Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O ADOLESCENTE - Fasc. 29


O ADOLESCENTE  fasc. 29

“Aqui esta você contemplando o horizonte no alto de uma montanha. Perdido em seus pensamentos, diz para si mesmo: - Como é belo viver ! Aos poucos nota que algo vai surgindo ao longe. Tão belo que não se pode expressar em simples palavras. A alegria começa a tomar conta do seu coração. A cada minuto vai aumentando. Em porção de segundos você começa a entender o motivo de tudo! - O que surge nada mais é que a representação viva da natureza e das esperanças humanas.
É a beleza de viver e ser feliz! - Agora tudo está mais claro. O que você vê é o nascer do sol, a maior das belezas existentes.
Agora pare e pense, pois entenda tudo novamente. Em cada horizonte há sempre um sol, uma luz para os dias negros tristes em que vivemos!.
TRANSCRITO DE UM RELATÓRIO DE UMA ESCOTEIRA DA PÁTRIA

A ESSES JOVENS MARAVILHOSOS QUE TEM TUDO PARA MANTER A ESPERANÇA QUE QUEREMOS DE UM MUNDO MELHOR!

A reunião havia terminado. Escoteiros e escoteiras se dirigiam para suas casas. Um papo aqui, outro ali e alguns chefes já se preparavam para nossa “tradicional“ chopada das sextas feiras.
Eram duas horas e meia de reunião. Iniciava impreterivelmente as 19:30 hs e se encerrava as 22 hs. Sempre havia pais, amigos e antigos escoteiros para uma ou outra conversa, mas as 22:30 hs chegavam chefes de outras sessões cujas reuniões foram em dias anteriores e lá íamos nós comer “suculentas“ pizzas, regadas a um excelente chope em um restaurante próximo, cujo ambiente era ideal para um gostoso bate papo. O proprietário alem de ter sido escoteiro quando jovem, se juntava a nós, varando madrugadas.
Eu chegava mais cedo a sede do Grupo, pois gostava de ver e apreciar a movimentação dos rapazes e moças. Sem tirar a individualidade, as reuniões se pautavam com respeito, alegria e fraternidade, principalmente quando se fazia reuniões em conjunto , claro, programadas antecipadamente. Nada de tropas mistas. Tenho reparado que as tais tropas mistas existem por falta de chefia feminina. Nada mais que isto. Pois quase sempre era um adulto masculino a dirigir. Com que base não sei, mas era a pura verdade.
Sentia dentro de mim, a força que cada um transmitia. O Sistema de Patrulhas funcionava muito bem. O Chefe do Grupo, tinha assumido as funções no ano anterior ( O Conselho de Chefes votava a cada três anos e indicava a Comissão Executiva um nome para eles definirem, ou seja, homologar é claro)  e como os anteriores tinha a formação escoteira  oriunda do próprio Grupo.
Como era de praxe, ficava sentado nos degraus da escada que dava a biblioteca e gostava de apreciar as reuniões de patrulha, o adestramento, a aceitação do ponto de vista da jovem e do jovem e a liberdade do aprendizado e discussões em grupo.
- Isto era para mim uma forma de distração e enriquecimento dos ideais que acredito existir no Movimento Escoteiro. Ao término da reunião e após alguns arranjos necessários, saiamos em caravana e ao chegar ao local programado, já encontrávamos outros que tinham ido direto sem passar pelo Grupo.
Naquela noite, com várias mesas juntas, era composta pelo chefe da Tropa Masculina e dois assistentes. Ali se encontrava também minha cara metade que, apesar de não participar do Movimento ativamente, era sempre bem vinda pois tinha excelente amizades com todos e gostava do encontro saudável num final de semana cansativo para a maioria. Duas chefes da Tropa feminina e três assistentes se juntavam aos Escotistas da Tropa Sênior e não faltavam seis Escotistas das Alcatéias e alguns membros do Círculo de Antigos Escoteiros que sempre apareciam pois mantinham um vinculo muito forte com o Grupo. Completava a mesa, seis membros do Clã Pioneiro.
Uma “mussarela“ era deglutida com a coragem que os chefes tem, ou seja , de um bom “mateiro“ o que ali significava bom “garfeiro“. Rodadas e rodadas de chopes eram solicitadas a cada momento. Infelizmente, havia alguns que só tomavam refrigerantes(!).
Até o Chefe do Grupo deu o ar da graça, pois nem sempre podia participar, devido ao seu trabalho ( era médico e dava plantão em hospitais). O numero era o de sempre. Houve sextas feiras que chegou a mais de 60 participantes. Não importava o numero é claro, pois o importante era a confraternização.
