Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sábado, 3 de dezembro de 2011

EXPANSÃO, SONHO OU REALIDADE? - Fasc. 40, 41, 42


EXPANSÃO, SONHO OU REALIDADE?  fasc. 40         

- A indulgência para com as faltas alheias é a perfeita compreensão da própria fragilidade a refletir no erro de outrem. Entendemos que todos necessitam de oportunidades para recuperarem-se e não podemos nunca assumir um rígido comportamento de censor ou ao contrário , um injustificável benfeitor.
Quando um homem se conscientiza da sua missão, do seu dever, tem uma meta pela frente e deve avançar para alcançá-la.
O teu, o nosso momento pode começar agora!.
Ainda há tempo para darmos primazia  a este programa em que acreditamos. Se fizermos assim, nos sentiremos melhor!.
PALAVRAS DE UM ESPÍRITO QUE JÁ SE FOI !

A VERDADEIRA FELICIDADE, CONSISTE EM FAZER A FELICIDADE DOS OUTROS!                                                                                                        


CAPITULO I

Eu estava me divertindo à beça com o "Velho" . Sabia que ele não era nenhum marinheiro de primeira viagem mas seu olhar, a cor no seu rosto, seus olhos arregalados e não querer conversar demonstrava seu medo das alturas e daquela gostosa e divertida viagem de avião.
Já no aeroporto senti nele uma certa dúvida pois não havia ascendido seu cachimbo e ele nunca iria usá-lo no vôo, apesar de sua mais de 3 horas de duração.
Quando combinamos a viagem ele se sentiu outro homem. Pude ver sua mudança em segundos. O tempo nunca apagaria as centenas de vezes em que ele participou ativamente nos Conselhos Nacionais, Regionais e alguns Conselhos Interamericanos e que hoje são chamados de Congressos em todos os níveis. Muitos anos haviam se passado. Mas ele achava que encontraria ainda alguns amigos e até insistiu com a Vovó para ir junto.
Ela o incentivou mas não quis ir. Explicou que havia programado com a filha diversas atividades naquela semana e não poderia desmarcar.
- Você deve ir - falou - Fica o dia inteiro aqui só falando, falando, lá pelo menos quem sabe alguém pode ouvi-lo, e até discordar, o que vai ser um excelente monólogo! Riu a Vovó. Não se preocupe comigo, qualquer necessidade, ligo para ela e em poucos minutos ela estará aqui!. Afinal vão ser  só quatro dias.
Ele resolveu ir. Sua participação seria como visitante. Não tinha nenhum cargo regional e nem fora eleito como representante do seu Estado. Podia participar mas não votar.
Durante as primeiras duas horas ele só respondeu monossílabos. A aeromoça ficou preocupada, mas tranqüilizei-a. Disse que ele estava bem. Afinal para quem fez diversas viagens internacionais em aviões bem menos seguros do que os atuais, não justificava aquela cisma que ele mantinha e tinha falado comigo antes.
Depois relaxou, falou e tagarelou bem na hora que eu queria tirar uma soneca e ele não deixava.
Senti seu braço forçando meu ombro e me assustei. Logo vi o avião taxiando no nosso ponto final.
Fomos para o hotel onde fizemos reservas e após um banho e um pequeno descanso, nos dirigimos para o ponto de reunião.
As formalidades eram as mesmas.  Inscrições, papos etc.etc. A principio não viu ninguém conhecido. Rodou daqui, rodou dali, e nada. Até que encontrou um Velho adestrador que em sua época tinha sido Comissário Nacional de Adestramento. Ficou decepcionado com a maneira como foi tratado. Polidamente, mas dando a entender que ele não tinha muito tempo logo se afastou.  Outros fingiam surpresa com sua presença, davam as boas vindas e “tchau”. As rodinhas se formavam aqui e ali.
Ele parava em uma e outra mas as conversas eram banais e os participantes algumas vezes mudavam o rumo do assunto quando ele chegava. Sabia-se de antemão os conchavos, reclamações, busca de votos, aquele espírito político, que numa boa democracia funcionaria muito bem. Infelizmente os interesses pessoais, aliados a uma estrutura antiga e na opinião do "Velho" “antipática” não funcionava como ele esperava . Claro, não era da maioria este tipo de comportamento. Muitos acreditavam que ali, a sinceridade e a lealdade imperava e que o Método e Programa Escoteiro, era o ideal dentro das idéias forjadas por BP. 
Não eram poucos os que lutavam pôr uma expansão do Movimento e até acreditavam que poderiam mudar alguma coisa, mas era engano. Pequenos grupos dominavam  e  lideravam com facilidade.
Senti que ele estava completamente deslocado. Eu também me sentia assim. Ninguém vinha cumprimentar e conversar. Conforme o "Velho" comentava a “Côrte estava em sessão e se você não era príncipe ou não tinha sangue nobre, estava sobrando”. Fraternidade? - esqueça!
