Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A TRILHA - fasc. 12 e 13



A TRILHA  fasc. 12   
                                                                  
“O abutre Chill conduz a noite incerta
E que o morcego Mang ora liberta -
É esta a hora em que adormece o gado,
Pelo aprisco fechado.
É esta a hora do orgulho e da força
Unha ferina, aguda garra.
Ouve-se o grito: Boa caça aquele
Que a Lei d Jângal se agarra”.
                        
                             Canto noturno da Jângal.
                                KIPLING.

“AO ESFORÇO DEDICADO DE TODOS OS ESCOTISTAS DE ALCATÉIA.

CAPITULO I:
    
O “embate” gostoso acontecia em nossa reunião de Chefia de Grupo naquela noite. Sempre tínhamos assuntos ou duvidas para discutir, e mesmo que um ou outro discordasse das posições de cada Escotista presente o aprendizado era fortalecido no sistema democrático, base central da formação que pretendíamos oferecer aos rapazes e moças do Grupo em que prestávamos colaboração. (tínhamos aprendido que o termo “meu” significava poder, nada de meu Grupo, minha tropa, meu escoteiro etc. Ali éramos meros colaboradores! ).
     De um lado, os Escotistas de alcatéia. Do outro, os da tropa masculina e feminina. Os chefes Seniores e as Chefes de Guias também opinavam, baseados em que faziam parte de um todo e os temas direta ou indiretamente atingiam a cada um. 
     - Os chefes de Alcatéia reclamavam do esforço em manter e adestrar um lobinho durante anos, para que em poucos meses após a “passagem” a maioria abandonasse o movimento.
     - São 2a Estrela, Cruzeiro do Sul. Todos eles. Diziam.
     - Uma chefe de lobinho, com mais de seis anos de atividade, informava à todos a estatística da evasão:
     - Só para termos um ponto de partida, nos últimos doze meses, 16 lobinhos passaram para a Tropa. 06 foram Lobinhas. Hoje, temos na tropa masculina 01 e na feminina 02. É significativo. Acho que devemos estudar o motivo de tanta evasão, completou!.
     - Alguma coisa não está certa - Falou uma assistente. Os Escotistas de tropa rebateram. Nas Alcatéias as Escotistas não aceitaram o comentário. O Chefe do Grupo interveio na discussão. Estava acalorada. Pediu para meditarem  melhor sobre a “trilha”.
     - É bem feita disse um. É mal feita , disse outro. Aqui e ali as opiniões eram divergentes.
 Em dado momento um assistente mais novo comentou meio sem jeito:
     - Tenho notado na “Corte de Honra” uma preocupação dos monitores com a “Passagem”. De uma maneira geral eles acham que a vida do lobinho na Alcatéia é só “moleza“ e não fazem nada. Ou são indisciplinados ou moles e atrapalham a patrulha na hora do “racha”. Comentam que na reunião de alcatéia fazem joguinhos de “faz de conta” e dramatizações sem graça. Algumas vezes observam eles a brincarem de pinturas ou fazendo armações de papeis com tesouras e outros “bichos”. Os escoteiros acham que para a idade, tais tipo de atividade não completa a necessidade para no futuro serem bem recebidos na tropa. Ainda comentam sobre as danças esquisitas entre lobinhos e Lobinhas.
     -  Um dos monitores foi lobinho Cruzeiro do Sul e falou de sua experiência - continuou outro Chefe de Tropa:
     - A “passagem“ mais parece um dia fúnebre. Lobinhos de um lado, escoteiros do outro. A Akelá fala e chora. Lobinho sai despedindo de todos e chorando. A Alcatéia canta uma canção chorosa.  Tudo é choro. Passa para o “outro lado“ os chefes o recebem. É apresentado a tropa e entregue ao monitor que o leva para a patrulha. Todos calados pois assistiram a uma verdadeira “choradeira”.
     - Continuou o Chefe - Agora o lobinho faz parte de uma patrulha. É outra vida. É a cidade dos “homens”.  Na patrulha consideram-no um “Pata Tenra” não importa a classe que tirou. Até um escoteiro recém admitido é tratado de outra forma. Tem que lutar com todas as forças para vencer aquela barreira. Mais difícil que aquele jovem da mesma idade que entrou direto para a tropa. De que valeu a 2a estrela? e o Cruzeiro do Sul?.
Foi a conta. A reunião virou um pandemônio.
      Não é assim falava um! - Não é assado, gritava outro! - Até que o chefe do Grupo, calmo como sempre foi, pediu silencio e comentou.