Sempre surgia um tema ou assunto, e as discussões nos levava a um gostoso bate papo. Nossa falta de tempo em conhecer determinadas situações, principalmente as apresentadas no dia a dia na lida com as sessões, cursos de adestramento e literatura Escoteira, ali , no calor dos amigos e alguns com boa experiência, o tema era dissecado de maneira tal que a sessão só tinha a ganhar, alem é claro de todos nós.
Outros assuntos sempre surgiam, mas nada como falar do Escotismo quando estavam presentes somente membros do Movimento.
O conhecimento do adolescente e o seu comportamento, foi o tema comentado  naquela noite. Surgiu sem ninguém esperar mas aceito pôr todos pois cada um de nós tinha a sua maneira de pensar e o assunto só iria enriquecer a todos. Aqueles que eram casados e tinham filhos, podiam até dar diretrizes sempre acompanhada da experiência, o que era indispensável para uma maior aceitação.
- Acho que não  é pôr aí - comentou um chefe - Não podemos esperar um acampamento ou uma grande atividade para conhecê-lo ( o jovem).  Nossa abordagem tem de ser imediata. - (Era uma replica do comentário de um que dizia ser fácil e mais proveitoso, conhecer o jovem quando acampado.) -  Continuou o chefe : -  Alem disso, devemos estar sempre voltado para começar durante a sua entrada no Escotismo. Acredito que no primeiro e nos dias posteriores das reuniões, temos a obrigação de dar uma atenção especial e acho que ele pode até se abrir mais conosco e nos dará base para um pré-conhecimento.
- Um outro chefe comentou - : Olhe que todos nós encaramos o jovem desde o seu primeiro dia objetivamente. Eu pôr exemplo não espero para ver e sentir o seu interesse , assim como seus problemas e aspirações. Procuro visitar seus pais, mas meu tempo nem sempre permite uma visita a todos. A confiança tem de ser sentida no primeiro dia. Deixá-lo a vontade e conversar informalmente é sempre uma forma de compreensão e amizade.
- Não é bem assim, - comentou outro assistente - A surpresa de uma outra personalidade e que só vamos conhecer com o tempo não pode acontecer. Isto pode trazer problemas que dependendo a hora e o local, não teremos facilidades em resolvê-los. Compete a cada um de nós desde o primeiro dia conhecê-lo e bem. Para isto temos que arranjar tempo e conhecer sua família, seus amigos fora do escotismo pois somente assim suas aspirações e desejos serão completados na sessão.
- Seria o certo - replicou outro chefe - Nossa função é colaborar com ele, não substituindo a família, a escola e a religião. No meu caso e de muitos aqui presente torna-se mais difícil pôr estamos em uma  grande cidade e nosso tempo disponível é pequeno. Exigir isto de nós é uma abordagem que não podemos dar.
- Costumo realizar a cada três meses, - continuou -  reuniões de pais, com finalidades diversas e a que me toma mais tempo é discutir o que se passa e como é o filho de cada um. Se fosse em particular, seria interessante. Mas não, na presença de outros nem sempre a verdade vem a tona e as conversas muitas vezes enveredam pôr caminhos diferentes e  não encontramos abertura suficiente para analisar-mos e tirar conclusões satisfatórias junto aos pais.
- Na Alcatéia , fazemos diferente - disse  uma Akelá. Dividimos os lobinhos para todos os dirigentes. Como somos quatro, somos responsáveis pelo conhecimento de num máximo cinco lobinhos. Durante as reuniões existe um tempo para que cada um converse e se torne amigo do jovem. Até agora tem dado resultados.
- Não sei se é pôr aí. - Falou outro chefe - Ainda insisto que a visita em sua casa algumas vezes é a melhor maneira de fecharmos o círculo e podermos ajudá-lo no desenvolvimento na sessão. Não basta que eu conheça alguns. Tenho que conhecer todos. Nem sempre estão presentes todos os chefes e isto pode dificultar em uma situação de emergência.
- Outro entrou no assunto de supetão : - A Côrte de Honra também tem que dar subsídios! - o Conselho de Patrulha também.
- só falta dizer que o Conselho de Chefes é o maior responsável, - completou outro.
- Não é pôr aí - falou uma assistente. - Não vamos complicar.