- Éramos dois estranhos no ninho e fazia parte da rotina que através dos anos nunca mudava , conforme me disse o "Velho".
O Diretor (ex-comissario Regional) do nosso estado, veio ao nosso encontro, perguntando o que fazíamos ali. - Interessante. Alguém devia ter comentado com ele sobre o "Velho". Já vinha o receio de que ele pudesse prejudicar aquela Assembléia.
Havíamos enviado correspondência com antecedência  comunicando a nossa presença como observadores e visitantes e isso era um direito nosso mas ele demonstrando surpresa, tentou mostrar-se cordial e se afastou como todos os demais.
Não éramos os únicos. Haviam outros como nós. Procuravam os cantos para não serem percebidos, pois se sentiam deslocados com a presença de tantos “figurões” cujo acesso naquele momento era impossível conseguir. Não eram desinibidos e isso prejudicava e muito qualquer aproximação. Eles não possuíam os requisitos da experiência, cargos(!) e não foram eleitos para nada.
Um ou outro passava, cumprimentava, e saia apressadamente. O "Velho" queria conhecer os novos diretores e quando os encontrou que decepção. Foram educados, polidos, mas extremamente apressados. O tempo ali parecia ser contado de segundos em segundos!. O "Velho" depois comentou comigo que lembrou do filme o Mágico de Oz, onde havia um coelho super apressado. Aquela Assembléia  estava cheio de coelhos!
Veio a abertura e logo após começaram os trabalhos. O "Velho" ouvia aqui e ali. Tudo era novo para ele. As pessoas, os assuntos, pareciam outro movimento e ele estava em lugar errado.
Em alguns grupos de trabalho via-se diversos oradores, brilhantes,  perfeitos em suas exposições e que impressionava a quem não os conhecia. O Grupo Escoteiro que eles pertenciam devia ser o extremo oposto do que se conhece. Um elevado padrão de qualidade. Ao ouvi-los, sentíamos que pertencíamos a um movimento forte, grande e de perfeitas qualidades operacionais.
Não havia mais do que umas duas centenas de participantes. Mas estavam tomando decisões que importava a outros milhares  que não podiam estar presentes.
Nas reuniões em plenário, se alguém pedisse a palavra tinha que ser breve. O tempo estava correndo e não podiam discutir muito. Para evitar perda de tempo as votações não eram secretas e sim levantando a mão, ficando de pé, isso de acordo com o humor de quem presidia. Só aquelas mais importantes eram secretas.
Não havia surpresas. Quase sempre eram eleitos os mesmos com poucas modificações. Quando da eleição da Diretoria, somente um chapa foi apresentada. Não havia oposição. Isto só acontecia uma vez ou outra, e o "Velho" achava que era um verdadeiro “Golpe de Estado”.
O "Velho" conhecia o sistema. Era desde o seu tempo. Olhei para ele e vi seu semblante carregado pôr uma enorme sensação de perda. Tantos anos se passaram e nada mudou!
 Para ele a estrutura deveria ser bem diferente e no seu tempo tentou  “vender” sua idéia mas não era o seu forte nessa área de proselitismo. No seu Estado natal o consideraram “Persona non Grata” porque ele tentou junto a alguns uma nova forma de estrutura. Tentaram inclusive excluir membros participantes sob a alegação de falta de lealdade e traição as normas vigente.        
Nada havia para esconder. Discordar é um direito inalienável. O que não se podia fazer era suas próprias normas. O Escotismo tinha tudo para mostrar a todos a sua força como um Movimento auxiliar na educação dos jovens. Todos diziam a mesma coisa mas como dizia o velho ditado: - Tudo continua como antes no pais de Abrantes! O caminho era outro e não aquele!
Sentiu uma pequena mudança na estrutura mas sempre liderada pôr um mais afoito, que tentava transmitir euforia com as novas  mudanças e acreditando que o sucesso estava sendo obtido. Ele já tinha visto outros fazerem a mesma coisa no passado. O “filme” era conhecido e repetitivo.
Valeu a viagem e a participação.  O "Velho" se sentiu em casa apesar de ser um estranho e eu ganhei experiência e podia compreender melhor o abandono que alguns Grupos tem em relação aos órgãos superiores. Com a extinção dos Distritos, ficaram mais longe ainda. As resoluções, alterações e muitas modificações nunca atingiriam a todos. Aquela Assembléia não tinha a menor importância para eles.
A maioria ou quem sabe boa parte dos Grupos Escoteiros continuariam sós, dependentes de correspondências sem ter nenhuma participação e colaboração direta nas suas  bases!
Que saudades do Distrito Escoteiro!.
                                                                    O...PATA...TENRA


