Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sábado, 3 de dezembro de 2011

DIRIGENTES NÃO UNIFORMIZADOS - Fasc. 34 e 35



DIRIGENTES NÃO UNIFORMIZADOS  fasc. 34

“A lei do carma é a força que leva todos os acordes a mesma tônica, que espalha as ondulações de uma pequena pedra largada em um remanso, até que ondas gigantescas afundaram um continente e muito tempo depois da pedra sumir e ser esquecida!”.
Esta é a historia de uma outra pedra, largada no remanso de um riacho que submergiu muito antes de os faraós do Egito empilharem uma pedra sobre a outra!.
                              Os ensinamentos de Rajaste - O MAGO

BENVINDOS AQUELES QUE ESTÃO CHEGANDO AGORA!

CAPITULO I      

Alguns pessoas tem o dom de em casos de emergência, tomar atitudes rápidas e acertadas. Eu não. Não consigo retrucar na hora em que é necessário uma boa resposta ou mesmo decidir o melhor caminho a ser tomado em casos de emergências. Preciso de tempo para analisar e pensar no que fazer ou falar.
Sempre ouço aqui e ali, de atitudes corajosas tomadas na hora do acontecimento e até críticas de que outros não o fizeram. É muito difícil fazer e fácil analisar depois do fato.
Lembro que alguns anos atrás, eu estava em uma seção de cinema e alguém gritou - fogo!
Ouve um verdadeiro pandemônio. Vi em um canto da sala, rolos de fumaça. O cinema não estava cheio, mas havia mais de uma centena de pessoas. Poucos se preocupam em saber onde são as saídas de emergência quando entram. Na hora do acontecido, são brutalizados e empurrados como um estouro de uma boiada sem rumo definido.
É difícil pensar em tal situação! - Acredito que os heróis se preparam antes ou estão devidamente preparados aguardando o momento certo. Eu não sabia o que fazer. Fiquei em pé e via horrorizado a anarquia, os gritos, as crianças e mulheres em desespero. Minha preocupação no momento não era em me safar dali. Estava boquiaberto com tudo que estava acontecendo e fiquei desesperado não pôr mim, mas pelos outros!
Quando dei conta, a sala já estava vazia e alguns gritavam de dor e de desespero!. Os funcionários já estavam a postos tentando apagar o incêndio e eu ainda estava ali, em pé, semi-paralisado sem saber que atitude tomar.
Alguém me pegou pelo braço e disse para não preocupar pois o foco do incêndio havia se apagado. Não prestei atenção nele. Agora já sabia o que fazer! - Ajudar os feridos!. E assim o fiz.
Tinha conhecimento de primeiros socorros e pude colaborar bastante. Era mais um anônimo que no final chega à conclusão qual decisão tomar. Mas demorou. Poderia ter morrido ou quem sabe ser mais um do salve-se quem puder. 
Demoro em tomar decisões. Assim como eu, acho que muitos também. Não sou herói e nem estou preparado para tal. Naquele momento não preocupei com minha vida porque não sabia o que fazer. Outros não. Primeiro pensaram em si. Acho que tivemos heróis gritando e orientando para que todos tivessem calma e ajudando mulheres e crianças.
Eu sou assim e tenho que aceitar as pessoas como elas são. Isto faz parte da minha atividade no movimento Escoteiro. 
Já tinha conversado com o "Velho" a esse respeito. Não adianta dizer que temos de fazer “assim e assado“.  A realidade está presente em nossa vida, no Grupo, Região e na própria Direção Nacional. Ou aceitamos ou insistimos em nossos ideais ou nos afastamos.
Cada um tem sua maneira de ser, de pensar e agir.
Ele me dizia sempre que não importa o cargo. Importa o que está sendo feito, mesmo que leve tempo.
- Nós dependemos de todos - dizia - O Grupo Escoteiro é como uma grande família. Cada um tem suas obrigações e responsabilidades. Se ali tem amizade e fraternidade, os jovens  tem a ganhar. Garanto que este Grupo vai no caminho certo.