     -Tenho outra opinião, mas prefiro que vocês que estão diretamente envolvidos que falem!. Não vamos fazer disto um “cavalo de batalha”. A razão estará naquele que achar uma solução para evitar a evasão. Isto é o principio de tudo!.
     - Muito bem! – de acordo, chefe,  gostaria de começar. - Falou uma Chefe de Alcatéia.
Esta era Insígnia da Madeira com mais de oito anos no movimento. Ponderadamente explicou como via tudo aquilo.
     - Posso até concordar, continuou, que mimamos um poucos os meninos e meninas, mas nem tanto. Afinal o programa está sendo seguido a risca e vamos ponderar que a tropa também tem sua parcela de culpa. Vejam bem, a “trilha” é clara neste sentido. O que a tropa está fazendo para acertar? - Tenho visto o lobinho ser entregue em reuniões na patrulha escolhida e ele fica em segundo plano! - Não existe um interesse maior para a aceitação na Equipe. Fica difícil ele ( o lobinho) se sentir bem e ir com vontade para a “ Cidade dos homens”. Quanto a evasão,  vamos e venhamos, ela também existe e muito com os Escoteiros. Basta ver quantos fazem a “Rota Sênior” e continuam na sessão.
     Um dos Chefes de Tropa, conhecido pela sua experiência, também insígnia e mais ponderado, falou impensadamente:
     - Temos que aceitar a observação da chefe e tratar melhor os lobinhos advindos da alcatéia. Se demonstrarmos que não somos tão “paparicadores” como elas e não mostrarmos tanta afetividade e proteção, acho que poderemos fazer com os lobinhos uma “Trilha “ melhor!.
     Pronto! - foi a gota d’água. Ele se arrependeu do que disse. Caíram em cima sem dó sem piedade.
     Foi um pandemônio de dar gosto. O Chefe do Grupo deixou até achar que a discussão não estava levando a coisa nenhuma. Democraticamente, como sempre o fazia, pediu a palavra e em seguida tentou mostrar que muitas vezes não ouvimos o ponto de vista do jovem e quem sabe uma pesquisa junto aos lobinhos que hoje estão na tropa (são tão poucos) poderiam dar subsídios  para uma melhor discussão em outra reunião.
     Nada feito. Todos queriam expressar suas opiniões. Nesta hora vi com surpresa , manuais novas literatura e “Fichas técnicas” sendo mostradas e comentadas. Cada um queria dizer seu ponto de vista baseado no que aprenderam e na sua experiência. Outros citavam palestras ouvidas, indabas, comentários de membros da Equipe de Adestramento etc. e etc. Ouve até uma que comentou citações de BP.
     A  hora avançava pela noite. O Chefe do Grupo resolveu interromper. Havia ainda o assunto da disponibilidade física da área  de reunião e o novo Clã que estava sendo formado queria o seu “pedaço” e para isto era necessário chegar a um consenso junto as sessões.
     O Mestre Pioneiro , um Sr. de idade e sua esposa que aceitaram o convite (Ele tinha sido escoteiro quando jovem) para serem os lideres, já que seria um Clã misto estavam embasbacados. Não estavam  entendendo nada daquela discussão.
     Ouve outros assuntos. E o chefe do Grupo marcou uma nova reunião para dali a 15 dias, onde iriam discutir somente o tema da passagem e da evasão. Assunto tão exaustivamente comentado pôr todos. O que, como, quando e onde ainda ficaria sem uma solução naquela noite.
     A reunião terminou. Não houve vencidos nem vencedores. Foi solicitado que estudassem bem o assunto. Uma pesquisa bem feita tanto no presente como no passado pensando no futuro poderia ajudar bastante a evitar a evasão.
     - O importante falou - era acharmos um caminho. A vitória seria do Movimento Escoteiro, pois ele sairia fortalecido se pudéssemos manter pelo menos pôr um ou dois anos, o jovem no movimento. É pouco mas seria o “possível”. O Impossível viria depois.
     -  Visamos os resultados e não os meios, disse.
     - “Madrugada brava”- dizia um Escotista ao meu lado, enquanto caminhávamos pela rua deserta. Absorto em meus pensamentos, ansiava como o “Dr. Watson”, ao perguntar ao seu amigo “Holmes” como descobrira tudo. - Fácil, muito fácil meu cara Watson.
     O domingo se aproximava e já sonhava em conversar com o “Velho”  e saber sua opinião sobre toda esta polemica.