 EXPANSÃO, SONHO OU REALIDADE?  Fasc.41

“ Através da historia, o homem tem demonstrado tendência para formar e viver em grupo. Grupos de diversos tamanhos que vão da família a nação. É essencial, porem, que haja relações amistosas e estreitas entre os lideres e os membros. Tanto para criação como a subsistência dos citados grupos. É evidente que o homem tem necessidade de direção e orientação, para estabelecer e atingir os seus objetivos e podemos dizer que a grande maioria dos homens tem a possibilidade e o desejo de liderar - de um modo ou de outro!
                                DE UM DESCONHECIDO!

AOS QUE DESEJAM UMA EXPANSÃO FORTE E SAUDÁVEL COM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS!

CAPITULO II

Era uma quinta feira cinzenta; A poluição tinha atingindo níveis indesejáveis conforme medido pelas autoridades responsáveis da cidade. A tarde quente, sem vento nos dava uma sensação de cansaço, mais devido ao calor intermitente dos últimos dias.
Em pleno horário de verão, dia claro ainda, subi as escadas que levam a Sala Grande. Para minha surpresa, encontrei diversos amigos do "Velho" num excelente bate papo. Não participavam mais do movimento, mas nunca negavam qualquer contribuição financeira ou pessoal, desde que solicitados.
As três janelas estavam abertas para que o ar entrasse e a poluição do cachimbo do "Velho" saísse.
Não ouvi o inicio da discussão, mas pelo que estava ouvindo o "Velho" falar, tratava-se da expansão do Movimento Escoteiro.
- Nada pode ser resolvido pôr decreto - dizia o "Velho" - Não adianta meia dúzia decidir pôr todos. Desde que conheço o Escotismo sempre foi assim. Tomavam e tomam decisões como se as bases fossem mudar do dia para a noite.
- Infelizmente - comentou um amigo - isto é a realidade. O contrário também é válido. - Explico melhor - Estamos sempre procurando ajuda daqueles que acreditamos que podem resolver nossos problemas, sem imaginar que eles nem sempre estão preparados para isso. Perdemos boa parte do nosso tempo quando lá nos dirigimos. Esquecemos que outros, mais distantes, do interior de seus estados, também com dificuldade ali estiveram e não receberam o que acreditavam receber. -  Os dirigentes como nós são voluntários e não podem estar disponível para resolver e ajudar a um grande número de membros do Movimento que os procuram. -  Falou outro amigo.
- Com a extinção dos distritos, ficou mais difícil ainda. Nomear um ou outro dando a ele responsabilidade para resolver também não é a melhor solução. Nada funciona sem uma boa estrutura, aceita e participativa!
- O registro do ano anterior foi um dos melhores, e acho que ouve um aumento substancial em relação aos outros anos, - falou outro amigo - Acredito que a nova Diretoria está tentando acertar.  Pena que isso tudo não está sendo assimilado pôr todos os grupos. Muitos nem tomam conhecimento do que está acontecendo pois não foram envolvidos na época certa. 
- "Velho" - Falou um deles, lembro que no passado você tinha um pensamento a respeito da expansão, o que deu errado naquela época?
- Ciúmes, totalitarismo, e porque não dizer uma pequena “máfia” que queria dirigir a tudo e a todos. Reuni algumas vezes uns gatos pingados e em alguns meses o numero foi aumentando. A idéia era discutir a expansão e proselitismo. Entenderam mal. Pensava em formar uma opinião, um consenso, para depois apresentar como plataforma para discussão nos Congressos existentes. O importante era as sugestões de todos e não só a minha.