Conheci Grupos que não iam bem. Havia divergências entre novos e antigos. Os Escotistas achavam que os Diretores eram pessoas que estavam ali para servi-los. Estes pôr sua vez, tinham dúvidas de suas responsabilidades, pois sempre confundiam técnica escoteira com atividades burocráticas ou paralelas. O Método e Programa não eram bem conhecidos. Durante algum tempo aceitavam a liderança e depois se afastavam.
Outros mais interessados, deixavam suas funções de dirigentes e participavam como Escotistas. Achavam que a falta de bons chefes poderia ser suprida, pois o elemento humano qualificado não existia e se havia interesse porque não participar?
A partir do momento que começavam a aprender a conhecer e participavam em atividades próprias de adultos, mais se entregavam a tarefa de educadores.
O movimento precisava deles e eles sentiam isso. Infelizmente uns poucos não  compreendiam bem suas novas responsabilidades.
Alguns faziam o certo, outros tentavam modificar e com o tempo as divergências começavam a aparecer. Em qualquer atividade você podia contar quantos vieram do próprio Grupo e quantos que apareceram  depois e estes eram em maior número.
Era comum encontrar nas lideranças distritais, regionais e nacionais , adultos com um, dois até cinco anos de movimento. Muitos deles com ótima disposição para o desenvolvimento do Escotismo e se sobressaiam sobre os demais pelo seu entusiasmo e vontade de acertar.
Em todas as conversas com o "Velho" fiz para mim mesmo, um compendio dos seus comentários e cheguei à conclusão de que nem tanto mar nem tanto terra.  Eram tantas as mudanças que só o tempo poderia dizer se eram certas ou erradas.
Aprendi a respeitá-los e aceitá-los como eram. Se cada um faz sua parte corretamente, o elo da corrente ficava mais forte e tende a fortalecer ainda mais.
Participei de muitas reuniões de Executiva em todos os níveis. Na maioria dos casos sempre se voltavam para o Chefe do Grupo, tentando achar as respostas ou seu apoio. Nos demais órgãos, não. Lá imperava a liderança do membro diretor. Afinal se nós , os Escotistas devêssemos saber de tudo um pouco e resolver bem as situações não precisaríamos de outros!.
Acredito que falta é  uma melhor compreensão das responsabilidades e deveres de cada um. Tenho meus direitos e deveres, mas todos que colaboram na organização também os tem.
Quando não tinha nada o que fazer no Grupo que prestava a minha colaboração, gostava de observar não só os jovens, mas os pais e parentes que acompanhavam seus filhos as reuniões e podia observar o interesse deles.
O Escotismo é interessante. Você nunca ouviu falar e quando ouve não interessa muito (os leigos). No entanto se observar e participar espontaneamente pôr algum tempo é picado pelo mosquito invisível e basta um convite e lá está você, de uniforme e tentando dar o melhor de si.
Eu era um deles. Ou seja, alguém que observou e foi convidado para participar. Isto aconteceu há mais de oito anos.
Estou participando até hoje. Não sei se o "Velho" tem culpa no “Cartório”, mas ele é um dos responsáveis pela minha permanência.
Não posso dizer que sou um Chefe com todas as condições. Atuei somente como assistente e agora estou colaborando com os Seniores.
Minhas conversas com o "Velho" tem ajudado , mas sinceramente, fico de “Cuca” cheia pensando em tudo que ele me fala. Estou à espera dos resultados. Já vi alguns. Poucos é claro mas quem sabe pode servir para mim como exemplo para melhorar.
Como ele diz, tudo é válido, se os resultados esperados  são alcançados. Infelizmente sou obrigado a dar razão a ele em alguns pontos. Os resultados não tem sido dos melhores, mas devemos confiar!.
              O ...PATA ...TENRA...
 

