Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sábado, 3 de dezembro de 2011

FRATERNIDADE - Fasciculo especial


FRATERNIDADE  fasc. especial

 Os homens devem ser boníssimos para as mulheres, porque a natureza deu  a elas o lado mais pesado do tronco para levantar e pouquíssimas forças com que fazê-lo”  ABRAHAM LINCOLN                                                                                                             


 “Aquele que achou uma boa esposa, achou bem, e receberá do Senhor um manancial de alegrias”.                                                                                               


PROVÉRBIOS - 18.22


“Um Cavalheiro” é um cara que mantém limpas ate as unhas do pé.”
                           

“PARA AQUELES QUE SABEM DISTINGUIR UMA BOA AMIZADE”

     Numa noite fria de inverno, lá pelo final do mês de junho,  na casa do “Velho”, eu ele e a vovó deglutíamos um delicioso bolo de chocolate  (o estômago do “Velho” não suportava, mas o teimoso insistia) e mantínhamos um agradável “tête-à-tête”.
     Minha mente ia acompanhando o desenrolar dos assuntos e simultaneamente admitia que o destino é infalível e nos prega boas peças. Buscando no passado até onde nossa lembrança pode ir, verificamos que tudo parece ter sido “bolado” matematicamente para que os milésimos de segundos tenham a sua importância em tudo aquilo que tem uma razão de ser.
     “Ora meu “velho”, você não é assim, quer mostrar uma carranca de durão, mas no fundo é um sentimental como todos nós”- falou a vovó.
     - Hum - Hum ! fungou o “Velho” - “ Amizade se conquista”.
     - Certo, continuou a vovó , - “quantas e quantas pessoas você conheceu e como eles trouxeram infinitas alegrias para você!
     - “Nem tanto mar , nem tanto terra”- continuou o "Velho".
     - Deixe disto, - abra o seu coração e procure lembrar-se de todos que de uma maneira ou de outra foram seus amigos. continuou a vovó. - “Amizade não é do jeito que queremos e sim da maneira com que a aceitamos”.
     - Vovó sorria com ternura e quando ela sorria uma áurea brilhante clareava a sala, já na penumbra do lusco fusco da tarde, naquele final de inverno frio e chuvoso.
     - “Velho”- disse eu, - quase não vejo ninguém em sua casa. Fica sentado em sua poltrona, fumando seu cachimbo esperando e esperando. O que espera? Você não acha que seus amigos também tem seus problemas e como você não dá o ar da graça, também não retribuem. Pensam que você os esqueceu! -  Levanta e vá procurá-los. Verá a alegria deles em recebê-lo.
     O “Velho” piscou, deu “mil baforadas” piscou outras vezes , desprezando o que eu disse e falou para a vovó como seu eu não estive ali.
     - Ela faz aniversario nesta semana.
Não entendi nada. Vovó sorriu matreiramente e me explicou: - “É um casal maravilhoso. Se conheceram no movimento e é um dos poucos com que o “velho” ainda se preocupa.
     - “Não venha com fantasias, pois para mim são todos iguais, rosnou o “Velho”.
     - Deixe disto, - falou a vovó - Você sabe que não é bem assim. E vovó passou a contar a historia de uma grande amizade dele e como ele mantinha uma ternura toda especial com aquele casal.
     - O marido ele conheceu quando passou a colaborar no Grupo há muitos e muitos anos atrás. Jovem ainda, tinha um sorriso simpático e radiante. Participou em alguns cursos dirigidos pelo “Velho” e juntos trabalharam no desenvolvimento daquele grupo que capengava das pernas. Foi uma luta árdua mas satisfatória. O crescimento veio com qualidade e quantidade.
     - Ela - continuou a vovó - Apareceu numa tarde de sábado, irradiando alegria e vontade em participar do movimento escoteiro. O “Velho” a recebeu bem, mas desconfiando como sempre desconfia dos novatos no movimento. Em pouco tempo, ela demonstrou qualidades e virtudes, encontradas em grande parcela no universo das participantes femininas que atuavam nas alcatéias. Conquistou a amizade do “Velho” de pronto. Inclusive necessitando de uma secretária na sua empresa  a convidou e assim se tornaram grandes amigos.
     - “Nem tanto assim, falou o “velho” - querendo demonstrar que a amizade era igual a todas que achava possuir”.
     - Ambos jovens, não demorou muito para o enlace. Se encontraram como “almas gêmeas” e o casamento foi uma questão de tempo. Continuou a vovó -  O “velho” abençoou aquela união. Logo veio o primeiro filho e visitamos algumas vezes o casal, o que agora acontece muito raramente ou para dizer a verdade, quase nunca!.
     - Meu tempo é curto - Falou o  "Velho".
     - Curto? "Velho"  você não faz nada. Fica de um lado para outro e nem se toca que os outros também sentem sua falta!. - comentou a vovó.
     - Não é só eles com quem o “velho” tem uma grande amizade. Existem outros. Vovó ficou séria e continuou. - Fraternidade, amizade e outros adjetivos são bonitos na palavra dos outros, mas nunca quando sentimos que estamos falhando com elas. Quantas vezes o  “velho” falou em seus cursos, em suas idas e vindas na “Grande Fraternidade Escoteira”. Isso existe? - Claro que existe! - Mas não da maneira com que queremos ver. Os outros também tem suas necessidades, seus tempos corridos e a vida é uma labuta que nos empenhamos a cada minuto. Quem quer “anda” quem não quer “manda”!. - Vovó era um pouco radical com o “Velho" mas acho que ele tinha que ouvir.
     O “velho” ficou calado e cabisbaixo. Talvez a lembrar do seu passado e quantas pessoas ele conheceu e conviveu. Até a alguns anos atrás ele recebia muitos amigos e correspondências. Mas estas rarearam até desaparecer de vez.
     Fiquei pensando como falamos tanto em fraternidade no Escotismo. Será que ela existe mesmo? ou é algo de momento? - Poderia até imaginar quando não estivesse mais de uniforme e comparecesse em uma atividade qualquer, se seria recebido da mesma maneira. Seria? - Não sei não.
     Vovó parecendo adivinhar meus pensamentos, falou: - Não só no Escotismo a palavra Fraternidade é comentada constantemente. Para alguns significa muito e para outros significa pouco. O importante é o que sentimos diante dela. Ser fraterno é dar sem receber, esperar que os outros façam primeiro não significa que sou fraterno. Fraternidade é sentida e usada em todas as situações com todos que querem ser fraternos. Podem ser poucos, mas são verdadeiros. Existe ainda grande numero de pessoas fraternas. O Escotismo é um  meio de chegar-mos até elas e sermos como elas, meios repito e não o fim. Como dizia o “Velho” qualquer um pode entrar no Movimento Escoteiro, mas ser escoteiro não é para qualquer um.
     Vovó acertou no alvo. Até o “Velho” sentiu fundo suas palavras. Ele sabia como ninguém que fraternidade é para ser sentida e usada,  não para ser comentada!. Amizade não  se acha mas se conquista.
     E no final daquela tarde, onde o frio e a chuva fina que caia dava um ar especial aos meus pensamentos sentia que era como uma benção ter amigos e saber conservá-los.  Meu ser , minha mente buscava em todos os pontos os sonhos de ser feliz. Me dei ao luxo de lembrar-se de uma oração conhecidíssima dos escoteiros, e que nem sei porque me veio a mente para recitá-la:

Senhor, ensinai-me a ser generoso, a servir-vos como mereceis, a dar sem contar, a trabalhar sem descanso, a sacrificar-me sem esperar outra recompensa, que faço segundo a sua vontade...

O... PATA...TENRA

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