Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

FOGO DE CONSELHO - Fasc.30 e 31

-->
FOGO DE CONSELHO  fasc. 30

“  O tempo não apaga a história. Ali, era como se tivesse passado séculos e ela estava viva e presente!. Não era sonho, era realidade. Tudo estava vivo ali na minha frente. O Fogo de Conselho era mais do que eu queria. As horas pareciam minutos e se eu pudesse se estenderia pôr toda a eternidade.
Às brasas chamuscavam o céu com minúsculas fagulhas, e distraiam meus companheiros de aventuras. O sorriso mostrava a realidade do ápice da aventura. O calor não era só do fogo, mas de todos nós.
Muitos outros Fogos de Conselho virão e sei que em  cada um deles minhas estórias ficarão marcadas para sempre!.
DE UM ESCOTEIRO NOVIÇO

AOS JOVENS QUE SABEM  VIVER A VIDA COMO ELA É.

Capitulo I

Eram três patrulhas com poucos jovens noviços e a maioria com adestramento acima da media. Isto não impedia que o espírito de equipe se mantivesse unido.
Eu conhecia alguns dos seus membros e me tornei amigo deles pôr freqüentar muito a sede do Grupo. Sempre comentavam as suas aventuras e desventuras. Todos me achavam um amigo  mais velho e pôr me sentir um deles estufava o peito de satisfação, mesmo sendo apenas um  Assistente de Tropa.
Havia feito na semana anterior um Curso Técnico de Fogo de Conselho e apesar de ter participado em uma centena deles em acampamentos,  diversos temas novos foram transmitidos. Alguns ficaram gravado em minha mente.  Aproveitei a oportunidade para conversar com os jovens e sentir o que eles pensavam.
Um deles, corroborado pelos demais, me contou sua participação em um acampamento cujo Fogo de Conselho foi considerado um dos melhores pois achavam que nunca mais seria esquecido. Não eram simples “pata tenras” já que nas patrulhas haviam diversos segundas classes, primeira e até três com Lis de ouro.
A  atividade foi no mês de junho anterior e eu me lembrava bem do frio que houve naqueles dias. Conforme contavam, o acampamento foi cheio de surpresas. Aproveitaram um feriado com um fim de semana prolongado e ficaram quatro dias acampados.
No segundo dia, uma forte chuva quase arrasou o acampamento, mas o pior foi a cheia do córrego próximo que inundou boa área do campo.
Quando montaram o acampamento, levaram em consideração todas as possibilidades, inclusive de uma inundação. Mas a que aconteceu não poderia ser esperado. Uma tromba d’água deve ter caído alguns quilômetros acima  e o pequeno riacho subiu mais de 4 metros do seu nível. ficou como lição para futuros acampamentos.
O frio pegou alguns desprevenidos pois também não  esperavam pôr isso. O local já era conhecido e a cheia  causada pela chuva foi uma das maiores dos últimos 30 anos naquela região.
Mesmo assim, o Adestramento que possuíam ajudou em muito a resolver a maioria dos problemas.  Verificaram os prejuízos e chegaram a conclusão que dava para continuar conforme haviam programado.
Os dois chefes presentes também Insígnias da Madeira conheciam bem a tropa que dirigiam e sabiam como lidar em tal situação.
A tropa não tinha um esquema rígido para às atividades noturnas. Poderia ser um Grande Jogo, uma Conversa ao pé do Fogo, ou mesmo uma atividade simples, tais como: - Jantar das multidões, Vira Virar nas patrulhas, Combate Simulado e até um Caça Fantasma para afugentar o tédio quando o dia não fora o esperado.
Mas na última noite não poderia faltar o Fogo do Conselho. Este era sagrado. Eles tinham participado de diversos tipos de Fogo e o da Tropa era considerado especial.