 DIRIGENTES UNIFORMIZADOS  fasc. 35
 
“ Tem gente que é um gansinho no modo que vai atrás,
Dos outros que vão à frente - nem sabe para onde vai...
Nas pisadas do pai ganso, vai pisando o filho atrás!
Ele nunca fará nada que não tenha feito o pai!.
                                                    B.B.VALENTINE

O DIRIGENTE É MUITO MAIS DO QUE TODOS, BEM AO CONTRÁRIO DO ESCOTISTA QUE TEM UMA MOTIVAÇÃO MAIOR!


FINAL

A reunião começava no seu horário habitual. Eram três Diretores e quinzenalmente se encontravam para manter a rotina mensal e verificar dentro de suas responsabilidades o desenvolvimento do Grupo Escoteiro. 
Um deles, antigo Escotista, sentia falta do passado, quando naquela sala estavam presentes até mais de oito membros. Infelizmente, a realidade era de que três funciona melhor do que oito. Nem sempre estavam todos e é claro, nunca passavam de dois a quatro os que realmente trabalhavam. 
Era um tédio a reunião. Cumpriam o horário, discutiam alguns itens apresentados pelo Conselho de Chefes (ali sim, a reunião valia a pena), verificavam e providenciavam as  correspondências dos órgãos superiores , conferiam a contabilidade, escreviam uma ata e até a próxima quinzena!. Um dos participantes meu amigo, reclamava da rotina e me  dizia que eu era um felizardo, pois junto aos jovens tinha tudo para  me motivar.
Na semana anterior ao descer uma escada na Empresa onde trabalho, escorreguei e tive uma luxação no joelho e o médico resolveu engessar. Isso me obrigava a ficar “hibernado” em minha casa, sem poder sair e recebendo algumas visitas dos amigos do trabalho e do Escotismo.
Eis que minha esposa abre a porta e aparece o "Velho", empurrado pela Vovó, querendo mostrar desinteresse na visita, mas seus olhos brilhavam ao me ver e eu tinha certeza que sentia minha falta,  das nossas conversas até a madrugada.
Ele não me visitava freqüentemente mas de vez em quando aparecia. Minha esposa adorava o "Velho" e a Vovó e só não gostava do seu cachimbo. Quando ele chegava ela franzia a testa pois sabia que dali a pouco a sala estaria empestada da sua fumaça infernal.
Sentou-se na minha poltrona favorita e como ele era visita não falei nada (sempre fazia assim para me provocar). Olhou de soslaio meu joelho, balançou a cabeça e disse:
 - “para um chefe, você é um moleza!”
Sorri sem retrucar e ele continuou:
-  Se você tivesse sido Escoteiro isso não teria acontecido. Faz parte desta nova safra. - Pegou seu cachimbo cujo fornilho já estava cheio e começou a soltar suas baforadas favoritas.
- Não que eu tenha nada contra com vocês (os novos) - continuou - e inclusive até admiro a força de vontade que são possuídos. Não sei porque tenho uma certa admiração pelo seu trabalho (falou com enorme esforço!) e sinto que pessoas assim fazem muita falta ao Movimento Escoteiro.
Até que enfim! - eu ouvi do "Velho" um elogio. Custou!
- "Velho", - falei - Sempre comentamos a este respeito e sua opinião não é bem clara. Costuma deixar claro sua preferência pelos que participaram como jovens na atuação em sessões e outras vezes diz que os novos são bem vindos.
- Boa pergunta! - falou o "Velho" - Vou ser bem claro no que penso a respeito.
- O Escotismo não pretende ser uma escola de chefes. Seu principal objetivo é a formação do caráter. Isto não significa que aqueles que não tiveram a oportunidade de terem sido escoteiros não o possuam. Muitas famílias, escolas e organizações similares dão esta formação até melhor do que o Escotismo.
- O que digo sempre é que já conhecemos os adultos advindos do movimento e os demais não. Tive a oportunidade de conhecer centenas, talvez milhares de adultos que incentivei e adestrei para atuarem como Escotistas.
- Muitos deles hoje estão ainda participando e outros saíram. Infelizmente alguns  metem os pés pelas mãos mas são minoria. Outros dão excelentes contribuição.
- O convite deve ser feito sempre que temos algum conhecimento de sua formação e interesse. Deve ficar claro porém que deve ser acompanhado de uma investigação rigorosa. Não deve haver motivo de desconfiança ou suspeita pôr parte do candidato e sim uma certeza de que somos um movimento sério, trabalhamos com jovens e todo o cuidado deve ser tomado para evitar erros no futuro. O investigado deve  compreender e até elogiar tal atitude.
- Todo os Grupos deveriam ter uma planilha para uma investigação cuidadosa, apesar de que o POR é bem claro a este respeito. Mas a necessidade é tanta que alguns não se preocupam e é desses que aparecem algumas figuras na liderança de um ou outro órgão que em vez de ajudar estão atrapalhando e forçando situações muitas vezes absurdas. O movimento perde com isso! 
- O adulto que quer participar como Escotista, deve saber que tem um caminho longo pela frente. Ele não pode ficar sem o adestramento básico e não basta os Cursos de Adestramento para nivelá-lo aos demais que vieram do Escotismo. As facilidades hoje são tantas, que em alguns casos ele recebe a Insígnia em um ou dois anos, sem ter o mínimo necessário (tecnicamente falando) para dirigir uma sessão.