- Não tínhamos autoridade para modificar nada, mas podíamos colaborar. Acharam que eu estava exorbitando e semeando em seara alheia. Chegaram a ameaçar alguns participantes com a exclusão do Movimento. Incrível não? 
- A mim não importou pois sabia que não passava de ameaça infundada e sempre falei para mim mesmo que enquanto fosse útil estaria presente, quando achassem que não, me afastaria. Não estávamos fazendo nada errado e muito pelo contrário, tentávamos ajudar e qualquer ajuda deveria ser bem aceita pôr qualquer órgão regional e nacional.
- Infelizmente, a pressão foi tanta, que vários desistiram. Encontraram em mim uma oposição que existia mas era benéfica. Sempre fui sincero e leal e não escondia meu ponto de vista aos dirigentes. Mas é importante frisar que as normas naquela época nunca foram infligidas. Em todas as áreas em que atuei obedeci sem titubear os Regulamentos e POR. Não seria pôr ali que eu iria mudar qualquer coisa e nem tinha poderes para isso.
- Achava que tinha muitos amigos no Escotismo e a fraternidade faz parte do todo. Mas isso não significava que deveria aceitar uma situação mal conduzida que estava prejudicando a expansão do Movimento. Como qualquer outro tentei ao meu modo colaborar. Não era nenhum Pata Tenra. - Fui dirigente em diversos níveis regionais e  um dos pioneiros no Adestramento Nacional. Mais de 3000 alunos tive a honra de conhecer. Não foram poucos os cursos que com ajuda de colabores competentes dirigi. Como não se interessaram e  nunca mais me convidaram para nada, só  porque fiz uma oposição democrática acabei desistindo. Não estavam entendendo que o Escotismo estava perdendo a batalha da evasão e expansão.
- Tudo é muito claro - continuou - A participação em qualquer mudança tem que ser em nível Nacional. Mas todos devem ter o direito de opinar. Quando passam a receber instruções sem saber o porque ficam decepcionados.
- Conheci diversos bons dirigentes, executivos competentes em suas áreas profissionais e que se decepcionavam com o movimento pois o achavam muito amador.
- Eles não entendiam como um movimento, que se considera  democrático poucos são os que tomam decisões. Dizer que temos condições de opinar e votar nas assembléias é balela. Não é assim que funciona. Qualquer veterano sabe disso.  Que os diga os Conselheiros da Assembléia Nacional, que são perpétuos. Tente ali ser eleito e garanto que não vão conseguir facilmente.
- Após as reuniões de assembléias anuais em que menos de um pôr cento do efetivo toma decisões que implicam em alteração em toda a Organização, querem que os demais participem efetivamente e até pedem sugestões, e vocês sabem muito bem que alem de não ser aceita  em alguns casos se receber resposta, teremos explicações que não convencem!
- E como deveria ser e porque você não lutou pôr isso? - replicou outro - Você deve estar lembrado que sempre estivemos juntos, e quem sabe de uma semente poderia ter nascido uma árvore frondosa, forte e sadia!
- Expliquei antes o que aconteceu. - falou o "Velho" - Vou repetir o que sempre disse: - Uma andorinha só não faz verão. Se houvesse um grupo pequeno, crescendo com o tempo e com a participação de toda a comunidade escoteira a nível Nacional, quem sabe poderia surgir um plano de expansão e aí sim, acredito que nossas metas e desejos seriam atingidos. Se assim fosse feito seria uma verdadeira revolução em nosso Movimento.