“  - Boa sorte para todos, ó chefe dos lobos!! exclamou o vulto. E também boa sorte e rijos dentes para esta nobre ninhada, a fim de que jamais padeçam fome no mundo.””.
                                                                O ...PATA...TENRA.


A TRILHA  fasc. 13         
               
  “ A EMBRIAGUEZ DA PRIMAVERA
“ O homem ao homem !  É o desafio da Jângal !
     Já parte aquele que foi nosso irmão.
        Ouvi, então, julgai, ó vós, gente da Jângal
           Respondei: quem irá detê-lo então ?

              O homem ao homem ! Ele soluça na Jângal !
                  O nosso irmão se aflige dos males supremos.
                      O homem ao homem !  Nós os amamos na Jângal !
                        Esta é o sua trilha e nós não mais o seguiremos.

                            DO LIVRO DA JÂNGAL DE  RUDYARD KIPLING

“  AOS MEUS FILHOS, QUE SÓ ME DERAM ALEGRIAS “

F I N A L

     -  Ao pular os três degraus que levava a varanda da casa do “Velho”, o sentido da audição ficou alerta e captou sem grandes surpresas uma tarde com a 3a Sinfonia de Beethoven ( Primeiro  Movimento - Alegro com Brio) e que fluía suavemente pela janela da Sala Grande. 
     Vovó e o “Velho” estavam de mãos dadas, lado a lado, sentados na poltrona de couro preto, olhos semi cerrados, como que transportados para os floridos jardins do “Nosso Lar”, inebriados com os doces aromas das flores que exalavam naquela outra dimensão do infinito.
     Senti-me  como um intruso invadindo a seara alheia. Mas não pude resistir e como um “velho cão de caça”, tentando ao máximo não ser percebido, aproximei-me do meu banquinho de três pés meu predileto e sentei relaxando o corpo. Deixei que a suave melodia invadisse todo o meu ser. Aquele momento sublime mostrava o porque de nossa existência no planeta “Terra”. Se era um mundo de “Expiação e de Provas” aquele instante era de pura felicidade e alegria.
     - Passado minutos, horas, momentos de tão puro deleite que não pude medir, pois o tempo e espaço se fundem numa só explosão de êxtase, acordei com a vovó me convidando amavelmente para oferecer um “fumegante” café, como sempre acompanhado de saborosos biscoitos de polvilho e naquela noite, pães de queijo de dar água na boca e cujo sabor incomparável só ela sabia preparar.
     - O “velho” como se eu não estivesse na sala, iniciou seu ritual do “cachimbo” e  da sacola do fumo “Irlandês’ começou a encher o “fornilho”, socando suavemente.   Troquei algumas amabilidades e sua resposta foi um leve “gruído”.  Pensei comigo que não  era um dia bom, mas  não sei qual é o dia bom do “Velho”.
     Já com suas  “baforadas“ e o aroma adocicado nos quatro cantos da Sala Grande, comentei sem muito entusiasmo o que havia acontecido em nossa última reunião de chefia.
     O “Velho” ouviu calmamente e a medida que piscava os olhos, esticava suas grisalhas sobrancelhas notava que o tema lhe interessava. Fechei o “assunto” sem dar meu ponto de vista.
     O “velho” sorriu e continuou calado. Também me mantive mudo. Não passou alguns minutos e a garganta do velho começou a repuxar e vi que dai em diante, ele daria suas opiniões pois sempre tinha respostas advindas de sua experiência anterior . Nada como fazer o “velho“ falar, pensei. Ficou em pé, deu uma excelente tragada no seu Cachimbo Inglês, soltou aquelas baforadas tão peculiar, fungou, remexeu e começou a falar andando de um lado ao outro da Sala Grande.
     - O tempo nos mostra o caminho que trilhamos. Esse sempre foi um tema esquecido pôr quase todos os membros dirigentes do Movimento Escoteiro. Não se olha o passado para fazer comparações com o presente. Falo com sinceridade. Participei de inúmeros encontros nacionais e regionais um sem numero de Indabas, fóruns e tantos outros encontros escoteiros. Não foram poucos. Foram  dezenas ou mais de uma centena. Participei de em diversos órgãos  e nunca este  tema deixou de ser levantado.