- O chefe do Grupo pediu a palavra , pois sempre entrava calado e saia calado e apesar de ser um encontro informal onde os assuntos e temas eram diversos, só interferia quando necessário.
- Acho que vocês estão no caminho certo. Discutir, discutir e discutir. É assim que chegarão a conclusão que o adolescente tem de ser conhecido para ser ajudado. Esta é a maneira correta do sucesso na sessão.
- Na minha opinião o importante é a recepção. O primeiro dia tem de ser marcante e bem diferente dos demais. Se ele achar que foi bem recebido num clima amigo e sincero, suas esperanças de encontrar amigos e companheiros poderão ser concretizadas. Não inventar e dizer o que esperamos dele e sim o que ele espera de nós.
-  Quando converso com eles no primeiro dia que estão presentes os pais, procuro ser sincero nas minhas ponderações e vejo que a imaginação deles vai alem do que podemos oferecer. Ele criou uma fantasia e tem de encontrá-la. Vocês são responsáveis pôr isso. Sem essa de alguns de vocês esquecerem que são parte e não o todo. Não existe o meu escoteiro, meu lobinho, minha tropa, meu grupo. Também não satisfaz ter excelentes monitores ou excelentes primos.
- E os demais? - continuava o Chefe do Grupo - Insisto em que conhecê-lo profundamente é o caminho para criar nele o “Espírito Escoteiro“.
- O assunto não parava aí. Cada um falava e dava sua opinião. Isto era o mais interessante pois a assimilação era fácil e a conclusão iria fluir facilmente para nós quando o assunto se esgotasse.
Eu ouvia e concluía para mim mesmo. Até traduzia o pensamento ou palavras do “Velho”. Ele melhor do que ninguém sabia da importância da amizade sincera entre o chefe e o jovem. Sabia que não poderia haver bom escotismo com excelentes resultados sem esta necessidade.
A noite transcorria calma  e gostosa, quando alguém gritou próximo a porta :
- É um assalto! - Todos para o chão! quem se mexer  leva bala! - Tremi na base - Alguém pisou em minhas costas - Levanta a cabeça e leva um balaço seu m..! Só os ladrões gritavam. Ninguém falava nada. Falar o que?.
- Uma sirene baixa e aumentando o volume progressivamente foi ouvida pôr todos, um principio de silencio e logo um dos ladrões gritou alto! - Corram, é a policia ! - Cada um pra si e Deus pra todos!.
Em segundos desapareceram. Graças a Deus não levaram nada e ninguém foi ferido.
Estávamos acalmando aos poucos. Meu coração ainda estava disparado. Uma outra rodada de shop foi pedida. Poucos falavam agora.
- Afinal e o carro da policia que não chega?
A sirene começou baixa de novo. Um assistente da Tropa Sênior era o responsável pôr ela.
Pó meu! - foi você? - Não era a policia? - Se os ladrões descobrem, você estava frito - onde aprendeu?
- Foi com o “Velho” em um curso. Ele me disse que se imitasse bem poderia utilizar algum dia - completou.
Tinha que ser. Quem mais teria um plano assim? - Ah! - mesmo não estando presente ele era lembrado. Os comentários mudaram. Outros assuntos foram colocados. Eu ficava pensando se tivéssemos um "Velho" em todas as bases do Escotismo. Que ele seria outro seria, isso eu garanto!.
O adolescente é um tema e tanto! - Tentar compreendê-lo, sentir seus desejos e confiar nele talvez seria um bom começo!.
E a noite foi curta , pois a madrugada chegou e com ela fomos embora para nossas casas.

“ Eu gostaria de ser um super-herói. Como é bacana quando vejo tantas aventuras na TV. Meus amigos gostam de brincar de esconde/esconde. Mas sempre sou o primeiro a ser encontrado. Mamãe vive implicando quando não vou bem à escola. Papai não deixa em brincar quando minhas notas ficam ruins. Um dia vou dar um susto neles e vou pedir ao Papai Noel uma carteira  e uma mesa igual  da escola. Uma caixa de giz, um quadro negro e muitos livros junto com a coleção de discos do papai. Quem sabe eles ficaram felizes e me deixarão brincar... sonhar... sonhar que sou herói, galopando um cavalo alado com a minha espada mágica sentindo o vento a bater no meu rosto!.
ESCRITO POR UM LOBINHO DE sete ANOS!.
                                                                                                                                                    O...PATA...TENRA

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