pelos seus ideais, pelas suas idéias e se finalmente o que acho difícil nenhuma das providencias satisfazerem suas necessidades, aí sim, acho que estão liberados para sair ou procurar um local onde se sintam bem de novo. É importante saber que são voluntários e não profissionais.

              - É evidente que você e os demais tomem conhecimento de todas as normas e regulamentos. Elas não são difíceis de compreender. Lembre-se apesar do pesares ainda estamos em um estado de direito. Faça valer o seu. Se no final discordar da solução final encontrada, paciência. Aí é melhor colocar o chapéu e dizer adeus. Sempre disse que enquanto acharem que sou útil e posso colaborar, estarei presente. Se acontecer o contrário, pego meu boné e vou embora.
             
                Poderia terminar comentando o dito acima, os únicos capazes e possíveis de por o Escotismo a perder, são os próprios chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então – e apenas com essas coisas – podemos arruinar o Movimento Escoteiro.

                Acho que o meu amigo entendeu perfeitamente. Eu também. Agora teria de agir de forma diferente de como agi antes em nosso desentendimento no Grupo Escoteiro. O "Velho" me olhou e disse – Entendeu não é? Veja se agora conserte as besteiras que estão fazendo! - Deus do céu! O "Velho" continua lendo pensamento?

                Como sempre a Vovó chegou com seu carrinho de guloseimas. Biscoito de polvilho quentinho, brevidades, sonhos dourados brilhantes com açúcar em cima, um fabuloso bolo de quindim, pãezinhos quentes feitos na hora, um café fumegando, chocolate quente. O que mais eu iria querer?

                De novo a vitrola ligada, de novo Johann Sebastian Bach. De novo as Sonatas e Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga. Era isto que me prendia ao "Velho”. Claro, também meu amor ao escotismo, minha vontade de aprender mais e mais. Agora ele não era mais o meu tutor, o meu assessor, sempre fora meu guia, meu chefe, meu pai. Com 83 anos e ainda mantém uma mente viva e forte para trazer aqueles que o procuram, uma solução, uma idéia. “
“Um caminho para o sucesso”

Talvez, ao me ouvir falar em felicidade, você se pergunte se eu não tenho problemas, se tudo dá sempre certo para mim, se nunca passei por uma grande dificuldade que me tenha deixado marcas, a resposta é claro que sim, superei e estou aqui." 
Luís Alves


Nenhum comentário:

Postar um comentário

obrigado pelos seus comentários