     - Senti uma ponta de nostalgia nas palavras do “Velho”. Ele não estava comentando ou falando à sua maneira de sempre. Estava sério, compenetrado e analisando um fato real que apesar da preocupação de todos, continuava sem nenhuma providencia concreta.
     O “Velho”  continuou. - Nosso mal é que também a evasão não é só dos jovens. Os adultos vem e vão. Você se afasta pôr quatro ou mais anos e ao retornar não encontra velhos companheiros. Alguns desistem e os que ficam são “gatos pingados” . Ninguém ainda chegou a conclusão do óbvio. Nosso movimento não cresce , não fortalece e nem é reconhecido pôr causa da evasão e da má qualidade de muitos adultos sem condições de atuar como educadores.
     - Poderíamos começar pelos lobinhos, pelos escoteiros ou pelos Escotistas. Tanto faz. Continuou o “Velho”. Você me trouxe um especifico. Os Lobinhos.
     - Veja bem, porque existe a evasão ? - A “Trilha” tem culpa? - Não sei. Acho que todo o sistema tem culpa. No meu tempo o lobinho tinha uma vida mais adulta na sessão. Hoje não. Com a nova metodologia colocada pelos dirigentes nacionais da área do lobismo, transformaram a Mística numa diversão teatral. Começaram a definir o certo e o errado a maneira deles. Acantonar passou a ser uma atividade sem graça pois fez dela uma extensão da casa. Existem exceções, e conheço um sem numero de boas Alcatéias.
     - Não digo que certos cuidados devem ser tomados a toda hora, mas aqui entre nós, houve e está havendo excessos. Qual a preparação do lobinho para a Tropa? - As provas de eficiência foram tão modificadas que desconheço completamente onde se pretende chegar.
      - O "Velho" respirou fundo e continuou -  Às reuniões não passam de um amontoado de canções da pré-escola, aqui e ali uns joguinhos simples para a idade. Tratam o menino ou menina igualmente com superficialidade. Muitos Escotistas de Alcatéias esquecem-se do seu papel e querem substituir as mães verdadeiras pôr elas ou eles mesmos.  Uma tropa tem razão quando diz que o lobinho não está preparado para a passagem. O lobinho não tem nada daquilo que esperamos do adestramento conforme a  idade e  pensando na mística da Jângal. Tente ler novamente a História de KIPLING e raciocine comigo. O que houve?
     - Não sabia responder - O "Velho" completou :
     - Observe a “Trilha”. A idéia é boa mas a colocação errada. Não existe estágio e  adaptação e a  maneira como é colocada não atinge o objetivo que se propõe!. Claro vai aparecer milhares de Escotistas para contradizer minhas palavras, mas e dai?. - Contradizer é fácil o difícil é provar o contrario. Alguns meninos saem no primeiro mês, a partir do terceiro mês mais de 30% abandonam e finalmente, uns poucos, pouquíssimos irão alcançar a segunda ou primeira estrela, sem contar o Cruzeiro do Sul e passar para a Tropa. Dai é só uma questão de tempo. Esta situação pode ser contestada? Não. Desafio a qualquer um a  provar o contrário. Lembre-se, estou falando da maioria dos Grupos não de todos.
     - Inventaram tanto nos últimos anos, - continuou o "Velho" - que desfigurou-se o que esperávamos para sanar os problemas da iniciação para a tropa. Primeiro veio as meninas. Correto. O Bandeirantismo isolou-se de tal maneira que perdeu toda a afinidade com o Movimento Escoteiro. Lá a co-educação seria mais difícil.  Ao iniciarmos com as seções femininas vi que as experiências inicialmente no lobismo foi feita em pouco tempo e sem bases sólidas. Os mesmo aconteceu nas seções seguintes.  Qualquer laboratório não afirma nada antes de provar que sua  teoria deu certo para então mudar. No Escotismo não, um numero incontável de “Psicólogos e pedagogos” apareceram para dizer que devemos mudar e sem ter uma base sólida e mudam da noite para o dia!.