- Vou enumerar para vocês alguns pontos falhos que estão tentando corrigir, mas com a estrutura atual vai ser muito difícil conseguir:
- Não temos e nunca tivemos autonomia financeira para desenvolver qualquer plano de metas, se é que possamos chamá-lo assim!
- Não temos profissionais em quantidades suficientes para um trabalho em todas as frentes e em tempo integral!
- Não disseminamos uma idéia, um projeto para ser digerido, analisado e dar a todos a oportunidade de pensar e opinar.
- Não temos bons contatos sociais, políticos e empresariais!
- Aqueles que participaram do Movimento quando jovens e hoje ocupam posições importantes, não são procurados e a maioria nem lembra mais do que o Escotismo fez ou colaborou em sua formação.
- Olhem, não vou generalizar! - Alguns Estados tem feito um bom trabalho, mas dentro da estrutura imposta de cima para baixo e  tenho lá minhas duvidas do sucesso pelo que estou vendo.
Mas "Velho", o que poderia ser feito? - falou um dos amigos.
- Nenhum plano em curto prazo. Não seria a liderança de uns poucos. Qualquer projeto levaria tempo. Muito tempo. Mas teríamos que começar logo, pois  os frutos só seriam sentidos após alguns anos de sua implantação.
- O começo teria que vir das bases. São elas as interessadas e que sofrem com a recessão, o desemprego e a situação que o país atravessa. Sabem que o Grupo não tem uma estrutura para acompanhar as dificuldades familiares. Tentam fazer o melhor mas não conseguem chegar lá. A motivação vai aos poucos acabando. Estão sós. Falta apoio, falta amizade. Ninguém os visita. 
Os Grupos novos foram organizados dentro de uma nova sistemática e enquanto houver motivação pessoal, eles vão procurar melhorar. Acredito ser deles o motivo do aumento do efetivo. Os antigos (existem exceções) em sua maioria mantiveram o mesmo numero e perderam muito com a extinção dos Distritos. Sem querer desmerecer a idéia e espero que não me entendam mal, hoje existe até um Manual para organização de Grupo, que é vendido nas Lojas Escoteiras!. Vendido! Vejam vocês!  Mas não vou pôr aí. Não é o caminho.
Vi que a conversa seria longa. Eu me interessava pelo assunto pois também conhecia diversos Grupos que estavam sofrendo com a falta de apoio e participação direta dos dirigentes em nível regional, já que o distrito havia desaparecido. Sem o Distrital, cada Grupo se virava como podia. Se tinha bases sólidas, tudo bem, caso contrário perdia a cada ano mais e mais de seus membros.
Conheci um grande numero de dirigentes que insistiam em participar do  Adestramento ou de uma outra responsabilidade em nível regional e não me lembrava que seus Grupos eram um exemplo de sucesso. Na minha época não era assim. Você só era convidado se tivesse produzido e o tempo mostrasse que o caminho trilhado foi correto, finalizou o "Velho".
Ninguém poderia falar de um tema sem ter pleno conhecimento e poder dar exemplos do que fez para que os demais pudessem acreditar que fazendo assim, seria o Caminho para o Sucesso!
- Fomos interrompidos pela Vovó para um cafezinho e umas guloseimas que ela teimava em fazer e insistia para experimentar-mos.   
                                  O...PATA ...TENRA...