- Não pretendo comentar agora esse assunto, mas a maneira com que a parte três da Insígnia é feita, está sujeita a erros e muitas vezes aprovando  pessoas sem condições e isso pode ser comprovado pela sessão ou órgão que o candidato dirige. Claro, torno a repetir, existem exceções e muitas.
- Veja o seu caso, durante estes anos montou em sua casa uma bela biblioteca escoteira e conhece talvez  muito mais que alguns outros que vieram do Movimento .
- Tem participado de todos os cursos que pode ser inscrito ( apesar de algumas regiões não aceitar) e eu assino em baixo a sua participação. Procura conversar não só comigo mas com todos. Conhece de cor e salteado os três livros básicos do fundador e não tem outros interesses a não ser colaborar com os jovens. Tem feito o melhor possível para melhorar sua parte técnica, pois esta é básica do adestramento e os jovens devem saber que seus chefes tem estas qualidades. Recebeu sua Insígnia e corresponde.
- Soube inclusive que foram feitos diversos convites para colaborar em outros cargos no Distrito e Região e não se interessou. Não é um “carreirista” como alguns que conheço. Sabe do seu valor e até hoje está como assistente de tropa e satisfeito com o trabalho que realiza. Isto tem validade. Como você, deve ter muitos outros. Infelizmente alguns almejam o que não tem na vida profissional e em pouco tempo estão dando “ordens” de uma maneira anti-ética, infligindo normas e criando as suas, pois a fiscalização pôr parte das regiões e da Direção Nacional deixam a desejar.
- Procure saber se temos bons dirigentes em tropas advindos de empresas de renome, onde exercem funções de gerentes, executivos ou Diretores e lá são bem sucedidos. Estes sim, seriam muito bem vindos. Mas estes dificilmente chegam. Sabem da nossa dificuldade em termos de pessoal qualificado da mais alta qualidade (sem menosprezar aqueles que estão trabalhando) e que seriam tolhidos em suas idéias na primeira oportunidade e preferem não participar.
- Procure saber de altos executivos de empresas de porte cujo destaque na imprensa e na vida nacional, principalmente aqueles que foram escoteiros quando jovens, porque não contribuem de uma forma ou de outra com o movimento. Eu mesmo conheço alguns que se mantém distantes. Porque isso? - É uma boa pergunta para os nossos dirigentes atuais.
- Olhe na política nacional. Alguém de fora do movimento está preocupado com o desenvolvimento do Escotismo? - Ele não é um movimento excelente para desenvolver a cidadania, educação extra-escolar, espírito de iniciativa, enfim, um movimento superior a qualquer outro, pois tem uma metodologia sem igual, mas que é desconhecida e poderia ser uma solução dos problemas que afligem nossa juventude e é completamente esquecido(?) (conheço um ex- Presidente da Republica que em épocas áureas foi presidente de um distrito Escoteiro. Não sei se foi procurado ou se interessou em ajudar o Movimento Escoteiro).
- Temos vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, vários que participaram do movimento. Porque não colaboram conosco? - porque não fazem proselitismo sabendo do valor do movimento? Porque? No Congresso Nacional temos bancadas de tudo, menos do Escotismo.
Nós sabemos a resposta. Infelizmente ela é bastante crua e muitos não aceitam. Estamos com alguns dirigentes bons, outros razoáveis e que infelizmente pôr falta de expressão junto à comunidade política nacional não  podem ou não conseguem fazer o proselitismo que seria necessário ao nosso desenvolvimento. Para eles, somos um movimento menor, infantil na sua maneira de ser, e desconhecem sua essência e finalidade.
- Quem sabe não temos executivos a altura para “vender o produto” e ficamos eternamente na dependência da boa vontade de um ou outro, que pôr natureza tentam a sua maneira mostrar o Escotismo com planos que nem sempre condizem com a realidade.
- Precisaríamos de Profissionais Escoteiros com formação adequada para atuarem como lobistas. Para isso é necessário termos bons projetos e conseguir alguém dentro do Congresso Nacional para levá-los adiante. Não adianta falar o que ouvi e ouço desde 1930 que somos um Movimento apolítico. Não tem nada a ver. Não precisamos nos filiar a determinado partido. Esse talvez seja um caminho o outro é desenvolver nossas potencialidades junto à iniciativa privada.
- Como fazer? - continuou - Não sei. Não sou técnico e nem sei atuar nessa área. Mas existem membros do Movimento que poderiam dar o “Chute inicial”.
Conversamos ainda pôr um bom tempo, mas não com o mesmo assunto. Pela primeira vez, vi o "Velho" se despedir, e sair alta madrugada , totalmente ao contrario da rotina das minhas visitas.
Foi bom receber a visita do "Velho" e da Vovó. Após sua saída minha esposa cansada foi dormir. Eu fiquei ainda um bom tempo pensando nos Dirigentes adultos não uniformizados do Movimento Escoteiro.
Temos um excelente produto, mas não temos quem saiba vender as pessoas certas!. Paciência!.
                                                         O...PATA...TENRA...

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