O demonstrativo era cansativo e sem graça. Para eles um espetáculo batido visto em circo ou em TV, dirigido para principiantes e visitantes, mas nunca para os participantes.
O Fraterno com outras sessões, até que servia para alguma diversão, ali o importante era participação.
O da Tropa, este sim. Valia tudo. Somente a tropa podia estar presente. Dificilmente haviam convidados. Era da tropa e para tropa. Em casos extraordinários um ou dois eram admitidos, mas com a concordância dos Monitores.
Sem programa detalhado, sem animador, sem aquela seqüência de horário e apresentação. Era o que mais gostavam.
A tropa dominava completamente os acontecimentos que surgiam espontaneamente. E isto tinha um efeito e sabor especial principalmente quanto às dificuldades, às atividades aventureiras  vividas nos dias pré-fogo ou quando um fato novo com alguns deles ou com toda a tropa tivesse um fato marcante, era o inicio e certeza de um excelente Fogo de Conselho. Este é claro acreditavam seria o esperado. Tinham a certeza de que ia ser lembrado pôr muitos e muitos anos!.
No dia anterior, eles tinham feito tudo para uma limpeza geral pois a enchente deixou seqüelas em alguns campos de Patrulha e em outras praticamente arrasou tudo. Às patrulhas decidiram em Conselho de Tropa, fazer um mutirão, onde aquelas mais prejudicadas seriam ajudadas pelas outras. Precisavam de folhas de bananeiras ou algo similar para forrar o fundo das barracas.
Uma das patrulhas saiu a procura pelas redondezas, e procura daqui e dali, encontraram uma plantação de bananeiras, não muito grande. Claro que procuraram em volta se havia alguma moradia e só encontram uma velha casa abandonada. Pôr dentro não havia nada, mas o chão, as paredes e janelas estavam limpos. Pôr fora, não havia nada jogado pelos cantos e até a cisterna tinha águas cristalinas e asseadas. 
Pensaram que poderia ser uma morada de pessoas que vinham a noite, mas não havia utensílios e nenhum móvel. Ficaram intrigados.
Decidiram cortar às folhas assim mesmo, pois às bananeiras não haviam sido podadas e com o corte não seriam prejudicadas. Quando cortavam sentiam que estavam sendo observados. Paravam,  procuravam e nada. Quando voltavam para o acampamento, novamente aquela sensação de estarem sendo seguidos, mas não viram ninguém.
Às brincadeiras entre si proliferaram naquele dia. Tanto a enchente, o trabalho e até mesmo a casa abandonada, agora chamada da Morada do Fantasma, era motivo de comentário pôr toda a tropa.
O espírito do Fogo de Conselho havia sido criado. Isso era bom. Decidiram fazer o fogo no terreiro da Morada  do Fantasma. Ninguém foi contra. A chefia aceitava e acatava, pois nada dizia o contrário. Sempre foi feito assim e nada seria alterado.
Após o jantar e um tempo livre, se preparam para o fogo. Os preparativos eram: Madeira, mantas, uma vasilha de alumínio com chocolate, (para esquentar na brasa) biscoitos um violão um pandeiro e muita criatividade. Mais nada.
Não havia um “Animador de Fogo”. Este iria surgir naturalmente no desenrolar da noite. Qualquer programa escrito estava fora de cogitação. Não iriam se prender a um roteiro pois ali, naquela noite e em todas às outras a participação era completa. Sabiam o que queriam e iriam fazer conforme a Tradição de Tropa.
A Patrulha de serviço não perdeu tempo. Logo que chegaram ela preparou o fogo dentro dos padrões técnicos para evitar incêndios e tinha que ser ascendida com no máximo dois palitos de fósforos. Se não conseguissem, outra patrulha assumiria, o que dificilmente acontecia.