EXPANSÃO, SONHO OU REALIDADE? Fasc. 42

“ Tudo estaria a salvo se toda a população fosse capaz de ler e se permitisse que toda espécie de opiniões fosse dirigida aos homens pela palavra ou pela escrita e se pelo voto, os homens pudessem eleger um legislativo que representasse as opiniões que tivessem adotado.
Os sistemas adotados pelos educadores clássicos eram e ainda são ineficientes. Sob a palmatória de um ditador cientifico, a educação produzirá realmente os efeitos desejado e dai resultará que a maioria dos homens e das mulheres chegarão a adotar a sua servidão sem nunca pensar em uma revolução. Parece que não há motivo válido para que uma ditadura perfeitamente cientifica seja algum dia derrubada.
Talvez as forças que agora ameaçam o mundo sejam demasiadamente poderosas para que lhes possa ser resistentes pôr muito tempo. É ainda nosso dever fazer tudo o que pudermos para resistir-lhes...
                                                                       ALDOUS HUXLER
   Do seu livro: REGRESSO AO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

A  TODOS QUE ACREDITAM QUE NOSSO MOVIMENTO TEM TUDO PARA SER UMA FORMA DA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE!

FINAL

O tema continuava. O "Velho" encontrou bons ouvintes. Claro, não eram participantes ativos e concordavam com ele em tudo. Assim é fácil sem ter quem defenda o ponto de vista do outro lado.
Eu vivia essa situação. Conhecia bem a opinião dos dirigentes atuais e acho que eles tinham até um pouco de razão. Mas me perguntava porque todos os participantes, salvo um pequeno grupo, eram excluídos na hora de opinar, votar e somente uma minoria tinha esse privilegio. Conhecia bem os regulamentos, o Regimento e algumas explicações que não me convenciam.
Parece que o "Velho" adivinhou o meu pensamento e falou:
-  Seria necessário uma conscientização geral que levasse a todos a necessidade de pensar como mudar esse estado de coisas.  Quem sabe discussões em pequenas assembléias locais, com o envolvimento do próprio Escotista e ele saberia que no final tinha colaborado para o projeto. Seu envolvimento seria uma forma de motivação para a estrutura que fosse escolhida e adotada.
- Participei  muitos e muitos anos na estrutura atual. Minha opinião é que ela é arcaica comparada a outras organizações. Somente uns poucos participam realmente.
- Só em saber que no Congresso Regional os representantes ao Congresso Nacional são eleitos sem nenhuma plataforma representativa (só ficamos sabendo quem são, quando se candidatam durante a Assembléia e nunca dizem o que pretendem ou o que vão defender, (sem contar que a maioria são sempre os mesmos) e isso não nos dá condições para confiar que votamos em alguém  que vai trazer dividendos ao nosso Grupo e ao próprio Movimento. Uma leva de Escotistas vão pela primeira vez sem ter a mínima idéia e lá votam conforme as determinações de um ou outro dirigente mais experiente ou claro, pelo líder regional.  
Defender o sistema atual é defender a continuidade que não deu certo. Qualquer membro adulto do movimento deveria ter o direito de eleger seus candidatos em todos os níveis.
- Seria uma pretensão minha achar que um sistema Presidencialista ou Parlamentarista é a melhor solução. Até eu  tenho minhas duvidas. Mas poderiam ser válidos, quem sabe. Se isso acontecesse, se pudéssemos escolher nossos dirigentes em todos os níveis, com uma eleição a nível nacional e sabendo as pretensões dos candidatos, sejam eles de varias facções partidárias, acho que poderia ser um boa idéia.
- Oposição? Política no Escotismo? - claro - Ela existe e até de maneira imposta no sistema atual! E olhem, infelizmente o que acontece é um ou outro mostrando que sua continuidade é um dever e que estão sacrificando suas vidas em prol do Escotismo. Costumam ficar no cargo anos e anos e não querem sair nunca! E no final a maioria aplaude de pé em nome da lealdade  sem perguntar onde se pretende chegar.  Se você se arriscar a ter sua própria chapa, será considerado o “Diabo” em pessoa. E ninguém vai deixar você usar da palavra para mostrar sua plataforma de ação, ou mesmo lhe fornecer condições para enviar correspondências a todos os Grupos Escoteiros.