                - Agora estão a misturar todos numa mesma sessão e soube que existem Alcatéias que  dormem juntos. Claro que a idade não permite interpretações maliciosas mas estão substituindo e avançando em um tema, que ainda é tabu na própria casa, onde os pais ainda mantém dormitórios separados. E olhe que são irmãos. Pena que estes não ficam no movimento muito tempo  para verem suas experiências. Quando saem, ficam orgulhosos pois acham que trouxeram maravilhas para o lobismo. Qualquer cego pode ver o que está acontecendo. Se a idéia de BP era dar oportunidade aos jovens naquela idade, também pensava em fortalecê-los para as tropas , já que não havia nos primórdios do Escotismo um pensamento uníssimo de idades sucessivas que só com o tempo foi determinada e hoje difere de país para país. A metodologia do ontem e do hoje, difere da mística da Jângal nos programas e atividades que Baden Powell trouxe para o Lobismo .
     A melhor maneira de  analisar o sucesso na sessão é ver como  a evasão anda. Se é pequena e  um numero satisfatório fez a Trilha e hoje faz parte da Patrulha sem se sentirem inferiorizados, acertaram!. Caso contrario, os pobres jovens não passaram de um laboratório de experiências e não atingiram o alvo desejado.
     - Lembre-se, não pretendo generalizar. Existem boas Alcatéias fazendo o certo. Mas são minorias.
     Poderia me estender pôr horas e horas. Eu vivi tudo isto. Fui lobinho, tinha outro tipo de chefia e atividade e quando passei para a tropa não houve surpresas.
     - Gostaria de pelo menos alertar e não ser mais uma voz a falar no deserto. KIPLING foi enfático. Analisemos o que escreveu:
     - “Shere Khan, o turuna, mudou sem campo de caça, vai agora prear pôr estes montes conforme informou...”
     - “Filhote de homem? repetiu mãe loba. Jamais vi um...”
     - “ Quero a minha caça. Um filhote de homem que entrou nesta cova respondeu o Tigre.
     -“ Pai lobo esperou que seus filhotes desmamassem e então, numa noite de assembléia, dirigiu-se com Mãe Loba, Mowgli e seus filhotes para o ponto marcado...”
     - “Quando Mowgli não estava aprendendo, sentava-se ao sol para dormir...”
     -“ Urra, urra, rosnou Bagheera entre dentes. Urra, que tempo virá em que esta coisinha nua te fará urrar noutro tom...”
     -“Quando um chefe de bando perde a primeira vez o bote, passa a ser chamado de Lobo Morto, até que lhe tirem a vida...”
     .“A lei da Jângal que é a mais velha Lei do mundo...”
     -“Lei da Jângal, antiga como o céu. Vai para traz e para diante. A força do grupo reside no lobo. O lobo é sempre caçador. O antro do lobo há de ser seu refúgio. Também o humilde tem direito na Alcatéia. E pôr causa de sua idade e sua astúcia as palavras do chefe serão sempre decisivas...”
     - Estou falando grego? - acho que está pensando assim, falou o “Velho”. Captar a mensagem é difícil, principalmente pôr aqueles cujas experiências ainda não produziram frutos.
     - O “Velho” deu uma pausa e continuou - Poderia falar mais e mais. Estão fazendo, ou melhor fizeram de “suas” Alcatéias não um povo forte e unido e sim um povo despreparado para enfrentar com astucia a “Cidade dos Homens”.
 É verdade o que o ex-lobinho disse. Ele se despede e não volta nunca mais. Ao contrario de Mowgli que retornou muitas e muitas vezes a Jângal. É difícil mostrar o melhor caminho. A cada passo é que vamos analisando qual  caminho é o certo. Um dia em que não estarei mais aqui, quem sabe  poderemos ver que ouve alguma mudança e então  a  tropa se sentirá orgulhosa de receber um lobo em seu seio.
      - Ali está um “Mowgli” do mesmo sangue. Um impávido da floresta, amigo de Balu e Bagheera e um membro da Patrulha!.
     Vovó observava o “Velho” e servia nosso café. Minha mente via uma Alcatéia, via lobinhos e via uma tropa de Escoteiros escalando montanhas. Um escoteiro apertava a mão de um lobinho como a dizer:
 -"O amanhã é nosso. Somos do mesmo sangue, tu e eu...  Boa caçada!!!"

“AS ESTRELAS DESMAIAM, CONCLUIU O LOBO GRIS, DE OLHOS ERGUIDOS PARA O CÉU. ONDE ME ANINHAREI AMANHÃ ? PORQUE DORA EM DIANTE OS CAMINHOS SÃO NOVOS....”
                                         O..PATA...TENRA.

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