Se havia uma coisa que detestavam, era o tal Lampião do Conselho. Dava até vontade de rir do tal Lampião. Diziam que um bom mateiro ascende o fogo em qualquer tempo e em qualquer lugar!. Eu acreditava, pois o adestramento da tropa sempre foi um dos melhores.  Enquanto isto os demais não se afastavam muito, pois a escuridão da noite e o lugar davam calafrios.
Todos foram chamados e se assentaram a bel prazer, enquanto um Escoteiro ascendia o fogo. Nesta hora, ficaram de pé, e como tradição antiga  invocaram os Espíritos dos Ventos e a viva voz, cantaram a Canção do Fogo de Conselho. Cantavam com gosto. Às chamas já se esticavam aos céus quando terminaram. Ouviram alguém bater palmas. Não eram eles. Se havia alguém escondido para amedrontar não seria com aquela Tropa. Um dos chefes deu uma busca em volta da casa e dentro dela. Nada.
Continuaram. Logo uma Patrulha imitava outra quando da enchente. Surgiu palmas escoteiras inventadas na hora. Uma parada para conversa, um chocolate, uma mordida num biscoito. Conversas paralelas. Alguém alimenta o fogo, um dedilha o violão e outro começa a cantar. Alguns acompanham, dois se encaminham para o centro da arena e começam a representar um Chefe e um Monitor. Risadas, palmas.
Pedem um jogo, um Monitor se oferece para fazer um  novo aprendido em outra atividade. Um grito. Não muito alto. A tropa se cala. É brincadeira de alguém. Eles aceitam a participação do “Fantasma“ . Vai quebrar a cara pensam. Não foi a primeira vez. Ouve outras em outros acampamentos. Agora não seriam surpreendidos.
Continuam às canções, improvisações, bate papos, jogos e até um pequeno Adestramento de primeiros socorros. Não faltou o Contador de Historias, e nessa o Assistente  se destacava.  Era assim o fogo da Tropa.
Às brasas começaram a aparecer. A lenha foi terminando e todos demonstravam sono. Uma boca abre aqui, outra ali. A noite avançou sem ninguém perceber. Um Chefe convida a todos para encerrarem com a Cadeia da Fraternidade. Começam a cantar e param. Todos olham para dentro da casa e vêem uma luz azul brilhante. Ficam estáticos. Alguns vão até lá e dentro da casa não há luz! - Já existe tremedeiras. Sem falar voltam para o acampamento. Ninguém quer ir à frente nem ficar atrás.
Dormiram encostados uns nos outros mesmo com a chefia alegrando e encorajando todos.
No dia seguinte, após o desarme do campo, na cerimônia da Bandeira, um morador das proximidades estava presente assistindo de longe.
Um Chefe o convidou para participar na ferradura. Ele veio sem jeito e ali permaneceu até o final.
Uma rodinha se formou em redor dele, e ficaram sabendo a historia da “Morada do Fantasma” :
- Foi construída pôr um jovem, - dizia -  filho de um “meeiro” (usa a terra de uma fazenda para plantar, e paga parte da colheita ao dono) quando se casou. Com menos de quatro meses, ele matou a mulher porque achou que esta o traia. Não era verdade. Foi preso e condenado há vários anos de prisão. Ninguém sabe onde está e quando vai sair da cadeia. O que todos sabem é que o espírito ou “fantasma” da mulher não abandonou a casa e até hoje e a mantém limpa e arrumada, mesmo sem móveis sem nada. Um padre já benzeu a casa mas ela não sai de lá.
Fim do acampamento. Ninguém acreditava em fantasma nem naquela história absurda. Até hoje alguns ficam em dúvida do que poderia ter sido.
Me contaram com tanta veemência que não duvidei.
Foram unanimes em dizer que foi o melhor Fogo de Conselho de suas vidas.
Acreditei em parte. Um fogo destes não acontece sempre. Como eram escoteiros e não pescadores,  permaneci na dúvida.
Serve como estórias dos Fogos de Conselho onde o calor humano é maior do que qualquer verdade!.