- Como chegar em uma Assembléia, com uma chapa oposicionista, uma plano de trabalho e idéias formalizadas, e levar a todos em um ou dois dias de encontros? - Impossível! Qualquer um sabe que não vai conseguir nada, a não ser se tiver planejado com antecedência, com bons contatos em todas as regiões (conchavos, para não fugir do velho chavão), ai sim, vai conseguir impor suas idéias! Lembro, suas idéias e não de toda a Organização.
- Se fosse possível que qualquer um que se interessasse e fosse membro do Movimento estivesse ele em qualquer área, inclusive nas bases ou nas lideranças dos diversos órgãos escoteiros pudesse ser candidato, aí sim, votaríamos para escolher os conselheiros e diretores em qualquer nível. Não seria formidável? - Vocês devem conhecer o sistema de voto distrital, que aqui em nosso pais dificilmente vai ser aprovado e que seria uma maneira excelente de ver nossos representantes atuando e se não o fizessem, não seriam reeleitos. Seria uma boa idéia saber o porque não existe expansão e tantos outros temas que nos preocupam e cobrar diretamente daquele que elegemos.
- Todos os anos, é a mesma coisa, em congressos regionais, votamos, escolhemos nossos representantes e nunca ficamos sabendo o que eles fizeram ou votaram.
- Fora do Escotismo e nos países de primeiro mundo outras organizações funcionam e dão excelentes resultados! Conheço até algumas em nosso país e no exterior, com trabalho voluntário e que fazem algum parecido. E olhe não estão como nós, sempre começando!
- Claro que isso não podia ser colocado de impacto. Um projeto a nível nacional teria que ser feito devagar para que todos tivessem a oportunidade de opinar. É um trabalho gigantesco mas não impossível.
- É possível que com um ano teríamos todo o Movimento engajado e pronto a aceitar a decisão da maioria pois todos tiveram a oportunidade de participar. Tanto se falaria no assunto, que ele seria facilmente assimilado. A própria necessidade de mudança com a participação direta de todos, já seria uma injeção de animo e poderia ajudar a manter o efetivo atual com conseqüente arregimentação de outros.
- Um bom trabalho na dinâmica do processo iria conseguir pessoal qualificado e que existe dentro dos Grupos Escoteiros espalhados em nosso país. São pais, simpatizantes e ex-escoteiros. Muitos saberiam que o Movimento tem lugar para eles e que seriam bem vindos a opinar, colaborar e participar.
- Tanto se falaria no assunto em nível de Grupo, regional e nacional que até a  imprensa falada, escrita e televisiva e com a ajuda de pessoal especializado, em poucos anos conseguiríamos o engajamento de todos e isso seria tremendamente benéfico a todos os participantes.  Agora, com a internet, a participação seria quase maciça.
- Claro, há muitos senões. Muita coisa teria que ser discutida e quantas idéias boas poderiam aparecer. E só em saber que estaríamos valorizando a todos já é um grande passo na reformulação completa da nossa estrutura. Vejam bem, falo em estrutura, não em métodos e programas. 
- Já pensaram se pudéssemos eleger Assembléias Constituintes pôr um determinado período em todos os níveis para uma nova reestruturação? - Seria formidável no meu entender. Se ela tivesse poderes para discutir todos os temas fornecidos e aprová-los da maneira que acharem conveniente. Claro repito, que se discordar-mos nas próximas eleições escolheríamos outros. Isto é democracia.
- Teríamos inúmeras dificuldades na implantação. Finanças seria uma delas. Somos pobres, não temos nada a não ser o idealismo de acertar e ajudar. Mas fazendo com que todos acreditem que são parte importante do processo, seria um grande passo. Acredito até num esforço conjunto para arrecadar o necessário no inicio, principalmente na contratação de Executivos Profissionais competentes para fazerem o trabalho que os voluntários não podem fazer pôr falta de tempo. Isto é claro se todos acreditassem que a mudança seria para valer!
- O mais importante é  criar em todo o movimento uma mentalidade voltada para procurar, discutir e sugerir as mudanças a serem feitas. Isso sem idéias pré-concebidas pôr alguns lideres mais carismáticos, que acham ter a solução na mão! -  inclusive eu, falou o "Velho" . 