                              O PATA TENRA....

   
FOGO DE CONSELHO - Fasc.31 .                                                                                

- “Eu vi coisas que vocês nunca acreditariam!
- Naves de ataque em chamas na Borda de Orion!
- Vi a luz do farol cintilar no escuro, na comporta Tannhauser!
- Todos estes momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva...
- ...É hora de morrer!.
DO FILME “BLADE RUNNER, O CAÇADOR DE ANDROIDES”

AOS ANIMADORES DE FOGO DE CONSELHO, POIS ELES SÃO A RAZÃO DE SER DO DIVERTIMENTO

FINAL

O dedo em riste do "Velho" não era em tom de desaforo, mas sim de uma maneira peculiar quando queria discordar de algum tema em discussão.
- Eu sei que o mundo é outro e já nos aproximamos do final do século, claro - dizia o "Velho". Mas isto não significa que os jovens também querem mudar. Eles estão aceitando o que lhes oferecem, e na falta de algum melhor, aceitam qualquer coisa, até mesmo a “tapeação”.
- Não é bem assim "Velho", - Quem falava era um membro da Equipe de Adestramento, um dos poucos a visitar o "Velho" esporadicamente.
Quando aparecia, já sabia das opiniões e sempre sobrava para ele às mudanças porque passava o Movimento Escoteiro. Ele era um daqueles abnegados, Cirurgião Dentista, que largava seu Consultório para ajudar e ao mesmo tempo era um dos poucos que podia falar de “Cátedra” porque insistia em participar como Chefe de um Grupo Escoteiro e que pôr sinal exercia uma liderança saudável na área de sua atuação.
- Tenho participado de alguns Cursos Técnicos de Fogo de Conselho, e você sabe da minha experiência do passado.
- Conheço como você como surgiu e como BP deu significado a esta atividade noturna. Ele mesmo participou de muitos nas varias tribos africanas e em sua visita aos índios norte-americanos e australianos. 
- Não falo pôr falar, procuro ir a fundo às minhas idéias e não vou aceitando qualquer abelhudo dar diretrizes, querendo ensinar o que devo ou não devo fazer.
- O "Velho" “fungou”, deu umas boas tragadas em seu cachimbo, soltou “baforadas e baforadas" empestando a Sala Grande, fazendo com que a “tosse” viesse sem ser solicitada.
Era uma discussão das boas. Não fazia nem dois meses que havia participado do Curso Técnico de Fogo de Conselho e minha pesquisa tinha dado uma diretriz, que não caminhava em direção a usual, ou seja, a rotina do que hoje todos denominam Fogo de Conselho.  
- Procure compreender a minha atuação. Bem diferente da sua, que tomo a liberdade de dizer, é muito simplista e fácil. - Continuou o Chefe. 
- Você pode se dar ao luxo de criticar, pois não participa diretamente! - O "Velho" ouvia calado. Ele esperava sua vez. Não era o primeiro e nem o único a dizer que é fácil criticar de fora. Já ouvira de outros. Diziam que difícil é estar participando e tentar mudar, fácil é criticar mesmo sendo construtivo de longe.
- O mundo mudou e você sabe disto, - falava o Chefe - Já não podemos fazer fogueira, Pioneirias e outras tantas atividades escoteiras tão facilmente. O Fogo de Conselho também sofreu adaptações e até agora tem dado certo! - Tenho acompanhado nas sessões do Grupo que participo e não tenho me decepcionado! - Os jovens têm gostado e não reclamam.
- Se você der minhoca para pescar jacarés numa lagoa de lambaris eles vão ficar o dia inteiro e não vão reclamar. Estão acreditando que ali tem jacarés, pois o Chefe “falou”. - disse o "Velho”. Aprenderam assim. Mas será que isto vai ajudar na formação? - Tenho ouvido de muitos a necessidade de mudança, mas esta não pode ser feita desta maneira. O Fogo de Conselho faz parte do Adestramento. Não parece, mas ele é muito importante.
- Olhe - continuava o "Velho" - O Fogo de Conselho é uma extensão da atividade em que o jovem participou nos dias de acampamento. Não uma cópia teatral ou televisiva do que vemos todos os dias. Ele (o Fogo de Conselho) tem que ser criativo e para isto não pode ser para uns poucos que se sobressaem na arte de representar.
- Não basta ter um animador dos bons, a idéia de BP não foi essa. Você já disse que conhece como eu como surgiu e o que vemos foi criado depois. Hoje alguém com alguma criatividade vai lá à frente com um programa escrito e pobre dos participantes, vão assistir réplicas de representações antigas ou vistas em alguns programas cômicos de TV. Canção, apresentação PT um, palma, canção, apresentação PT dois e assim vai.