- Não podemos desmerecer o trabalho que está sendo desenvolvido pelos nossos dirigentes atuais. Mas eles são poucos e qualquer um que procurar as bases mais distantes e até aquelas próximas, verão  que não estão engajadas nas idéias que estão colocando em prática. A realidade é outra. O que vejo é um desanimo generalizado (nem todos) e uma grande evasão ano a ano e graças a Deus, existe ainda um bom número de idealistas, que não desistem e estão em seus Grupos fazendo o que sabem, sem se preocupar com modificações que fingem desconhecer.
- A grandeza do Movimento não se faz só pelo seu patrimônio, mas sim pelo serviço que presta aos seus membros!
- Foi isso que pretendia na época. Me acharam um oposicionista contra as normas existentes. Não entenderam o que se pretendia apesar de que nunca escondi isso de ninguém.
- Tantos anos se passaram e gostaria de encontrar com eles e perguntar o que houve! - Onde estão os Escoteiros, as Escoteiras, os Seniores e Guias, os Pioneiros e Pioneiras, os Lobinhos e Lobinhas, o orgulho do garbo, da boa ordem, o espírito de cidadania,  tudo aquilo que tínhamos no passado e hoje para ver isso, precisamos procurar uns poucos Grupos que ainda mantém Escotistas com alto padrão de adestramento e qualidade. 
- "Velho" - Falou um dos presentes - Acho isso meio utópico, muito difícil de ser feito! Nossa organização tem raízes que jamais deixarão ser alteradas!
 - O  "Velho" pegou a deixa e continuou -  De vez em quando vejo na imprensa um ou outro artigo, comentando sobre alguma organização de jovens, com algumas qualidades para ajudar na formação  e outros reclamando do caminho que vão tomando toda essa moçada. Falta cidadania, as drogas estão aí presentes. Uma marginalidade e indisciplina tão peculiar que todos procuram explicar mas não sabem que muitas organizações estão aí presentes, podendo ajudar e muito. O Escotismo é uma delas.
-  Se pudéssemos vender essa idéia para as pessoas certas teríamos sem sombra de dúvida um apoio que até então não tivemos. Faltam a nós  verdadeiros profissionais ou mesmo voluntários competentes para mostrar o que somos e o que podemos fazer.
- Temos a comunidade que está sendo esquecida. Temos bons políticos. Temos ex-escoteiros em postos importantes no Judiciário, Executivo e Legislativo. Falta chegar até eles. Olhe Conheci um ex-presidente da Republica que há muitos anos atrás participou como Presidente de um Distrito Escoteiro e tive a oportunidade de ver sua participação. Não foi sequer contatado(se foi desconheço). Não tínhamos na época pessoal qualificado para este contato. 
- Não gosto de criticar, mas essas mudanças que fizeram até teve uma parte saudável. Só não me perguntem se as bases acreditam e participam ativamente. Agora, com o advento da internet e de site próprio, as comunicações melhoraram.
- Vou repetir novamente, para mudar esse estado de coisas, temos que envolver todos os adultos do movimento Escoteiro! E isso só com uma estrutura de participação maciça.
- Quem sabe, a organização ache o seu caminho de outra forma. Onde estiver ficarei feliz, pois sempre disse que o importante em tudo são os resultados! Se esses que aí estão conseguirem, acredito que acharam o ovo de Colombo!
- Tive um outro amigo que comentou comigo o porque outras organizações similares ou parecidas, funcionam. Nós não. Estamos enclausurados. Não saímos para saber o que fazem e o que podia ser aproveitado. Devíamos estar bem informados no que acontece em outros países. Se lá, as mudanças necessárias com a evolução dos tempos tem dado certo.
Concordava com o "Velho". Seus amigos também deram outras sugestões, conversando sem parar. Pelas tantas, me despedi de todos, pois levantava bem cedinho para o trabalho.
Pela rua deserta, com uma brisa suave e gostosa da madrugada, pensava que os sonhos existem para serem transformados em realidade!
Entrei em minha casa sem fazer barulho para não acordar a minha esposa. Um cachorro latiu. O galo cantou! - Achei melhor tomar um banho e esperar o café da manhã para trabalhar. Meu sonho ficará para um outro dia...
                                                  O...PATA...TENRA...


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