O Chefe DCIM ouvia. Não sabia se concordava se esperava o final para ir embora ou se preparava para retrucar.
- Continuava o "Velho" - Acredito que existe a necessidade deste espetáculo teatral, desde que seja bem montado e destinado para pais e visitantes.  A pirotecnia ali até que pode valer à pena, mas esta é a única exceção que admito.
- O melhor é aquele fogo da tropa, que ela decidiu onde e quando. Que ela (a tropa) sabe o que vai fazer. Que pode ser um simples bate papo, mas o fogo, este sim está ali em volta, e todos sentem o mesmo calor e participam em conjunto espontaneamente. Alguns ingredientes são bem vindos e devemos até motivar os nossos jovens com instrumentos musicais, mas alguns chefes acham que ali podem demonstrar seus dotes de cantores em vez dos jovens e acabam estragando tudo!
- Fazer o certo não é difícil! - Basta dar a isca correta. Com o tempo tudo irá fluir naturalmente.  Deixar pôr conta dos monitores. Não importa até quando eles estão ou não preparados. Não precisa de nenhuma técnica para isto. E nem curso, desculpe minha intromissão.
- Isto se aplica também a Tropa Sênior e claro nas tropas femininas. Discordo inclusive o que estão fazendo aos lobinhos. Claro que não seria uma réplica do fogo da Tropa, mas o inicio para eles se motivarem mais, sem aquela preparação minuciosa com um ou outro chefe se destacando, sem dar possibilidades de criatividade entre eles e o “incrível” lampião fazendo às vezes de uma fogueira.
- Posso até concordar com você em alguns pontos - falou o Chefe DCIM - Mas não é tão simples assim. Hoje temos Escotistas que nunca foram ao campo e não tem a mínima idéia do que fazer. Não sabem nem ascender um fogo e estão dirigindo um acampamento.
- Você chegou ao ponto! - falou o "Velho”. Este é o nosso Escotismo. Causas e efeitos. Pelo efeito estamos dando o que achamos certo, mas sem nos preocupar com as causas. Estas é que são preocupantes.
- Enquanto vamos criando facilidades para aqueles novos vamos mudando o rumo do nosso fundador. Temos que atacar em todas às frentes e não ficar facilitando a vida de um interessado em ser um Dirigente Escoteiro. Compete a ele se adestrar, ler, aprender e estagiar para não prejudicar toda uma estrutura que foi montada em alicerces firmes.
- Sei que você vai me dizer que estes não estão tão interessados e que os Grupos tem dificuldades em encontrar vários deles, mas isso poderia mudar se as causas fossem sanadas.
- Primeiro tentar diminuir a evasão e com isso utilizando mais os rapazes advindos do movimento. Desculpe novamente, sei que não é este o nosso assunto, mas uma coisa leva a outra. 
O "Velho" viu que seu cachimbo estava apagado. Entusiasmou-se tanto que logo sentiu a falta daquela horrorosa fumaça que soltava como se fosse à chaminé de uma fábrica ou locomotiva a vapor.
O Chefe DCIM aprovou a deixa para mudar de assunto.
Conversaram mais algumas amabilidades e logo apareceu a Vovó com seu café fumegante e seus biscoitos maravilhosos. Fiquei analisando a conversa dos dois e fico com o "Velho”. O Fogo de Conselho tem tradições que foram criadas e estas não podem ser alteradas a bel prazer.
É delicioso fazer uma fogueira simples, alimentá-la à medida que se torna necessário, sentir o calor dos amigos, um bate papo legal, uma canção espontânea, uma imitação ou uma historia de improviso, um fato pitoresco, um bom café ou chá e boas risadas das dificuldades ou aventuras do dia ou dos tempos no Escotismo.
Os jovens, os chefes, todos eles são amigos e não superiores. Não há ordem de seqüência e nem repetitividade. Este sim seria o meu fogo ideal.
Já participei de dezenas, centenas talvez, mas não tive o prazer de assistir e participar de um desse. Felizes são os jovens. Pena que os adultos não pensem assim. Sempre querem decidir para eles e eles não sabem que a felicidade está tão perto e basta um pequeno empurrão para alcançá-la.
- Senti o "Velho" bater a mão no meu ombro, dar um olhar enigmático e dizer -”Também concordo com você, só que eu pude participar, pois Graças a Deus, fui jovem e tive uma chefia de primeira qualidade!” -
Deus do céu! - pensei. O "Velho" agora também lê pensamentos?
                            Eu era feliz e não sabia!
                                        O..PATA..TENRA


Nenhum comentário:

Postar um comentário

obrigado pelos seus comentários